— Você disse que me amava e me beijou, Lucy? — pergunto.

Ela retesa seu corpo e se levanta. Quando olha em minha direção, muda sua expressão. Eu sei que algo sério está por vir, porque ela esfrega uma mão na outra.

— Sim, eu disse e o beijei, porque é verdade, você sempre será o amor da minha vida. O meu melhor amigo e meu irmão. Não um amor no sentido romântico, porque há muitas formas de amar — Lucy responde, sorrindo.

Sorrio para ela, porque sei que no fundo ela tem razão. Eu também a amo, ela é a minha irmã.

— Quando Ash volta? — pergunto curioso, depois de saber que Ash saiu do país com seus pais depois de tudo o que aconteceu, e não há notícias dela desde então.

— Semana que vem. Hannah disse que ela está imensamente feliz por você ter acordado e quer voltar para te ver. — Lucy faz uma pausa e me encara, voltando a falar logo em seguida. — Ash e eu achamos que tínhamos te perdido, Sebastian, foram dois longos meses de angústia.

Ela se entristece ao falar, mas não a julgo. Depois de uma conversa com um neurocirurgião, ele me disse que eram de trinta por cento as chances de eu recobrar a consciência.

— Eu ainda tenho um assunto pendente a resolver — falo, me lembrando de Kate.

— Kate. Boa sorte para você.

Lucy fala e sorri, jogando o corpo para trás e, quando suas mãos passam pelo cabelo, noto algo que não havia notado quando saí do hospital. Um anel em seu dedo. Isso me deixa curioso.

— Vou precisar. Você está comprometida, Lucy? Quando que isso aconteceu?

Ela fica vermelha e quem diria que Lucy pudesse corar por alguém. Algo me diz que essa história de Lucy tem muito mais do que ela vai me contar.

— Sim, noiva de Ander, nos casaremos logo, no fim do ano — Lucy fala, dando de ombros.

— Não tem algo errado? Você não é a Lucy que eu conheço. E quem diabos é Ander? — indago curioso.

Ela joga o travesseiro em minha direção, me acertando, é tão bom estar assim com alguém. Rimos como há muito tempo não fazíamos.

— Ander é uma longa e trágica história e, bem, se Sebastian Vettel encontrou o amor, por que Lucinda não pode? — ela questiona, sorrindo.

— Um dia você vai me contar a sua história com esse Ander? — pergunto.

— Um dia, mas hoje não é o dia — Lucy fala dando o assunto por encerrado.

Colocamos a conversa em dia durante os dias que se seguem. Meu pai e Charlotte, a quem eu passei a chamar de mãe, me mimam de uma maneira épica.

Havia acabado de acordar. Eu em uma cama de hospital parecia a minha sina. Não há ninguém aqui comigo, fecho os olhos novamente. Merda, eu deveria ter continuado com os olhos fechados!

Meu pai estava ao meu lado e, logo que eu acordei, fui levado para fazer uma bateria de exames, eu não gostei disso, queria sair e ir direto atrás da minha loirinha.

Meu pai estava muito atarefado agora que as eleições começaram, não posso exigir mais dele. Quando voltei dos exames, meu pai não estava mais no quarto, já que ele havia saído para atender um telefonema.

A porta se abre e vejo Charlotte entrar e seu rosto estampa preocupação.

— Ah, meu filho, eu fiquei com tanto medo de te perder — Charlotte fala no calor da emoção e me abraça.

— Você me chamou de filho! — falo, abrindo um sorriso.

Charlotte retesa quando falo que ela havia me chamado de filho, a porta do quarto abre e meu pai retorna.

— Desculpe, Sebastian, eu sei que você não gosta de me ver no lugar da sua mãe, mas foi involuntário. Para mim você é meu filho.

Charlotte fala nervosa e meu pai passa a mão pela cintura dela, em uma tentativa de tranquilizá-la.

— Você não precisa se desculpar, mãe — falo e sorrio.

Eu sei que ninguém vai ocupar o lugar da minha mãe, Charlotte está surpresa e ela não consegue evitar as lágrimas. Meu pai me olha com os olhos marejados e eu sei que dei um passo maior em nossa relação.

— Meu filho... — Meu pai começa a falar e interrompo.

— Pai, já está na hora de eu ter uma mãe e não vejo uma mãe melhor do que Charlotte — digo.

— Eu estou tão feliz, Sebastian, prometo ser a melhor mãe para você — Charlotte assegura.

Charlotte me puxa para um abraço e agora me sinto completo de verdade com minha família.

Há doze meses eu jamais teria me imaginado nessa situação, mas, como dizem, no destino ninguém manda.

*

— Aonde você vai? — Charlotte pergunta, enquanto termina de se arrumar para mais um trabalho, uma daquelas novelas água com açúcar que todos gostam.

— Até o colégio — respondo e abro um sorriso.

— Mas a diretora disse que você pode fazer as atividades em casa, depois de tudo o que aconteceu — Charlotte fala, confusa.

— Mãe, só tem um motivo pelo qual eu vou à escola e, com certeza, não é para estudar, até parece que não me conhece — respondo sarcasticamente.

Charlotte ainda enche os olhos de água quando a chamo de mãe. Ela sorri, porque já me conhece, levanta e me entrega um envelope e, quando abro, tem uma chave.

— O que é isso? — pergunto, curioso.

— Seu presente, não do seu pai, esse é meu e nada de amarelo — Charlotte responde, sorrindo.

Quando saio há uma Ferrari conversível preta na frente de casa, corro em direção a ela e entro.

Charlotte vem sorrindo em minha direção.

— Que bom que gostou e nada de correr. Eu dei, eu tiro — ela fala, revirando os olhos.

Faço uma careta, saio de dentro e abraço-a com força.

— Está bom, já agradeceu o suficiente — ela fala, sorrindo e me dando tapinhas nas costas.

— Valeu, mãe! Você é a melhor! Amo você. — Pisco para ela.

E pronto, é o suficiente para vê-la derramar lágrimas e mais lágrimas. Durante todo o tempo, Charlotte vem sendo uma mãe incrível, me dando conselhos, me bajulando e, por incrível que pareça, me dando cada bronca que jamais achei que fosse receber de alguém.

As drogas e as bebidas fui deixando para trás. Fiz uma promessa à Kate e cumpri. Não sou homem de meias palavras. Sou um homem de prometer e cumprir, mesmo que Kate não veja.

Chego ao colégio e sou informado por uma garota da nossa turma que Kate está na piscina, e a encontro lá, está mais bonita do que três meses atrás. Está relaxada, tranquila e distraída.

Ela tenta negar que não sente nada, mas seu corpo a denuncia. Eu sei que a beijar é errado, que ela é comprometida, mas preciso saber e descubro. Ela ainda sente algo por mim.

De qualquer forma, irei para o inferno mesmo.

SebastianWhere stories live. Discover now