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Por que o Shigaraki me submeteu a tal situação?

O jovem de cabelos azulados me deu uma única ordem: resolver problemas e dívidas que ele tinha com um grupo mafioso pequeno, com Dabi. E ele ainda me deu o trabalho sujo – deveria matar todos que se opossem à Liga.

Suspiro, ajeitando as luvas nas mãos enquanto observava Dabi abrir a porta de trás do esconderijo. Eu o sigo pelo beco e saímos na rua contrária, caminhando tranquilamente pelas ruas em direção da localização que Kurogiri nos deu.

Não demorou muito até que chegássemos ao local marcado, Dabi toca a campainha e põe as mãos novamente nos bolsos. A porta é aberta sorrateiramente por um homem, e nós somos deixados entrar rapidamente por sermos identificados.

"O chefe os aguarda no saguão." comunicou, e nós seguimos em direção do lugar.



.





Deu tudo errado.

Nenhum deles ali planejava de verdade realizar um tratado de paz com a Liga e queriam as dívidas pagas por Tomura. Mas nós obviamente faríamos o que deveríamos fazer: matar todos. Sem sobras.

Dabi não incendiou a casa pois chamaria atenção demais. Então ele lutou mano a mano, roubando armas das mãos dos outros que ele derrotava e atirava em suas cabeças com habilidade e sem dó.

Eu perfurei o peito de vários com minhas unhas, sangue vermelho se misturava com o líquido negro e viscoso que era meu sangue venenoso. Dei chance a todos de me derrotarem, mas nenhum conseguiu. Dabi me acompanhou até a porta, depois de terminarmos nosso trabalho sujo. Espuma saía da boca de alguns que tentavam reagir ao veneno que implantei em seus corpos. Suspiro, saindo pelos fundos com o moreno. Coloco luvas extras nas mãos, protegendo-me de atacar alguém acidentalmente.

"Você é habilidosa e silenciosa. Se não fosse pelas armas, teríamos feito isso sem chamar nenhuma atenção." acho que eu poderia levar isso como um elogio, então eu dei um pequeno sorriso e assenti.

"Obrigada, acho." dei de ombros, e o garoto me abraça, me puxando para um beco. Foi tão rápido que me assustei. "O que..."

"Shh!" ele tampa minha boca, me puxando mais alta perto de seu corpo. Ele curtia essas situações né?

Eu olho para o lado da rua, passavam alguns polícias e umas viaturas. Provavelmente em busca de quem começou aquela chacina na casa do chefe daquela pequena máfia. Ao não ter mais nenhum sinal dos policiais, Dabi me solta mas segura firme em minha mão.

"Vou segurar em sua mão, porque é mais fácil de te puxar pro caso de acontecer de novo. Você é muito desatenta." resmungou, e eu reviro os olhos, um pouco nervosa por ele segurar em minha mão.

Eu caminho um pouco atrás dele, fitando nossas mãos unidas. Ele tinha uma mão bem quente, mas não ao ponto de machucar. Era bom. Suspirei, tentando ignorar isso. Por algum motivo, eu estava gostando. O que é muito estranho.

Desvio o olhar, evitando encarar isso demais até chegar na Liga. O que demorou um pouquinho, porque a cada beco que passávamos, nos escondíamos de viaturas. Shigaraki não reclamou da demora, apenas queria saber do relatório sincero sobre o que aconteceu.

"Matamos todos. Nenhum deles tinha interesse nos seus assuntos, Shigaraki." afirmei com certeza, o olhando na mesma intensidade que devolvia meu olhar.

"Entendi. Estão dispensados."



Dabi me convidou para seu quarto. ME CONVIDOU PARA SEU QUARTO.

Confusa, aceitei. Afinal, não tinha muito o que fazer no meu, e não estava com fome o suficiente para ir a cozinha me alimentar.

Seu quarto era simples, sem muitos decorativos. Me sentei em uma cadeira de rodinhas, e ele na beirada da cama, abrindo as cortinas da janela.

"Você não deveria aceitar um pedido para ir ao quarto sozinha de um homem." ele disse, seu olhar enigmático pousou em mim, ele travou um cigarro rapidamente.

"Eu não tenho medo de você." eu respondo, devolvendo o olhar para ele. Nossas expressões pareciam não mudar olhando um para o outro, mas eu sabia que meu rosto estaria um pouco vermelho. Eu tinha vergonha de admitir, mas esse garoto é atraente.

"Igualmente." enfim ele respondeu, com um sorriso que eu não entendi o significado, mas achei belo. Por mais que duas cicatrizes estivessem ali para defeituá-lo, eu não acreditava que ficava feio. Era como um charme.

Ficamos num silêncio por um momento, ele me ofereceu um cigarro mas dessa vez neguei, com um resmungo. Esse silêncio foi bom, era confortável ficar fazendo literalmente nada na presença dele. Por algum motivo desconhecido, perto dele meu coração acelerava um bocado. Era uma sensação... diferente. Mas boa.

POISON; dabi  [✓]Where stories live. Discover now