Capítulo 16

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To pensando seriamente em colocar título em todos os capítulos... O que vocês acham?

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Rowan sentiu o estalo do cinto se abrindo antes mesmo de ouvir. Ao mesmo tempo em que retornava a mão para a raiz e abria os olhos, o couro deslizou para baixo, levando a espada junto.

Ouviu o som da espada caindo dez segundos depois, quando já estava se aprontando para voltar a escalada, mas não se deu ao luxo de ficar intimidado com a altura.

O peso a menos melhorou a subida mais do que imaginara. Ele passou a avançar consideravelmente mais rápido e mais confiante sem a espada se mexendo toda hora.

Os dez últimos metros, entretanto, não foram sua maior preocupação.

Quando finalmente chegou no galho mais baixo e passou a perna sobre ele, de forma a conseguir finalmente ter as duas mãos livres, Rowan olhou para baixo sem querer.

O chão estava longe. Muito longe. Zariah era um ponto grande no chão e uma súbita tontura tomou conta do garoto.

A decida sempre tendia a ser mais difícil e ele já estava exausto. Qualquer escorregão poderia ser fatal... Há quanto tempo ele deveria estar subindo?

Rowan sentiu algumas gotas de suor escorrendo por seu rosto. O vento ali em cima era forte, o que não fazia muito sentido, afinal, ele estava no meio de uma cadeia fechada de quatro montanhas com o dobro da altura da árvore. Teoricamente, não deveria haver tanto vento assim.

Mas a resposta veio em sua mente quase que de imediato: magia, claro. Como quase tudo naquele lugar, a magia era a única explicação. Ele não ficaria surpreso se descobrisse que o vento vinha da própria árvore e muito menos se ela ficasse brava e agitada quando ele arrancasse algumas de suas folhas.

Rowan se obrigou a olhar para frente e começou a se arrastar lentamente até o objetivo. Não sabia como desceria, mas, já que estava ali, iria pegar algumas das folhas brilhantes.

Centímetro por centímetro, metro por metro, Rowan foi avançando até o galho ficar tão fino que se entortou levemente com seu peso. Ele já conseguia alcançar as folhas se esticasse as mãos, mas ele se conteve por um segundo, distraído com o brilho etéreo que parecia um pouco mais forte e solene visto de perto. As folhas pareciam ser feitas de luz, que emanava como energia, movendo-se lentamente pelas nervuras cor-de-pêssego.

Tão baixo que sua voz poderia ser confundida com os próprios pensamentos, Rowan pronunciou breves palavras de agradecimento à árvore antes de pegar um punhado de folhas e observa-las com o coração disparado, esperando que elas se apagassem como as que estavam no chão, mas nada aconteceu: brilhavam como se ainda estivessem no galho.

Mas como que deviam funcionar? Ele precisaria amassa-las e fazer algum chá, como com o cabelo mágico daquela princesa? Ou bastaria que Zariah engolisse direto? Ela teria que mastigar ou fazer isso cortaria a magia?

Eram tantas variáveis que Rowan temeu não levar folhas o suficiente para os testes. E ele definitivamente não iria conseguir subir novamente para buscar mais.

Então ele olhou para o próprio braço sangrando e resolveu testar em si mesmo: pegou a menor folha que arrancara, dobrou-a no meio e engoliu de uma vez.

Definitivamente, não era uma folha comum. Não tinha uma textura áspera e foi tão fácil de engolir quanto se tivesse bebido água.

Ela também não causou nenhuma sensação em seu corpo. Nenhum calor mágico ou qualquer coisa que Rowan imaginou.

Então seu braço direito começou a arder. E depois sua testa, no local onde se ferira na caverna dos anões.

Não era um ardor necessariamente excruciante, era mais como quando um pouco de sal entrava em contato com um dedo machucado: ruim, mas suportável.

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