░ PRÓLOGO ░

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    O sol estava radiante naquela tarde. Meltar, ministros e até mesmo as grandes famílias - exceto uma, como sempre, estavam em reunião a respeito da chegada do Mago Azul, que havia acontecido dias atrás.

   Devido à presença da Rainha da Terra, a evidência que algo grande estava a acontecer, foi notória, e a Água precisou se explicar para a mesma. Entretanto, ambos os reinos decidiram manter sigilo para futuramente entrar em detalhes com o Ar e até mesmo com o Fogo.

   Também é de se salientar que a reunião não só era a respeito de Azelio, como também tratava sobre a fuga de Luna, e Eskkad se fazia presente em todas as conversações.

   Faltava apenas um dia para Oliver retornar as aulas, já que este e Mya receberam uma semana a mais devido à missão realizada, o que chocou muitos alunos, e principalmente pais responsáveis.

   No entanto, filho e pai já não conversavam como antes, e Oliver acreditava que o sumiço de sua mãe era por exclusiva culpa de Eskkad, e agora treinava com Virgo no mesmo local dos treinos anteriores.

   Já prevendo que seu filho buscaria o amigo da família para treiná-lo, Eskkad se adiantou, permitindo que Virgo aceitasse o pedido do garoto, mesmo sem que ele soubesse.

   Aquele ambiente permanecia o mesmo. Aberto, rochoso em sua volta e com a esfera de fogo que ardia acima de suas cabeças. Oliver vestia somente suas calças de couro, sem blusa ou sapatos. O suor escorria pelo seu corpo.

   Virgo, por outro lado, continuara o mesmo, independente de clima ou temperatura. Suas vestes eram invariavelmente as mesmas, longas e negras.

   Ambos estavam de frente um para o outro, treinavam há quase uma hora, e só o som do doce riacho que ficava próximo a lateral da floresta de treinamento era ouvido. Poucos pássaros cantavam naquele período.

   — Continue a me atacar. – pediu o professor de Ataque e Defesa.

   Os pés de Oliver se movimentaram. Ele avançou novamente, e um chute rasante com a perna direita foi em direção a Virgo, mas o homem de vestes escuras controlou a água com um simples gesto das mãos, fazendo com que o elemento rebatesse o membro de Oliver. Em seguida, Virgo conduziu seus dedos como se segurasse uma corda, e a água atingiu diretamente as pernas do pupilo, o jogando ao chão como se fosse uma rasteira.

   — Levante e tente novamente.

   Oliver bufou, irritadiço. Desferiu bons socos, mas Virgo sacolejava seus punhos em controle absoluto, e a água rebatia todos os ataques do garoto, que recuou.

   — São níveis diferentes. Não consigo.

   — Como pode desistir tão facilmente... Você não tem um bom mental. – refutou. — Continue.

   O jovem contraiu os olhos, indignado. Em velocidade, saltou contra Virgo, e tentou um chute rasteiro, mas Virgo esquivou, como um morcego.

   O aprendiz se ergueu, dirigiu seu punho ao professor, que com a palma da mão rebateu, e logo empurrou Oliver como se este pesasse algumas gramas.

   — Uma boa tentativa. – comentou. — Seu corpo a corpo é realmente bom, mas sem o controle de um elemento, não terá tanto sucesso.

   Oliver respirou ofegante, estalou os dedos e prosseguiu. Seus movimentos eram ágeis – não tanto quanto os de Mya, por exemplo, mas eram honestíssimos, mas mesmo assim Virgo manteve a guarda, e se defendia com as próprias mãos, até que com um breve movimento de dedos, as águas do riacho se puseram de pé, se assemelhando a três serpentes. Elas se dirigiram a Oliver, que desviou o olhar de Virgo para o ataque secundário, e o professor o atingiu com um soco no estômago.

   — Não desvie o olhar.

   — Mas isso não é justo. - respondeu. — Eu tive de olhar para o outro ataque.

   — Em um campo de batalha, você pode enfrentar dois, três, até mesmo dez inimigos ao mesmo tempo. – bradou com seu olhar negro. — Preste atenção.

   Virgo se abaixou, na altura de Oliver, que estava agachado pelo golpe, com as mãos no centro da barriga. O aluno tentou golpeá-lo com a cabeça, surpreendendo-o, mas sua testa se chocou não com a de Virgo, e sim a uma espécie de parede de água.

   Numa fração de segundos, seu professor já havia desfeito as serpentes de outrora, transformando a água usada em uma barreira. Técnica semelhante a utilizada contra Salazar no passado. Oliver também não pôde escapar, tamanha velocidade para realizá-la.

   — Foi uma intenção muito boa. - Virgo sutilmente o olhou pela água. — Contra um inimigo despreparado, com certeza teria atingido.

   — É impossível. – comentou Oliver em voz baixa. Assim nunca poderei salvar ninguém.

   Virgo colocou sua mão dentro de seu próprio ataque e puxou parte do corpo do garoto, o colocando próximo ao seu rosto, olhando-o diretamente.

   — Não achei que o filho de Eskkad fosse tão diferente do pai. - provocou enquanto analisava Oliver profundamente. — Talvez tenha herdado a fraqueza de sua mãe.

   Parte do braço direito de Oliver foi posto de fora quando Virgo o puxou, e ele tomado por raiva encaixou-o no professor, tentando se soltar, mas não pôde retirá-lo. Virgo prosseguiu.

   — Coragem. – respondeu em voz alta. — Tenha coragem, tenha raiva, lute como um homem deve lutar.

   A água se desfez, e a perna esquerda de Oliver se movimentou em ataque, mesmo estando sem tocar o chão por completo, mas Virgo evitou o golpe com as mãos, e em seguida deixou que Oliver caísse duramente ao chão.

   — Você fracassa porque não acredita em si mesmo. – Virgo falava ao caminhar de costas. — Desde que começamos, você simplesmente colocou em sua cabeça que não pode me vencer, ou sequer me acertar um golpe. Se for para continuar assim, é melhor que desista. Não vai a lugar algum.

   Oliver cerrou os punhos enquanto caído, e manteve sua boca fechada, mas Virgo continuava a dialogar mesmo estando de costas.

   — Sobre Luna. – continuou. — Esqueça o que eu falei.

   Oliver levantou sua cabeça.

   — Então por que disse aquilo? Você a conheceu tão bem como conheceu meu pai?

   — Apenas quis irritá-lo. Muitas lutas são ganhas ou perdidas pela boca. Entrar no psicológico de seu inimigo é uma virtude que deve sempre ser utilizada. – Virgo já estava próximo das grandes árvores, e sua capa negra se juntava a noite que se aproximava. — Não conheci tão bem ela, mas para Eskkad ser tão apaixonado por ela, é porque sua mãe é muito especial e forte.

   Oliver ainda permanecia com a cabeça baixa, em pensamento.

   — E por favor, caso queira continuar com os treinos, mude o horário. Eu odeio trabalhar durante dias de sol.

   O professor desapareceu por entre a floresta, e Oliver se ergueu definitivamente. O treinamento havia acabado.

* Este livro retrata os acontecimentos posteriores ao Livro 1, entretanto, não se trata da versão 100% original e pura. Tratei de encurtá-la, retirando missões secundárias e viagens longas, já que tive de postá-la em um curto espaço de tempo.

Crônicas Elementais: Oliver e o Rei Louco (short version)Where stories live. Discover now