Twitter ━━ Philippe Coutinho

trinta e quatro

NATALYA

Eu encarava a tela do meu celular, lendo e relendo a mensagem no mesmo. Levantei o olhar para Philippe, que me olhava aparentemente ansioso.

— Você... — Murmuro. — Pedro? Você é o Pedro? — Pergunto e ele faz careta.

— É... — Falou. — Claramente eu menti.

— É óbvio! — Digo. — Seu nome não é Pedro, você não é professor de educação física e nada do que me contou é verdade.

— Eu não menti o tempo inteiro, eu...

— Você mentiu sim. — O interrompo e me levanto. — Por que? — Pergunto.

Philippe fechou o sorriso que tinha no rosto, inclinando a cabeça para o lado e me olhando confuso.

— Não está feliz em saber que sou eu? — Perguntou.

— Por que mentia? — Insisto.

— Porque parecia ser a melhor opção. — Falou e eu levantei uma sobrancelha. — Olha, eu odiava entrar no meu Twitter oficial, sempre tinha um monte de gente falando coisas sobre mim e, mesmo que eu tentasse não entrar, eu sempre entrava e passava horas lendo tudo.

— Então criou um fake?

— Sim. Eu achei que seria um bom lugar para se distrair apenas vendo bobagens e desabafando sobre a vida, mas ninguém saberia que era eu. — Explicou. — Aí você respondeu um tweet meu e começou tudo isso aí que você já sabe.

— Por que não me falou pelo menos o seu nome verdadeiro? Meu Deus, eu fiquei te chamando de Pedro por um tempão. — Falo.

— Se eu te falasse o meu nome, você iria pesquisar e claro que iria achar coisas.

— Poderia ter sido apenas o primeiro nome. — Digo. — Eu não menti o meu nome para você.

— Tá, Natalya, mas você é uma ninguém, então não tinha problema nenhum você deixar o seu nome lá! — Exclamou.

— O que foi que disse? — Pergunto baixo.

— Que você... — Ele parou, apertando os olhos. — Eu quis dizer que você...

— Sou uma ninguém. — Repito.

— Não, não é isso. Só quis dizer que você não é famosa, por favor, não confunde as coisas. — Disse.

— Não estou confundindo nada, foi o que você acabou de dizer. — Falo séria.

— Eu não quis falar aquilo. Não vamos discutir por isso. — Pediu. — Eu achei que ficaria feliz em saber que o Pedro na verdade sou eu.

— E eu achei que fosse alguém pra você. — Retruco.

— Naty, por favor...

— Não. — O interrompo. — Philippe, eu conversava com um cara que não existe. Você mentiu esse tempo todo pra mim e agora conta como se estivesse tudo bem, mas não tá. Nada foi real?!

— Foi, só que...

— E além de mentir pra mim você acabou de dizer que eu sou uma ninguém. — Falo por cima dele. — Ok que eu não sou a mulher mais famosa do mundo, ou melhor, nem famosa sou, e também nunca fiz nada realmente importante, mas isso não quer dizer que eu não seja alguém!

— Eu sei, benzinho, eu me expressei mal. — Falou e se aproximou. — Esquece isso.

— Esquece isso? — Repito baixo. — Você não vai nem pedir desculpa?

Philippe me olhou por um tempo e então suspirou.

— Desculpa. — Pediu.

O olhei, não sentindo um pingo de verdade no pedido. Claramente só havia o feito porque eu falei.

Senti um bolo em minha garganta e pisquei algumas vezes, querendo afastar as lágrimas que estavam prestes a encher os meus olhos.

— Dá licença. — Murmuro e desvio dele, saindo do quarto do mesmo e batendo a porta.

Caminho até a sala, escutando ele me chamar e ignorando.

Também escutei dona Esmeralda falar algo comigo, mas ignorei, saindo dali.

*
PHILIPPE

Parei na frente da porta da sala, depois de Natalya também ter a batido com força praticamente na minha cara.

— Coitada da minha porta. — Ouvi minha mãe falar e senti ela se aproximar de mim. — E de mim.

— Por que? — Pergunto, olhando para a porta.

— Porque a Naty me ignorou. — Respondeu. — Ela nunca me ignorou, somos amigas. Agora fiquei chateada.

Eu respirei fundo e passei as mãos no rosto, esfregando o mesmo.

— Philippe, você fez alguma coisa? — Ela perguntou e eu confirmei com a cabeça, ainda com as mãos no rosto. — Meu filho...

— Eu já sei, mãe, sou um idiota. — A interrompo. — Vou sair.

Não dei tempo dela me responder, saindo pela porta e batendo ela também.

— Coitada da minha porta. — Ela falou um pouco mais alto.

*
NATALYA

natcomy
um fracasso, como eu disse antes.

**
🙂