Capítulo 35 - Por favor, Emma

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Encarei Larissa, que carregava Antônio pelos ombros.

Ele estava cambaleando de tão bêbado e o cheiro de álcool já estava por toda a parte.

-Shhhh - ele falava para ela. - Você vai acordar a Emma.

Ele ria descontroladamente.

-É você quem vai acorda-la - ela sussurrou para ele.

Ele riu ainda mais.

-Você é engraçada - ele falou.

Mais gargalhadas.

Até mesmo Larissa se entregou a comédia da situação.

Eles ainda não haviam me notado e Larissa lutava contra a trava da porta enquanto tentava equilibrar o enorme corpo de Antônio.

-Não se mexa - ela o repreendeu.

-Oh! Mas você não reclamou dos meus movimentos hoje - ele disse brincalhão.

Mais gargalhadas.

O rumo que aquela conversa estava tomando não me agradava.

Me levantei e passei na frente da dupla dinâmica, indo em direção ao meu quarto.

-Ahhhh! - exclamou Larissa, assustada fazendo com que eu parasse no meio do caminho. - Eu não tinha te visto, Emma.

Ela estava corada e pelo comportamento eu sabia que também tinha bebido.

-Boa noite - eu disse retomando a caminhada.

-Emma - ela me interrompeu. - Não é nada disso que está pensando.

Eu ri sarcasticamente.

-Engraçado como nunca é o que eu estou imaginando - eu disse.

-Por favor, não entenda errado - ela falou.

Antônio me olhava e quando pareceu finalmente me reconhecer, veio em minha direção.

-Emma, é a Emma - ele falava.

Eu o empurrei.

-Acho que você pode cuidar dele - eu falei.

Eu me desvencilhei de Antônio e corri em direção ao meu quarto.

As lágrimas já estavam descendo antes mesmo que eu as pudesse controlar.

Naquela noite quase não dormir. Acordei com os olhos pesados e com o corpo dolorido.

Enquanto ia para o banheiro, escutei uma conversa vindo da sala e me aproximei.

-Meu Deus - Antônio exclamava em desespero.

-Se controla - Larissa dizia.

Então ela havia dormido aqui? Provavelmente nos braços de Antônio.

-Emma, bom dia - ela falou ao me ver.

Antônio virou rapidamente.

-Emma, me deixa explicar - ele disse desesperado.

-Não precisa explicar nada - eu o cortei.

Olhei para os dois com o melhor olhar de desprezo que consegui.

-Espero que a noite de vocês tenha sido boa - eu disse com meus olhos fixos na camiseta vermelha de Antônio que estava no corpo de Larissa.

Ela pareceu perceber o que me tomou a atenção e tentou esconder com as mãos a peça.

-Emma, ele vomitou na minha roupa, só isso - ela falou.

Antônio pareceu perceber do que falávamos e seus olhos se arregalaram em preocupação.

-Emma, por favor, me de cinco minutos para explicar - ele começou caminhar em minha direção.

Levantei a mão, indicando que parasse.

Eu não tinha estômago ou psicológico para ouvir suas desculpas naquele momento.

Eu estava presa em meus questionamentos e confusa naquele momento.

As coisas que ouvi na noite passada.

-Eu não preciso das suas explicações - falei. - Você deixou bem claro ontem.. como é que falou mesmo?... Ah, Larissa não reclamou dos seus movimentos.

Eu dei de ombros e voltei a caminha para o banheiro.

Deixei Antônio parado, perplexo e ouvi Larissa se aproximar para lhe explicar do que de tratava.

Eu o ouvi proferir alguns xingamentos.

-Emma - ele batia na porta do banheiro. - Por favor, Emma.

Ele chorava?

-Me deixa em paz - eu gritei.

Isso pareceu surtir efeito, pois em seguida eu não ouvi mais nada vindo do corredor.

O Irritante do Quinto AndarWhere stories live. Discover now