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No outro dia, Suga contou para Daichi a novidade e os dois e Asahi se dirigiram à casa de Tsukishima. Era uma casa bem construída, os pais tinham deixado uma boa herança antes de morrem, o que permitiu que os irmãos vivessem bem.

- O cheiro é muito bom - Daichi disse, se referindo ao cheiro de comida que a casa emanava.

- É, ele tá cozinhando feito louco desde que o Akiteru morreu. Só tomem cuidado, porque ele é meio agressivo também. - Asahi disse, batendo na porta.

- Relaxa, aqui tem coragem! - Suga falou. Logo em seguida, uma voz gritou que a porta estava aberta e eles entraram, Asahi foi na frente, os guiando. A casa estava recheada de comida, vários pratos com refeições completas lotavam a grande mesa de madeira.

- Ok..muito estranho - Daichi sussurrou enquanto eles iam em direção a cozinha. Lá se depararam com o loiro cortando vegetais, suas roupas estavam sujas de várias coisas e uma bandana cobria a frente dos seus cabelos.

- Hey, Tsukishima! Lembra do Suga? Ele voltou, tem uma tripulação de piratas agora - Tsukishima olhou rapidamente pra eles, com um rosto nada convidativo.

- Se não tiverem com fome, podem ir embora.

- Olha pra cá, moleque. To precisando de um cozinheiro no meu navio, partimos amanhã de manhã. Você quer entrar pra tripulação? - Daichi falou.

- Não, podem ir.

- Cara, por favor! Eu vou também, nós precisamos disso - Asahi insistiu.

- Isso, Tsukishima. Vamos! Eu juro que vai ser melhor pra você! - Suga completou, ele já tinha um prato na mão e procurava uma colher pra comer.

- Você não quer vingar a morte do seu irmão? Akiteru era o nome dele né? - Daichi disse. Uma péssima decisão. Na mesma hora, Tsukishima lançou a faca que usava na direção de Daichi, ele se abaixou milésimos de segundo antes da faca atingir seu rosto e ela se cravou na parede.

- Você tá doido?? - Daichi levantou, assustado pela faca.

- Nunca mais fale do meu irmão! - Tsukishima gritou, ameaçando pegar outra faca.

- Ele foi assassinado! Não acha que merece ser vingado??? - Daichi não tinha medo de um magrelo.

- Cala a boca! Como você poderia me ajudar com isso?

- Entra pra minha tripulação que eu te garanto que vamos caçar esse comandante - Daichi foi na direção dele, olhando fundo nos olhos com bastante confiança e autoridade.

- Aceita, Tsukishima. Eu vou tá lá, qualquer coisa a gente volta pra casa. - Asahi disse, se aproximando também. Tsukishima suspirou.

- Me ajudem. Preciso distribuir essa comida na cidade, pra quem precisa. E se vocês verem algum filha da puta da marinha, quebrem a cara dele!

- Por mim tá ótimo! To bem afim de quebrar a cara de alguém, deixa só eu comer aqui - Suga partiu pro segundo prato de comida, Daichi também se serviu. Tsukishima continuou cozinhando a sopa, as lágrimas caiam dos seus olhos e eles as enxugava antes que qualquer um pudesse ver.

Os quatro andaram a cidade toda, distribuindo comida pros mais pobres. Todos tentavam confortar Tsukishima, ele e Akiteru eram muito queridos e sempre buscavam defender a cidade das injustiças que o governo fazia, mas Tsukishima sentia cada vez mais que queria partir pro mar. Não só para vingar a morte do irmão, mas para mudar o ambiente. Era difícil se manter quando tudo o lembrava de Akiteru, dos pais e de tudo que perdeu por ser fraco. Ele precisava de um novo motivo para viver.

Na manhã seguinte, Tsukishima e Asahi já tinham suas coisas prontas, Noya e Suga estavam ajudando a levar tudo para o porto.

- Asahi! Olha! - Noya praticamente gritou, mesmo que eles estivessem lado a lado.

- O que foi??

- Aquela fruta esquisita! Eu quero aquilo! - Noya parecia encantado pela grande fruta verde e rosa.

- Você quer dizer melancia? - Asahi sorriu, não era possível que ele não conhecesse uma melancia.

- Eu quero! Aguenta aí! - Noya largou as caixas que carregava no chão e foi até a banca, comprando a maior melancia que achou. Assahi sorria, aquilo era...fofo.

- Olha só! É enorme! Deve ter gosto de nuvem! - Noya ria de pura realização. Asahi deu um jeito de carregar todas as coisas sozinho, não queria estragar o momento.

- Acho que você vai gostar quando provar!

- Ei, você não precisava levar tudo, eu conseguia ajudar!

- Relaxa, cuida da sua melancia!

- Eu amei. O pessoal vai adorar, o negócio é rosa, mano, como que pode?

- Você é bem estranho pra um pirata

- E você é bem estranho pra um ladrão!

- Justo - Os dois deram risada e foram pro navio, subindo a bordo com muita dificuldade pelo peso das coisas. Asahi se sentia estranho mesmo, Noya era uma pessoa diferente das que ele estava acostumado a conhecer.

- Ei! Atenção aqui! Vocês já se conheceram, mas quero ter certeza de apresentar. Esse é o Tsukishima, ele vai ser nosso cozinheiro e aquele é o Asahi. Agora que eles são parte da tripulação, dividam melhor as responsabilidades ai, não quero nenhum preguiçoso nessa merda! Entendido? - Daichi falou, recebendo gritos animados em resposta.

- E se eu sou o cozinheiro, não quero ninguém na cozinha sem me pedir. A cozinha é meu territorio! - Tsukishima falou.

- Que cozinheiro chato você arrumou hein! - Kageyama disse. Daichi sorria, mas Tsukishima estava o tirando do sério.

- Presta atenção, loirinho cretino, quem dá as ordens nesse navio sou eu! Respeita seu capitão!

Tsukishima revirou os olhos.

- Ok, ok, capitão. Desculpa!

O navio zarpou em direção a próxima ilha. Suga e Daichi conversavam enquanto olhavam o mapa. Noya estava sentado na proa do navio, comendo a segunda metade da sua melancia, tinha oferecido para todos, mas ninguém gostou muito. Asahi se aproximou dele com cuidado para não desequilibrar, sentando atrás dele.

- E ai? Gostou?

- Adorei! É assim que eu imagino uma nuvem! Esses pontinhos crocantes, muito bom - Noya falou antes de dar mais uma mordida.

- Você quer dizer os caroços? Sabe que não é pra comer né? - Asahi parecia assustado, com medo de que Noya estivesse falando sério.

- Olha, eu tenho um lema, se Deus colocou aqui dentro, é porque pode comer!

- Você é doido - Asahi riu, mas no fundo ainda ficava preocupado com as consequências dessa ação. Ele pegou um pedaço pra comer, sem engolir os caroços, claro.

- Sua boca é tão bonita assim, ficou meio rosa! - Noya observou, sorrindo e olhando fixamente para Asahi. Aquilo o deixou desconfortável e timido.

- Ah, entendi...

- Será que o gosto também tá bom?

Asahi parou de funcionar. Não conseguia raciocinar o que o moleque tinha acabado de dizer. Estava dando em cima dele? Dentro de um navio? O que estava acontecendo? Noya o encarava com um sorriso no rosto, quando viu que não seria correspondido, deu uma risada alta.

- Tô brincando! Nossa, você tinha que ver sua cara! - Ele parou de olhar para Asahi, antes que o homem surtasse de vergonha. 

Into the Unknown - Haikyuu em uma aventura pirataOnde as histórias ganham vida. Descobre agora