O3

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Eu passei praticamente o dia inteiro arrumando minhas coisas e mudando o quarto quase todo. Era um dos meus hobbies, já troquei tantas coisas no meu quarto antigo que eu não consigo contar nos dedos as vezes.

Terminando, vi então o quarto de forma confortável. As paredes eram pretas, com desenhos aleatórios em giz branco, alguns enfeites e posters pendurados, a roupa de cama com temática de estrelas e o espaço em si. Olho o horário no relógio do celular - o qual já coloquei um chip novo -, eram 2:45 da manhã.

Fico impressionada como não notei a hora passar. Abro as cortinas da janela levemente, olhando a rua e sua movimentação. Era pouca, mas ainda assim, haviam algumas poucas pessoas lá. A maioria era adolescente, que iam e vinham de festas e baladas. Normal.

Deixo o celular sobre minha mesinha, ajeito a máscara no rosto e ajeito também minhas luvas. Abro a porta do quarto e a fecho quando saio, mas de maneira silenciosa. Vou até a cozinha, estava com fome.

Ao chegar lá, vejo Dabi. Seus olhos azuis e misteriosos me encararam de volta, meu corpo ficou trêmulo por um pequeno segundo. Desvio o olhar, indo até a geladeira e a abrindo.

"Você nunca tira a máscara." Observou ele, sua voz tão grave quanto a de Tomura preencheu meus ouvidos, eu ignoro um pequeno arrepio nos meus cabelinhos da nuca e suspiro, fechando a geladeira após pegar leite achocolatado gelado.

"Não mesmo."

"Tem motivo?" Arqueou a sobrancelha, o encaro. Seus lábios se estenderam em um pequeno sorriso sacana, mas ele logo se tornou algo mínimo perto da beleza exótica que ele exalava mesmo com a maior parte de sua pele do rosto sendo morta, uma enorme cicatriz que era dolorosa e ao mesmo tempo atraente.

"Sim."

"Eu posso saber?"

"Minha quirk é venenosa." Digo simplista, bebendo um gole do achocolatado. Lambi meus lábios, meus olhos cansados. Eu mesma em si estava cansada.

"Entendi." Deu de ombros. Ele retira um maço de cigarros do bolso e se dirige à saída do cômodo. Mas antes de sair, se vira para mim. "Quer um?" Ofereceu, sua expressão era calma, não sabia o que se passava em sua mente. Acabei por aceitar com um gesto de cabeça, ele usa sua quirk para atear fogo no início do cigarro e me entrega. Então logo sai da cozinha, sabendo que eu também iria atrás.

Deixo minha caneca na pia, e caminho até o último andar, vendo Dabi abrir duas das enormes janelas de lá. Eu fico em um canto distante dele, cada um em uma parte do local. Tiro a máscara ainda hesitante, e trago um pouco do cigarro.

"Você é realmente cautelosa." Observou com sua expressão agora tediosa, olhando a rua escura naquela noite fria.

"É claro. Se eu lhe matar, Shigaraki talvez me mate depois." Dei de ombros, ao tirar o cigarro da boca e soltar aquela fumaça. Me engasguei um pouco por ser a primeira vez fazendo isso, mas me recupero facilmente.

"Vai precisar mais que um veneno pra me matar." Seus olhos enigmáticos pararam nos meus, me analisando dos pés à cabeça. Eu me arrasto pela parede me sentando no chão frio e levemente empoeirado.

"Não duvide das capacidades do meu sangue, Dabi."

"Você é daquela máfia, não?" Ele arqueou uma de suas sobrancelhas negras, tragando o seu cigarro. "Máfia do veneno. Seus pais passam direto na televisão, e você já passou também."

"Eu?" Eu estava confusa. Eu sabia que meus pais eram conhecidos, agora eu? Era muito mais difícil.

"Sim, você." Ele suspirou, olhando a janela. "A garota das unhas com veneno e dentes também." Então ele lembrava de mim dessa forma. Interessante.

"Certo..." Confirmei com a cabeça, antes de tragar mais um pouco do cigarro.

"Você não se acha um pouco nova demais para fumar?" Acabou por perguntar, o que me deixou bem confusa.

"Não foi você quem me ofereceu o cigarro?" Arqueio uma sobrancelha, com um sorriso no rosto do qual nem notei o aparecimento.

"Sim... Mas eu nem sei quantos anos tem."

"Eu tenho 17 anos." Suspiro, vendo que ele ainda queria mais respostas. "Eu nem me importo se isso vai fazer mal a mim ou não, meu corpo está em uma eterna decomposição. Uma hora ele irá parar de funcionar de qualquer forma."

-

No dia seguinte, não vi Dabi no estabelecimento. Eu acabei por dormir no solo frio do último andar, o meu cigarro tinha sumido de minhas mãos e eu tinha um lençol branco me cobrindo. Não entendia como isso foi acontecer, mas deixei isso de lado imaginando ser de Dabi.

Enrolo o lençol no antebraço, coloco minha máscara, e desço as escadas até o andar de quartos, deixando o lençol sobre minha cama afim de devolver ao dono depois. Desci agora até o primeiro andar, na sala de estar, onde Shigaraki estava com o restante do grupo.

"Vamos atacar a UA hoje novamente. São 12:30, o ataque iniciará às 13:30. Estejam prontos. Com ou sem a presença de alguém daqui, nós vamos atacar." Disse com sua voz carregada de autoridade, arrastada como de costume. Todos se dispersaram novamente, mas eu ainda não tinha visto o moreno da noite anterior.

"Ei... Er, acho que não sei seu nome." Himiko se aproxima e eu a olho de canto de olho.

"Nara Kimura."

"Kimura-chan, quer ir na piscina comigo, antes de irmos para a UA?" Sorriu arqueando uma sobrancelha. Seus olhos dourados me cativaram por um momento.

"É, pode ser."

Desde que meus dedos não toquem na água, talvez não haja contaminação. Espero.





autor --- vazou dabi fumante ajdhuahsuahs
demorei pra atualizar mas tá aí, em breve vai ter mais, relaxem-
espero que estejam gostando! deixem uma estrelinha pra ajudar :")

POISON; dabi  [✓]Where stories live. Discover now