Sete.

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Exausta. Era assim que Jisoo se sentia; Yang havia abusado de seu poder e feito Jisoo trabalhar muito mais do que o normal, incluindo ter que buscar café do outro lado do hospital para ele várias vezes.

Ela sabia que isso aconteceria, pois o senhor Hyunsuk não estava lidando muito bem com o fato de ela, ainda não estando formada, pegar um caso tão raro e importante quanto o de Chaeyoung. Chaeyoung era um milagre da medicina e, apesar do pouco tempo que estava acordada, seu nome já se destacava nas principais manchetes por todo o país. Juntamente com seu nome, se destacava o nome de todos os médicos e envolvidos no tratamento, obviamente o sobrenome Kim ficaria conhecido dentre o cenário da saúde e, certamente, Yang gostaria de seu nome estar junto.

Jisoo fez o favor de deixar o homem ainda naquela lista, não por ele obviamente, senão por Chaeyoung, mas o homem não parecia satisfeito com isso, afinal tantos anos de carreira não serviram para tirá-lo do cargo de auxiliar em uma manchete importante, ele se sentia humilhado provavelmente.

A menor tomou um banho rápido no próprio hospital e se dirigiu ao quarto de Chaeyoung. Boah a recebeu com a mesma gentileza de sempre e disse que já havia deixado na recepção a autorização para ela passar a noite com Chaeyoung, explicou também que sobre a mesinha havia seu número anotado em um papel. Jisoo o anotou em seu celular por garantia, ela era desastrada havia tempo suficiente para saber que um pedaço de papel poderia ser facilmente destruído de várias formas.

Chaeyoung não queria que sua mãe fosse, mas quando Jisoo explicou que Boah precisava dormir em uma cama confortável e comer algo saudável Chaeyoung acabou por concordar com Jisoo.

— Hey, Chaeng, minha irmã tem algumas bonecas em minha casa. Ela não mora aqui, mas às vezes vem me visitar. Gostaria que eu trouxesse para brincarmos? — Chaeyoung fez uma careta e negou.

— Eu não gosto de bonecas. — Jisoo riu e assentiu.

— Para ser sincera eu também nunca gostei. — Chaeyoung assentiu sem sequer olhar para Jisoo. -- Hey, o que você tem?

— Nada. — Chaeyoung disse baixando seus olhos para suas mãos.

— E o que está gerando essa carinha triste, então? -- Chaeyoung começou a piscar rápido demais para Jisoo considerar algo normal. — Chaeyoung, você está bem? — Os olhos não pararam de piscar, tendo Chaeyoung os pressionando fortemente no momento seguinte e então Jisoo segurou sua mão. — Eu vou chamar um médico, espere.

— Jichu... — Chaeyoung disse, segurando sua mão apressadamente, fazendo a menor lhe fitar novamente — Não!

— Então respire. Tudo bem? Sente alguma dor? Algo fora do comum? — Jisoo perguntou, subindo na cama e embalando Chaeyoung em seus braços. Chaeyoung negou lentamente, começando a parar de piscar tão rápido. Jisoo ficou acariciando suas costas até a garota voltar ao normal.

— Desculpe. — Chaeyoung pediu baixinho, afundando seu rosto na curva do pescoço de Jisoo.

— Não tem por que se desculpar, anjinho. — Jisoo disse calmamente. — Eu vou precisar comunicar o médico sobre isso, de qualquer forma, tudo bem para você?

— Não, por favor. — Chaeyoung pediu, começando um choro baixinho. — Não me deixa sozinha.

— Shhh, tudo bem. Não vou sair do seu lado. Esperarei alguma enfermeira vir para a ronda noturna então, mas se algo mais estranho acontecer eu precisarei ir, tudo bem? — Chaeyoung assentiu, virando seu rosto na direção de Jisoo, prestando atenção em cada detalhe.

— Eu não sou normal? — A garota perguntou subitamente, fazendo Jisoo olhar na direção de seu próprio ombro, que era onde o rosto de Chaeyoung estava.

— Por que está me perguntando isso? — Chaeyoung enrubesceu e Jisoo notou os olhos voltarem a piscar muito rápido, deixando a sensação de preocupação inundar seu ser novamente. Jisoo decidiu se virar e apertar o botão ao lado da cama, que era usado somente para urgências. Depois se desculparia por isso, mas precisava de alguém ali.

— O moço da TV falou de vida amorosa, que era normal na minha idade, mas eu... — Os olhos não paravam de piscar e Jisoo começou a balançar lentamente as duas, como se estivesse ninando a garota. — Eu não sou normal? — A voz saiu baixa e triste.

Jisoo não pôde responder àquela pergunta, pois o quarto fora invadido por toda uma equipe de médicos, com equipamentos prontos para uso. Jisoo sorriu sem graça e desceu da cama.

— Então, eu precisava de alguém aqui. — Jisoo começou sua explicação, um pouco envergonhada. — Mas eu não podia sair do quarto então eu... oh, céus, sinto muito. — Ela disse enrubescendo. Algumas pessoas reviraram os olhos e saíram, mas um médico ficou.

— Pois não? — Ele perguntou gentilmente.

— Estávamos conversando e, de repente, ela começou a piscar muito rápido e às vezes pressionava os olhos fortemente. Eu fiquei preocupada, isso não é normal. — Jisoo disse.

— Era para tentar parar. — Chaeyoung disse e então o médico se aproximou da cama.

— Tentar para o quê? — O doutor perguntou, acendendo sua pequena lanterna nos olhos da garota. — Siga meu dedo com os olhos. — Ele pediu e Chaeyoung o fez.

— De piscar. — Chaeyoung replicou. — Eu apertei os olhos fortemente para tentar parar de piscar.

— Sentiu algo? Tontura, dor, mal-estar? Algo diferente? — Chaeyoung pareceu pensar e logo assentiu.

— As minhas bochechas arderam. — O médico assentiu, olhando para Jisoo.

— Sobre o que falavam?

— Jichu, não! -- Chaeyoung pediu com veemência, enrubescendo; seus olhos começaram a repetir o mesmo de alguns minutos antes ao piscarem rapidamente. Chaeyoung apertou fortemente eles e negou com a cabeça. — Não param! Argh! — Chaeyoung disse.

— Vou levá-la para uma ressonância e precisarei que você toque neste mesmo assunto com ela quando estivermos lá. — Ele disse, fazendo Jisoo assentir.

— Devo ligar para a mãe dela? — Jisoo perguntou aflita, cruzando os braços. O doutor apenas sorriu e negou.

— Se for o que eu estou pensando então não tem com o que se preocupar. — Ele disse calmamente. — Vamos fazer a ressonância, hm? Depois disso se o resultado for algo negativo você chama a mãe dela, mas eu acredito que não será necessário. — Jisoo assentiu, vendo o homem acariciar seu braço sem malícia, apenas a confortando.

— Hey, princesa... — Jisoo chamou assim que o médico saiu, se debruçando sobre a cama. — Vamos fazer um exame rápido em você, tudo bem? Eu vou estar lá com você.

— Vai doer? — Chaeyoung perguntou assustada.

— Não. O médico só vai tirar uma foto do seu cérebro. — Ela disse, sentindo os dedos de Chaeyoung se entrelaçarem nos seus.

— Igual o moço da TV? — Perguntou curiosamente e Jisoo negou com a cabeça.

— De jeito nenhum. O moço da TV é um homem bobo. Não quero que pense que você tem algum problema ou que é anormal, tudo bem?

— Mas eu não sou igual a maioria da minha idade. Eu deveria ser. — Ela disse, sentindo Jisoo acariciar seu rosto.

— Vou contar um segredo. — Ela disse baixinho. — Ninguém é igual ninguém. Não quero que se sinta triste com o que ele disse, tudo bem?

— Você promete que não liga? — Jisoo sorriu e assentiu.

— De dedinho. — Jisoo respondeu, entrelaçando seu dedo mindinho com o de Chaeyoung.

— Então eu deixo o médico tirar foto do meu cérebro. — Chaeyoung disse sorrindo, fazendo Jisoo sorrir também, porém internamente ela sentia um medo avassalador. Mesmo com o médico achando não ser algo preocupante, Jisoo só se acalmaria quando soubesse do que se tratava aquele piscar de olhos.

Em um piscar de olhos - ChaesooWhere stories live. Discover now