cinquenta e quatro

4.1K 391 53
                                    

NATALYA

Me ver vestida de noiva fazia com que eu me sentisse ainda mais ansiosa para o casamento.

Eu também pensava sobre a antiga Natalya. A que queria casar, mas não acreditava que aquilo fosse, realmente, um dia acontecer. Que não imaginava que alguém fosse a amar tanto aquele ponto.

Me sentia tão bem por ter me permitido aquilo. Me amar a ponto de me deixar ser amada.

Era a última vez que eu provava o vestido, antes de o usar no grande dia do casamento.

— Você tá muito bonita, tia. — Lavínia falou e eu a olhei, sorrindo agradecida.

— Você também. — Digo, olhando o vestido de daminha dela. — Está parecendo uma princesa. — Elogio e ela sorri abertamente, se balançando para ver o vestido rodar.

— Eu gostei muito dele! — Disse animada.

Rio, a olhando se balançar.

Ela e Lucca ainda não haviam me chamado de mãe. Eu tentava não ligar muito para aquilo, mas sempre me perguntava o porquê.

Talvez eu estivesse fazendo alguma coisa errada.

— O que foi? — Ouço e pisco algumas vezes, vendo ela me encarar.

— Nada. — Digo, colocando outro sorriso no rosto. — Você acha que o seu papai vai gostar do meu vestido?

— Vai sim, tia. — Sorriu.

Forcei um de volta, desviando o olhar para o meu vestido.

*

Balanço de leve o meu pé, de um lado para o outro, encarando o céu pelas frestas que os galhos e as folhas da minha árvore tinham.

Sentia saudades do meu parque. Tinha minha árvore com Philippe em Barcelona, mas não parecia a mesma coisa, apesar de eu adorar ficar lá também.

— Relembrando os velhos tempos, meu benzinho? — Ouço e olho para o lado, vendo Philippe se aproximar com um sorriso no rosto.

— É. — Murmuro e o observo se sentar ao meu lado.

— Minha mãe disse que você não estava muito legal, então imaginei que estaria aqui. — Contou. — Aconteceu alguma coisa?

— Não. — Respondo e deito a cabeça em seu ombro, entrelaçando nossos dedos e fazendo carinho na mão dele.

Sabia que ele não tinha acreditado, mas mesmo assim ele não insistiu. Ao invés disso, deixou um beijo em minha cabeça e retribuiu o carinho que eu fazia em sua mão.

Ficamos em um silêncio confortável por um bom tempo.

— Você acha que sou uma mãe ruim para as crianças? — Soltei de repente.

— Claro que não. Você é incrível com eles. — Respondeu.

— Devo estar fazendo alguma coisa errada. — Digo e levanto a cabeça do ombro dele, o olhando. — Por que eles não me chamam de mãe? — Pergunto com a voz embargada.

— Benzinho... — Falou. — Já conversamos sobre isso. Talvez eles ainda não se sintam a vontade.

— Então eles se sentem a vontade com todos, menos comigo. — Falo. — Todos já são avó, avô, tio, tia... eu nunca vou ser mamãe? Qual é o problema comigo?

— Não tem problema nenhum com você, Naty. Eles te adoram. — Disse e secou uma lágrima que rolou pela minha bochecha. — Não sei o motivo de eles não te chamarem de mãe, mas isso não quer dizer que você não seja ótima com eles.

Desviei o olhar do de Philippe, que continuou com as mãos em minhas bochechas.

— Só queria ouvir eles falando. — Murmuro.

— Eles vão falar. — Afirmou. — É só esperar um pouquinho mais.

— É, né. — Digo baixo e tiro as mãos dele do meu rosto, voltando o olhar para a frente.

Entendia que Philippe só estava tentando me consolar, mas para ele era fácil me dizer para esperar. As crianças já o chamavam de papai, ele já havia sentindo como era ouvir aquilo, mas eu não. E eu já estava esperando a um tempão.

— Vamos mudar de assunto. — Falou. — Como foi a provação do seu vestido? — Perguntou.

— Foi legal. — Respondo sem muita animação.

— Natalya...

— Eu não quero conversar, benzinho. — Digo com cuidado, tentando não parecer grossa.

— Ok. — Disse baixo. — Posso ficar aqui?

Confirmei com a cabeça e ele passou o braço pelo meu pescoço, me puxando para ele e iniciando um carinho em meus cabelos.

**
ô minha pitiquinha

Twitter ━━ Philippe CoutinhoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon