IV

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Os dias no navio foram tranquilos, o mar estava calmo. Suga passava o dia atualizando seus mapas ao longo do caminho que faziam, eles já estavam perto do vilarejo onde ele nasceu. Na sua infância, cartografou sozinho todos os lugares que conseguia chegar com o pequeno bote que seu pai tinha deixado pra trás. Seu sonho era se tornar um navegador incrível, como o pai, mesmo que só o tivesse visto poucas vezes na vida, suas conquistas eram conhecidas por todos. 

Ele sentia falta do vilarejo, das pessoas que cuidaram dele e de sua mãe, também tinha raiva de todos que o humilharam pela pobreza e por ser filho de pirata. Sentia principalmente falta do amigo, Asahi, ele era conhecido na vila por praticar pequenos furtos desde criança. Nada que machucasse alguém, ele só precisava sobreviver. Suga sempre estava com ele, brincando de pirata, distraindo as pessoas para que seus roubos fossem bem sucedidos e, claro, o acolhendo quando a comida faltava em sua casa. Foi nessa época que eles fizeram uma promessa, iriam se tornar os piratas mais ricos do mar. Asahi não queria mais perder ninguém pra fome e Suga, que perdeu a mãe pra febre, não aceitaria que um dos seus morresse por não ter acesso a um médico. 

A vida tinha sido diferente depois que foi pro navio “morar” com o pai. Não era uma adolescência normal. Os piratas cuidavam deles, mas de um jeito bruto, que muitas vezes machucava e magoava. Eles tinham aprendido a lutar e a sobreviver na base da punição e dos xingamentos. Sendo apresentados as bebidas e todo tipo de vício cedo demais pra compreenderem. Os poucos momentos de carinho de verdade eram os mais importantes, foram esses que salvaram a personalidade gentil de Daichi e o jeito alegre de Suga. 

- Terra à vista! - Daichi gritou sorrindo, tirando Suga dos seus pensamentos. Suga levantou e correu para a proa do navio. 

- Gente! Olhem! É minha Terra! Minha casa! - Ele gritava, chamando a atenção de todos. A âncora foi jogada ao mar, esse porto não era tão equipado para receber um navio grande, então deixariam longe da terra. Daichi foi até sua cabine, preparar armadilhas para qualquer um que tentasse entrar lá. Enquanto isso, Tanaka e Noya preparavam o bote que seria usado para chegar a terra.

- Tudo pronto? - Daichi falou.

- Eu posso ficar? Digo, alguém teria que ficar pra vigiar o navio

- Em você eu não confio - Daichi retrucou.

- Mas alguém tem que ficar. 

- Ele tá certo, eu fico, Capitão - Tanaka se ofereceu. 

- Ótimo, ficam os dois. Nós vamos voltar em no máximo dois dias, mas alguém vem trazer alguma coisa pra vocês, ok? - Daichi falou, colocando o chapéu na cabeça. 

- Eu ficaria sem nenhum problema - Kageyama deu de ombros, sendo ignorado pelos outros. Todos, exceto Tanaka, entraram no bote e logo ele foi largado no mar. Suga era o mais ansioso, nem sentado ele conseguia se manter. Noya e Daichi remavam. 

- Agora somos só nós dois, oh dá espada! Quer jogar baralho? - Tanaka falou, animado. 

- Não - O jeito ríspido de Kageyama o incomodava, mas ele insistiu e foi chato o suficiente para fazê-lo ceder e aceitar uma partida de carteado. 

Suga tirou as botas e pulou na água antes mesmo de atracar o barco, ele correu os últimos metros. Era revigorante sentir as águas familiares novamente.

- Finalmente! - Ele gritou, seus amigos sorriam e arrumavam o barco para conseguirem sair sem molhar os pés. Ele lavou o rosto com a água salgada.

- Você também, Noya! A água daqui é diferente! 

- Diferente? Pode beber é? - Antes que pudessem dizer alguma coisa, ele bebeu a água salgada, arrancando risadas dos outros quando cuspiu tudo com cara de nojo. 

Into the Unknown - Haikyuu em uma aventura pirataOnde as histórias ganham vida. Descobre agora