Capítulo XXXVI

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— Thalia, aconteceu alguma coisa?

— Por que não me contou nada? — perguntou, dando um abraço apertado em Eden. — Você e Kaleb os trouxeram de volta!

— Eles acharam o caminho sozinhos. Nós só os encontramos na floresta.

— De qualquer forma, eles voltaram! — Ela a apertou ainda mais. — E se você está tensa por causa da princesa e da garota que estão aqui, não se preocupe, eu vim ajudar.

— Thalia! Quem te contou?

— Finrod — respondeu e sorriu. — Ei, desçam! Não precisam se esconder.

Eden levou uma mão à testa e bufou, a garota abraçou seu braço livre, animada:

— É um prazer conhecê-las. Pessoalmente, quero dizer — acrescentou ao olhar para Selene. — Você é...?

— Marylia, o prazer é meu. — Ela estendeu a mão para cumprimentá-la.

— Ótimo! Seja bem-vinda, Vossa Alteza.

— Obrigada, mas eu sou apenas a Selene.

— Muito bem — disse Thalia, com um sorriso tenso. — O que acham de contar um pouco de toda essa história, hein?

— Seria ótimo, mas elas devem estar muito cansadas — interviu Eden.

— Não estamos — responderam, em uníssono.

Eden lançou-as um olhar cortante, enquanto Thalia sorriu, afável. Elas foram para o pequeno anexo onde ficava a cozinha e sentaram-se na mesa.

— Fico feliz que tenham vindo, os últimos dias não foram muito alegres no vilarejo.

— O que aconteceu? — perguntou Marylia, e logo acrescentou: — Se não se incomodarem de nos dizer.

— Uma grande amiga nossa não resistiu ao incêndio que ocorreu aqui. Ela se foi ontem à noite. Estou tentando me distrair. — Thalia baixou o rosto, e seus olhos reluziram à luz das velas, molhados.

— O incêndio causado por meu pai, não é?

Ninguém disse nada, até mesmo Eden desviou o rosto. Selene continuou:

— Sinto muito. — Ela fez um longo silêncio. — Eu sei que não vão tornar as coisas melhores, mas ele já está morto.

Novamente, todas permanceram caladas. O clima mais animado de antes havia desaparecido e os assuntos mórbidos derramavam-se sobre a mesa, sem que elas pudessem contê-los. Às vezes não há nada bom a ser dito, de qualquer forma.

— Se ele está morto, o príncipe assumirá o trono. Antes estávamos naufragando, agora, estamos afogados — disse Marylia, sombria, abraçando o próprio corpo.

— Meu irmão foi preso por matar meu pai. Não creio que ela tomará posse da coroa tão cedo.

— Nessas horas, ser órfã não parece tão ruim assim — disse Thalia, e todas riram por um bom tempo, apesar da tensão. Até Marylia sorriu, em meio a uma careta de incredulidade.

— Selene, como? — perguntou a moça.

— Eles nunca ligaram muito para mim, então eu cresci com um pouco mais de liberdade. Acho que é por isso que eu não sou tão... horrível. Mas não vou negar, sobreviver dezesseis anos naquele castelo foi difícil, para dizer o mínimo.

— Como você veio parar aqui? Sua vida deve estar de cabeça para baixo.

Selene concordou, e explicou toda a história. Ela ouviram, atentas, interrompendo apenas para lançar interjeições.

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