O9

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O vento frio da noite passou por minha janela, me fazendo fechá-la. Estava sentada em minha cama, ajeitando a máscara no rosto. Dabi curiosamente me pediu para dormir comigo naquela noite chuvosa, trovoadas eram perceptíveis aqui.

O moreno abriu minha porta sem bater, mas não ligo muito para tal ação. Ele se senta do meu lado hesitante, mas mesmo assim sua expressão como sempre parecia não mudar.

O garoto se ajeitou e deitou, e eu não demorei muito para isso também. Não tinha medo de dormir com ele, eu sabia bem seu caráter após entrar na Liga, tinha certeza que não era o tipo de homem que faria tais atrocidades com uma mulher.

Um trovão pôde ser ouvido, um estrondo grande. O garoto se apegou em mim, seus braços quentes me envolvendo por debaixo das cobertas.

"Você tem medo de trovões, Dabi?" decidi perguntar, o moreno demorou a responder.

"Não." mais um trovão, ele me apertou um pouco mais para si, meu rosto no seu peito. Acabei tendo que me mexer para poder falar de novo.

"Então, por que, curiosamente, você me abraça ao ouví-los?" sorri um pouco, vendo ele fechar os olhos com força ao me notar tentando olhá-lo. Eu podia ouvir seu coração acelerar.

"Cale-se." disse, unicamente. "Talvez eu tenha."

"Que fofo, ele." ri baixinho, estava de bom humor dessa vez. Aquela situação me deixava leve, parecia que não tinha nehuma preocupação externa para nos incomodar. "Quer ouvir música?"

"Pode ser." resmungou rouco, parecia querer fazer algum tipo de birra por eu descobrir seu medo.

Pego um fone no criado-mudo, coloco um no seu ouvido e outro no meu. Ele volta a me abraçar, e eu coloco uma música que eu ouvia muito em minha infância: someone to you - banners.

"Que coisa boiola."

"Tá reclamando não escuta então, caramba!" falei num murmúrio, mordendo os lábios.

"Não estou reclamando. Eu gostei."

"Gostou?"

"Gostei."

"Boiola."

"Ei!" ele da um tapinha em minha cabeça, e eu rio baixo. Ele pareceu resmungar algum palavreado, mas me segura mais forte. "Vamos dormir logo."

"Tudo bem, velhote ranzinza."

"Eu disse pra dormir, fica quieta."

"Mandão."

"Você vai ver já já o 'mandão' na sua cara." mais um trovão, e ele se encolhe, me abraçando. Eu ri. "Tch."

"Boa noite, Dabi."

"Boa noite, Nara."

"Nara?"

"Não é seu nome?"

"Sim..." sinto meu rosto esquentar, assim como meu coração. Normalmente isso significa duas coisas. 1, ou estou apaixonada, ou 2, estou passando mal. Mas não senti nada ruim no corpo, então... Número 1.



.


Acordei ainda abraçada com o moreno, aproveito o momento de preguiça para ficar dentro do seu abraço quentinho. Ele demora mais alguns minutos para acordar, e quanto acorda, me encara com seus olhos azuis gélidos. Mas tinha um sorriso neutro no rosto.

"Bom dia." digo, e ele boceja.

"Bom dia, Nara." aquela voz que ele tinha... Eu faltava morrer só de escutá-la.

"Vamos levantar?"

"Tá..." disse com a voz arrastada, se sentando com hesitação. Talvez ele não quisesse realmente sair da cama.

Não demorou muito para sairmos do quarto prontos para nosso dia. Iríamos atacar a UA novamente hoje, mas antes iríamos treinar, juntos.

Dabi vai na frente até o último andar, e eu o sigo. Não demorou muito para iniciarmos um treinamento mano a mano, visto que se eu usasse minha quirk eu poderia matá-lo.

Ele elogiava meus ataques e defesas de vez em quando, mas era algo raro. Seus ataques eram fortes, ele de fato tinha mais força bruta que eu. Mesmo sentindo algumas dores no corpo hoje, continuei lutando. Estava doente desde o meu nascimento, mas agora parecia estar piorando. As proporções que isso tomava eram assustadoras.

"Está tudo bem? Está mais pálida." murmurou ele, parando os ataques.

"Não dê brechas ao inimigo." chuto sua canela, e ele arfa de dor por alguns segundos.

"Nara!" reclamou.

"O que foi? Estamos treinando, oras."

"Tch." estalou a língua no seu da boca, chutando meus joelhos na parte de trás me fazendo perder o equilíbrio inesperadamente. Então ele me segura no colo como noiva. "Estamos só treinando." ele caminha sem rumo pelo andar comigo no colo, e eu franzi as sobrancelhas.

"Que?"

"Treinando para o casamento." ele deu de ombros, e eu sinto o meu rosto ficar vermelho. Eu não me sinto tão envergonhada depois de sentir seu coração em seu peito bater tão veloz quanto o meu.

"Que casamento?" me faço de idiota, usando minha melhor expressão confusa.

"Burra." me solta no chão e eu resmungo de dor, por cair de bunda.

"Que saco." reviro os olhos.

"Vamos comer. Precisa se alimentar." disse simplista, ajeitando suas vestes e descendo as escadas sem ao menos me aguardar.

"Apressado." sussurro para mim mesma, e o sigo.

POISON; dabi  [✓]Where stories live. Discover now