Capítulo 21: Uma estadia não tão feliz

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Receber do seu advogado a confirmação de que o divorcio tinha finalmente saído, era talvez, a pior coisa que tinha acontecido no último ano. Ser trocado por uma versão menos refinada de si mesmo não o deixou tão irritado quando o acordo, no mínimo ridículo, que recebeu de Magnus.

Ele tinha aberto mão de sua juventude, de passeios fantásticos com milionários e até alguns flertes em potencial que abandonou por não terem o dinheiro necessário para mantê-lo entretido e agora recebia um acordo que só dizia, de forma técnica, que deveria estar feliz por não ser processado. Claro que sua defesa tinha orquestrado um grande circo para minimizar os danos e a única coisa a seu favor era o fato de Magnus não ter apresentado os exames que ele fez e esfregou na cara do ex marido.

O mais ultrajante é que ele nem se dignou a aparecer nas audiências conciliatórias. Nem para insultá-lo ou destilar o ressentimento. Magnus simplesmente não se deu ao trabalho!

Tudo bem, talvez ele tivesse ocupado ensinado seu gêmeo idiota a não ser idiota e isso provavelmente demandaria esforço já que, de acordo com suas pesquisas ele era tão mediocre socialmente como academicamente. No próximo encontro perguntaria se ele era alfabetizado.

Ele deveria ser ou não teria deixado seu diário para trás. O diário que foi peça chave para corroborar todas as acusações de Magnus e ele só escrevia no diário as coisas dignas de nota, ali nem estava registrado tudo o que tinha feito, era talvez a parcela ínfima e emocionante.

Ah se Magnus soubesse de tudo...

Mas eram águas passadas e se quisesse mover um moinho tinha que começar a se mexer. Aquele infectologista não era rico mas era um deleite e Alex tinha conseguido entrar nas reuniões de soropositivo graças a ele. Tinha conhecido um rapaz soropositivo que depois de bebedeira e muita persuasão nem se incomodou de ter um pouco de sangue retirado de seu corpo por uma seringa e agora estava bem guardado em uma bolsa térmica pequena no seu carro.

Alex não tinha decidido quem ele queria infectar. Alec tinha dito que era virgem para Magnus então seria muito surpreendente se Magnus desconfiasse da lealdade dele e muito agradável ver Magnus percebendo que no fim, eram farinhas do mesmo saco.

Infectar Magnus não surtiria tanto efeito, Alexander era compreensivo e gentil e iria dar um discurso motivacional e ser simpático. Seu tiro sairia pela culatra, mas seu ex marido, o homem carente e inseguro que ele deu duro para deixar dessa maneira não iria reagir bem a isso.

A corda arrebentaria no lado mais fraco e esse lado tinha um rosto igual ao seu.

Ele observou a lista de contatos e procurou Alec entre eles e ligou, o gêmeo não demorou a atender.

—O que você quer?— Perguntou Alec, parecendo irritado.

—E-eu...— Alex fingiu que a voz estava embargada. Os exames tinham sido um triunfo e de acordo com seus informantes na mansão , Magnus e ele não conversaram sobre os detalhes do divórcio. Talvez ele não soubesse e contava com isso.— E-eu preciso de...— Ele fez a voz falhar novamente.— P-pode me ajudar?

—O que aconteceu?— Perguntou Alec, a voz nitidamente menos arisca. Será que existia uma pessoa no mundo que ele não conseguiria manipular?

—Eu fiz uma coisa muito estúpida e não posso falar com a Izzy ou com nosso pai e ninguém quer me ajudar. Por favor, só tenho você agora. —Alex passou a mão pela camiseta de seda branca com os botões aberto até a metade, era o tipo de roupa que Magnus adoraria que ele usasse e que ele diria que combinava com a maciez de sua pele e todas aquelas baboseiras românticas que saiam da boca dele antes de uma ''noite ardente''.

O Outro - MalecWhere stories live. Discover now