08.

1.8K 103 3
                                    

Isabelle narrando:

Acordei no dia seguinte às 10h da manhã. Olhei pro lado e Flávia continuava dormindo na cama de baixo. Virei pro outro lado e tentei dormir novamente, mas tudo o que eu conseguia pensar era no João Lucas tirando o tarado do Gabriel de perto de mim. Não conseguia explicar, mas aquela cena não saia da minha mente e foi um dos motivos da minha insônia na noite passada.

Revirei na cama até ás 11h, quando decidi levantar e encarar a vida. Fui ao banheiro, fiz minha higiene matinal e voltei pro meu quarto. Enquanto procurava uma roupa pra vestir, a Flá acordou.

- Bom dia – ela disse sonolenta e eu acabei rindo.

- Bom dia amiga. Se quiser, pode dormir mais.

- Quantas horas são?

- Agora são – olhei as horas no celular e acabei vendo que tinham várias mensagens no WhatsApp – 11:15h.

- Nossa, já está tarde. Tenho que arrumar minha casa.

- Até hoje você não deu uma geral naquela casa? – eu disse rindo.

- Não – ela disse choramingando. – Por isso eu quero tanto que você venha morar comigo.

- Ah, e eu iria virar sua empregada? Muito esperta você. – nós rimos.

Eu e a Flávia moramos sozinhas em Belo Horizonte, cada uma no seu apartamento. Não moramos no mesmo bairro, mas eles não são longe um do outro. Já cogitamos a possibilidade de morarmos juntas, principalmente pelo fato de minha casa ser mais perto da faculdade e da Flávia não conseguir, sozinha, manter uma casa organizada. O problema é que no contrato de aluguel da Flá tem uma cláusula que diz que se o contrato for desfeito antes do tempo, uma multa teria que ser paga, e a Flá não tem o dinheiro pra pagar a multa. A boa notícia é que o contrato já está quase acabando, e logo estaremos morando juntas.

Fomos pra cozinha tomar nosso café da manhã enquanto conversávamos sobre assuntos diversos.

- E o churrasco de ontem, amiga? – Flávia iniciou o assunto que eu não queria que fosse lembrado.

- Nem me fale. Aquele tarado do Gabriel não me sai da cabeça.

- O tarado do Gabriel ou o Lucas tirando o tarado do Gabriel de cima de você? – ela perguntou como se já sabia a resposta. E ela estava certa.

- Como você me conhece tão bem?

- São anos de convivência, Belinha. – ela riu e eu fiz careta. – Mas eu estou certa, não estou?

- Se eu falar que sim você muda de assunto?

- Claro que não! – ela se animou e sentou-se mais perto de mim. – Me conta mais sobre isso.

- Não tem mais nada pra ser contado.

- Você sabe que não consegue mentir pra mim, Isabelle.

- O que você quer que eu diga? Que eu passei a noite pensando em uma pessoa que eu não suporto desde que me conheço por gente?

- Sim! Você acabou de admitir o que eu sempre soube.

- Sempre soube?

- Eu sempre soube que vocês foram feitos um pro outro. – ela falou isso com uma voz apaixonada que me deu medo.

- Nós nunca nem conversamos, Flávia. Deixa de bobeira.

- Quem tá de bobeira é você, deixando um cara como o Lucas passar.

- “Um cara como o Lucas?” Me ajuda aí, né. Se pelo menos estivéssemos falando do Diego...

- Você sabe que o Diego é meu – ela me interrompeu.

- Então vai lá e pega o homem.

- Eu sou loira, mas não sou burra. Não tente mudar o assunto.

- Não estou mudando de assunto, até porque o assunto Lucas já acabou há muito tempo.

- Tudo bem, você que sabe. Mas saiba que ficar negando esse sentimento pra si mesma não vai te fazer bem.

- Não existe sentimento nenhum Flávia, para de falar besteira. – fiquei irritada e saí da cozinha.

Às vezes a Flávia insiste em certas coisas que não tem fundamento. Eu nunca tive nenhum interesse por ele e nem ele por mim, não vai ser agora que isso vai mudar.

IrresistívelWhere stories live. Discover now