Capítulo 37 - Oito Anos

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Como prometido, Marcos me deixou em casa.

Aproveitei a tarde para para arejar a cabeça e expulsar aquele sentimento ruim de dentro de mim.

A porta da sala se abriu e olhei para ver quem entrava.

Ana apareceu sorridente.

-Ah, que saudade - ela disse me abraçando apertado.

Eu estava precisando disso. Precisava de um abraço que me trouxesse segurança.

Meus olhos não demoraram muito para se encherem de lágrimas e Ana logo notou minhas fungadas.

-O que aconteceu? - ela perguntou, preocupada.

Eu não consegui falar, apenas desabei de chorar.

Quando finalmente me acalmei contei toda a novela mexicana dos últimos dias. Ana ouvia calmamente cada detalhe.

-Eu conheço meu irmã, Emma, não acho que ele tenha algum envolvimento com nenhuma delas - ela falou.

Dei de ombros.

-Eu também sei que ele não seria capaz, mas diante de tudo isso que aconteceu... - eu suspirei.

Ela me olhou, pensativa.

-No dia em que eu fui embora, conversei com ele sobre você - ela me contou. - Ficou bem na cara quando ele te olhava enquanto dormia... Ele a amava.

Eu a olhei, sem emoção. Me lembro de fragmentos dessa conversa, mas não quis lhe contar que estava ouvindo escondida.

-Mas é complicado, Ana - eu disse.

Ela suspirou.

-E o que vai fazer com relação a Marcos? - perguntou.

-Ele já sabe que tenho sentimentos com relação a Antônio, então não tenho muito o que fazer - eu disse.

Ela sorriu, condizente.

-E quando vai falar com Antônio? - ela se deitou na cama.

-Nunca? - eu disse em meia voz.

Ela riu um pouco.

-Para de drama, você gosta dele e precisa ser sincera com seus sentimentos - ela me deu um sermão.

Não adiantava discutir com Ana, ela era teimosa e não aceitava um não como resposta.

-De toda a forma, ele estava com a siliconada da Amanda hoje - eu falei.

-As vezes é algum assunto importante - ela falou, procurando alguma solução.

-Ainda assim, é foda - eu disse. - Não quero ser a traída mais uma vez.

-Meu irmão jamais te trairia, Emma - ela falou. - Ele a ama.

-Por favor, Ana, sei que ele é seu irmão, mas nem namorando estamos - falei. - Eu sei que pareço uma criança agindo assim, mas não tenho como evitar o ciúmes.

Ela suspirou. Seu telefone vibrou algumas vezes e ela o pegou. Perdi sua atenção para as mensagens que chegavam.

Suspirei.

Encarei o teto, perdida em pensamentos.

-Você já tem um plano? - perguntou Ana, de repente.

-Sem plano algum - eu disse.

-Se quiser, posso te ajudar - ele falou.

Isso acendeu um alerta em minha cabeça. Quando Ana usava a palavra 'ajuda' em uma frase, sempre era seguido de um de seus planos mirabolantes.

O Irritante do Quinto AndarOù les histoires vivent. Découvrez maintenant