Irresistível

09.

João Lucas narrando:

Cheguei em casa ainda de manhã, 11h. Tomei uma ducha demorada, vesti uma bermuda qualquer e capotei na cama.

Estava num sono maravilhoso, quando sinto alguém me cutucando nas costas.

- Acorda, Lucas. Anda!

- Me deixa dormir – resmunguei e coloquei o travesseiro no rosto, mas logo o tiraram de mim. – Ih, mas que saco, me deixa quieto.

- Larga essa preguiça na cama e vamos pra Praça! – acabei reconhecendo a voz como sendo a do Caio.

- Cara – eu disse, dessa vez já olhando-o – eu acabei de sair da sua casa e você já tá com saudades?

- Olha as ideias erradas. Levanta logo dessa cama, já dormiu demais.

- Posso saber por que você tá tão desesperado assim pra me tirar daqui?

- Sim, meu amigo. Hoje tem festa na Praça.

- Duvido de comece agora.

- Tudo bem, começa às 13h, mas se eu não te acordar agora, você não acorda a tempo.

- 13h? A festa começa 13h e você está me acordando agora?

- Para de reclamar, levanta. – Caio puxou minhas cobertas e abriu as cortinas.

- Todos os dias eu me pergunto como sou seu amigo.

- Você me ama, cala a boca. Anda, vai se arrumar que ainda tenho que passar na casa da Marcela.

- Quem é Marcela?

- No caminho eu te conto.

Resmunguei mais um pouco, mas como não tinha opção, acabei levantando e me arrumando. Como era dia, vesti uma bermuda clara e uma camisa azul marinho. Passei perfume, calcei um tênis branco e logo estava pronto. Avisei a Ma que estava saindo, peguei meus documentos e fomos.

- Quem é essa Marcela que nós vamos pegar? – Caio, como um bom folgado, me obrigou a ir dirigindo no meu carro. Não posso nem beber, inacreditável.

- Marcela é a prima de uma garota da nossa faculdade que estava no churrasco ontem.

- Ah, ajudou muito.

- Você nem deve se lembrar dela, estava bêbado demais.

- Eu sempre estou bêbado demais, mas eu também sempre me lembro das coisas.

- Mentira, você não lembra da Isabelle. – pronto, foi só ele falar o nome “Isabelle” que imagens dela apareceram na minha mente.

- Isso é uma exceção.

- Por falar em Isabelle – ele se virou pra mim. – você já conversou com ela de novo?

- Ainda não.

- Isso pode mudar hoje. Ela também tá indo pra Praça.

- Como você sabe disso?

- Eu ainda mantenho contato com a Flávia e ela me disse que vai e a Isabelle é grudada na Flávia, então ela também vai.

- E por que você está me dizendo isso?

- Você acha que eu não sei do seu amor platônico pela Belle?

- O que? Amor platônico? – eu disse, praticamente gritando.

- Tô zuando, calma.

- Olha as coisas que você brinca, Caio.

- Ih cara, tá nervoso por que? Tá com medo de ser verdade?

- Amor e João Lucas são duas palavras que não combinam na mesma frase. Você sabe muito bem disso.

- É verdade, eu sei.

- Ótimo.

- Mas tudo pode mudar. – ele falou isso bem baixo, na intenção que eu não escutasse, mas eu acabei escutando e essa frase ficou martelando na minha cabeça. Eu nunca me apaixonei por ninguém e não vai ser uma mulher que vai mudar isso.