— Thalia, aconteceu alguma coisa?
— Por que não me contou nada? — perguntou, dando um abraço apertado em Eden. — Você e Kaleb os trouxeram de volta!
— Eles acharam o caminho sozinhos. Nós só os encontramos na floresta.
— De qualquer forma, eles voltaram! — Ela a apertou ainda mais. — E se você está tensa por causa da princesa e da garota que estão aqui, não se preocupe, eu vim ajudar.
— Thalia! Quem te contou?
— Finrod — respondeu e sorriu. — Ei, desçam! Não precisam se esconder.
Eden levou uma mão à testa e bufou, a garota abraçou seu braço livre, animada:
— É um prazer conhecê-las. Pessoalmente, quero dizer — acrescentou ao olhar para Selene. — Você é...?
— Marylia, o prazer é meu. — Ela estendeu a mão para cumprimentá-la.
— Ótimo! Seja bem-vinda, Vossa Alteza.
— Obrigada, mas eu sou apenas a Selene.
— Muito bem — disse Thalia, com um sorriso tenso. — O que acham de contar um pouco de toda essa história, hein?
— Seria ótimo, mas elas devem estar muito cansadas — interviu Eden.
— Não estamos — responderam, em uníssono.
Eden lançou-as um olhar cortante, enquanto Thalia sorriu, afável. Elas foram para o pequeno anexo onde ficava a cozinha e sentaram-se na mesa.
— Fico feliz que tenham vindo, os últimos dias não foram muito alegres no vilarejo.
— O que aconteceu? — perguntou Marylia, e logo acrescentou: — Se não se incomodarem de nos dizer.
— Uma grande amiga nossa não resistiu ao incêndio que ocorreu aqui. Ela se foi ontem à noite. Estou tentando me distrair. — Thalia baixou o rosto, e seus olhos reluziram à luz das velas, molhados.
— O incêndio causado por meu pai, não é?
Ninguém disse nada, até mesmo Eden desviou o rosto. Selene continuou:
— Sinto muito. — Ela fez um longo silêncio. — Eu sei que não vão tornar as coisas melhores, mas ele já está morto.
Novamente, todas permanceram caladas. O clima mais animado de antes havia desaparecido e os assuntos mórbidos derramavam-se sobre a mesa, sem que elas pudessem contê-los. Às vezes não há nada bom a ser dito, de qualquer forma.
— Se ele está morto, o príncipe assumirá o trono. Antes estávamos naufragando, agora, estamos afogados — disse Marylia, sombria, abraçando o próprio corpo.
— Meu irmão foi preso por matar meu pai. Não creio que ela tomará posse da coroa tão cedo.
— Nessas horas, ser órfã não parece tão ruim assim — disse Thalia, e todas riram por um bom tempo, apesar da tensão. Até Marylia sorriu, em meio a uma careta de incredulidade.
— Selene, como? — perguntou a moça.
— Eles nunca ligaram muito para mim, então eu cresci com um pouco mais de liberdade. Acho que é por isso que eu não sou tão... horrível. Mas não vou negar, sobreviver dezesseis anos naquele castelo foi difícil, para dizer o mínimo.
— Como você veio parar aqui? Sua vida deve estar de cabeça para baixo.
Selene concordou, e explicou toda a história. Ela ouviram, atentas, interrompendo apenas para lançar interjeições.
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O Encanto da Lua
FantasySelene Delaney cresceu na terrível e poderosa família regente do Reino de Yndermoor, um dos membros da aliança formada pelo Império Kratoria. Herdeira de uma importante linhagem, ela deveria seguir os passos marcados por sangue e corrupção que havi...