cinquenta e três

3.9K 375 123
                                    

NATALYA
dois meses depois

— Eu não quero entrar naquilo. — Lavínia falou, abraçando a minha perna e olhando para um avião.

Nós estávamos esperando o horário do nosso voo. O meu casamento com Philippe já estava próximo, portanto já estávamos indo para o Brasil, onde tudo iria acontecer.

— Por que não? — Pergunto.

— É muito grande. — Disse. — Eu não quero. — Repetiu com medo.

— Não precisa ter medo, meu amor. — Philippe falou para ela, se agachando próxima à mesma. — É legal voar.

— Não gosto de voar.

— Mas você nunca voou, como sabe que não gosta? — Perguntou e Lavínia fez cara de pensativa.

— Não gosto. — Repetiu e cruzou os braços, aparentemente brava.

Philippe riu, apertando a bochecha dela. Não dava para levar ela a sério quando fazia carinha de brava.

— Se você sentir medo, você pode apertar bem forte a mão do tio. — Ele disse, estendendo as mãos para ela. — Prometo que não vou deixar nadinha acontecer com você.

— Jura, jura?

— Juro, juro. — Philippe respondeu.

— Tá bom. — A pequena disse baixo, esticando os braços e pedindo colo.

Philippe sorriu e se levantou, a pegando no colo em seguida.

— Eu quero ser piloto de avião! — Lucca falou, se afastando do vidro e aproximando-se da gente. — Posso?

— Claro que pode. — Respondo. — Você pode ser o que quiser. — Digo e passo a mão no cabelo dele.

— Vou ser um monte de coisa! — Disse animado e eu ri.

[...]

Lavínia realmente morria de medo de avião. Ela chorou por um bom tempo, mesmo com Philippe tentando a acalmar dizendo que estava tudo bem. No fim, ela dormiu, agarrada ao braço dele.

Diferente dela, Lucca havia adorado tudo. Não parava de olhar pela janela e falar que era muito legal estar no céu.

— Como é o Brasil? — Ele perguntou de repente, voltando a atenção pra mim.

— É bem legal. — Respondo. — Você vai gostar.

— Vou ver as vovós?

Rio com a pergunta. Minha mãe e a minha sogra fizeram questão de se apresentarem como avó para eles. Nenhum dos dois nos chamavam de papai e mamãe ainda, mas nossas mães já eram chamadas de vovó.

— Vai sim. Elas estão morrendo de ansiedade para conhecer vocês. — Conto e ele sorri.

— Também quero ver elas. — Falou e voltou a atenção para a janela. — Acho que eu cansei, tia.

— Quer dormir um pouquinho? — Pergunto e faço carinho na cabeça dele.

Ele confirmou e se deitou na poltrona, apoiando a cabeça em meu colo. Continuei com o carinho, não demorando para ver Lucca pegar no sono.

*

Amarro o meu cabelo em um coque alto, enquanto olhava o movimento do aeroporto brasileiro.

Lucca estava sentado do meu lado esquerdo, tomando um suco de caixinha, e Lavínia do lado direito, olhando o movimento como eu.

— Cadê o meu pai? — Perguntou e eu me virei para ela, piscando algumas vezes.

— Que?

— O papai. Pra onde ele foi?

Sorri abertamente ao ouvir ela falar "papai".

— O papai foi buscar nossas malas. — Respondo. — Ele já deve estar voltando. — Completo e passo a mão pelo cabelo da mesma, que estava meio desgrenhado.

Continuamos esperando por Philippe, que realmente não demorou muito para voltar.

— Vamos pra casa? — Perguntou e Lavínia foi a primeira a pular do assento.

— Papai, eu quero colo. — Pediu, o olhando como um cachorrinho abandonado.

Philippe ficou a encarando por um tempo.

— Você me chamou de papai?! — Ele perguntou e ela confirmou com a cabeça. — Você me chamou de papai!

Rio, vendo Philippe a pegar no colo e deixar vários beijos pelo rosto da menina, que riu.

— Ouviu, benzinho? — Me perguntou com um sorriso enorme no rosto.

— Ouvi. — Confirmo, também sorrindo. — Papai da Lavínia.

— É o meu papai também! — Lucca disse bravo e eu ri.

— Claro que sou! — Meu noivo disse rapidamente, se aproximando do menor. — Sou papai de vocês dois. — Completou e pegou Lucca no colo também.

Sorri com a cena, sentindo um quentinho no coração. Estava feliz por eles, por se sentirem confortáveis em chamar Philippe de pai. Também estava feliz por ele, que ficou todo bobinho ao ouvir.

Tinha que confessar que senti uma pontinha de ciúmes.

Quando eles vão me chamar de mamãe?

*

Ouvi a porta do quarto ser aberta e olhei para a mesma, vendo Philippe entrar.

— Dormiram? — Pergunto baixo, brincando com o lençol.

— Sim.

— Eles amam suas histórinhas. — Digo e ele sorri, se deitando ao meu lado.

Me virei para ele, que deixou um selinho em meus lábios.

— Tudo bem? — Perguntou e fez carinho em minha bochecha.

— Eu fiquei muito feliz por você e pelas crianças, quando eles chamaram você de papai. — Falo baixo. — Só que senti um pouquinho de ciúmes. — Sussurro envergonhada e ele ri.

— Benzinho!

— Me sinto mal por isso, desculpa, mas não consegui evitar. — Digo. — Quando eles vão me chamar de mamãe?

— Logo, logo, meu amor. — Respondeu. — Não precisa ficar com ciúmes, as crianças amam você, só não tiveram coragem para te chamar de mamãe ainda, mas você é a mãe deles, e faz isso muito bem.

— Está certo. — Murmuro e ele sorri, juntando nossos lábios outra vez.

— Mas eles gostam mais de mim, você sabe, né? — Perguntou.

— Philippe! — Resmungo e ele ri. — Para.

— Você é muito lindinha com ciúmes, benzinho. — Sussurrou, me enchendo de beijos.

Derreti como uma manteiga. Amava quando ele distribuía beijos por todo o meu rosto.

Philippe fazia eu me sentir a mulher mais amada do mundo. E eu era mesmo.

**
que luta que foi pra eu conseguir terminar esse capítulo
não queria sair de jeito nenhum

mas tá aí 🥰🥰🥰

Twitter ━━ Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora