Capítulo 17

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A primeira coisa que Rowan percebeu assim que saíram da cadeia de montanhas foi que Dumbão estava muito mais forte do que antes, mesmo carregando apenas uma pessoa.

Ele sentiu o vento em seus ouvidos acaricia-lo de uma forma muito mais suave conforme eles sobrevoavam a longa floresta onde lutaram com os lobos, e Rowan o guiou até o mar das baleias, onde Dumbão voou baixo, curioso com toda aquela água azul como cristal. Algumas baleias pulavam ao lado e atrás deles, mas nenhuma apresentou ameaça para o pequeno elefante voador.

Então eles passaram pelo castelo coberto de espinhos, que estaria deserto por mais noventa anos. Dumbão não quis se prolongar ali e até mesmo começou a bater as orelhas com mais força.

Passaram pelas montanhas marrons, onde morava Hawton. Novamente, Dumbão fez uma curva mais acentuada naquele lugar para evitar passar na montanha do antigo dono.

Voaram por muito tempo e surpreendentemente o pequeno elefante sequer fraquejou no voo.

Passaram por vales, montes e florestas. Era uma paisagem bela, apesar das cores vivas não serem mais tão interessantes para Rowan.

O sol começava a despontar quando eles enfim chegaram na casa da bruxa e, consequentemente, no portal.

Dumbão voou em círculos antes de pousar desajeitado na frente das pedras. Ele abaixou a cabeça devagar e Rowan desmontou com uma última carícia em seu pescoço.

— Eu lhe daria água — falou Rowan baixinho. — Mas meu cantil está vazio...

O elefantinho apenas barriu e apontou para o portal com a tromba.

Rowan sorriu fracamente quando o abraçou mais uma vez e olhou para frente.

Ele sempre atravessara o portal de mãos dadas com Zariah, mas, dessa vez, teria que fazê-lo sozinho.

O moreno olhou para trás. A casa da bruxa não parecia nem um pouco ameaçadora agora. Dumbão estava o encarando curioso. Parecia cansado e Rowan sentiu vontade de leva-lo consigo para casa, mas temia que, ao atravessar o portal, a magia do pequeno elefante desaparecesse.

Então, lançando uma última carícia no animalzinho, Rowan respirou fundo e passou pelas pedras.

***

Ainda estava escuro no outro lado do portal, mas a lua brilhava forte no céu, iluminando as árvores frondosas e as cachoeiras que caiam pelo infinito.

Por um momento, Rowan considerou esperar o amanhecer do dia para entrar na floresta, mas sabia que, se o pai estivesse vivo ainda, seria por pouco.

Por isso, ele correu.

Suas pernas estavam fracas e sua respiração queimava. Ele lembrou-se de que não havia comido nada naquele dia e gastara mais energia do que realmente possuía.

Mas Rowan não iria parar de correr enquanto não tivesse atravessado a floresta.

Ele não enxergava direito e sentiu sua pele arder com diversos cortes dos galhos baixos das árvores. Não sabia qual era o caminho e deixou-se levar pelos instintos.

Seus pulmões ardiam como se estivessem pegando fogo e, quando estava pensando em parar para recuperar o fôlego, Rowan tropeçou e não conseguiu juntar forças para se levantar novamente.

Ele gritou, mas nenhuma lágrima saiu. Estava desidratado demais para chorar e até mesmo o grito pareceu rasgar sua garganta.

Não conseguira.

Estava tão perto e falhara.

Rowan cerrou os punhos. A morte de Zariah não podia ser em vão, podia?

Então ele notou o que havia de errado: era justamente ela não estar com ele.

Literalmente desde que nascera, a irmã estava ao seu lado e eles se ajudavam em tudo. Nunca ficou sem ela por mais de vinte e quatro horas e, agora que estava sozinho pela primeira vez, não sabia como prosseguir.

Exausto, ele fechou os olhos, respirou fundo, e implorou por mais alguns minutos de força.

Qualquer coisa que o ajudasse a se levantar e chegar em casa.

Não importavam as consequências.

Ele pensou em Zariah e em sua risada. Pensou na cara que fazia sempre que ele dizia que era mais velho e a imaginou do seu lado.

Imaginou Zariah colocando uma mão em cima dele e dizendo que ele conseguia continuar. Que ela o ajudaria.

Então uma fonte de calor tomou conta do seu ser Rowan se levantou.

Trôpego, ele completou o trajeto andando. Saiu da floresta e desceu o morro que levava até a vila e então forçou as pernas a correrem mais um pouco até chegar em casa.

A porta estava destrancada e Rowan a abriu com um empurrão bruto.

Ele cambaleou pelas escadas e se jogou na direção do quarto do pai.

Então seus pensamentos começaram a se embaralhar. Ele sentiu as mãos de Flitzen ao seu redor, mas ele fez um gesto para que se afastasse. Tentou olhar para a cama do pai, mas sua vista estava borrada, então usou suas últimas reservas de energia para colocar a mão na bolsa e estender as folhas para o médico da família.

Escutou os passos do doutor correndo para longe e tudo se apagou.


|Votinho pra dar forças pro Rowan!|

Capítulo curtissimo, eu sei. Acho que o Richard é tímido, porque todos os capítulos que ele aparece, são mais curtos que a minha perna.

Enfim, foi mais uma preparação para epílogo. Eu gostaria de chamar de "pré-epílogo", mas tenho quase certeza que isso não existe hahahaha

Bom, estamos quase lá, aventureiros, aguentem mais um pouco porque hoje vamos ter capítulo TRIIIIIIIIIIIIPLOOOOO <2

VerlusteWhere stories live. Discover now