A escolha das Deusas

Durga

Surya segurou a mão de Edward. Precisava sair dali. Os dois caminharam até os jardins. Eles se sentaram em um dos bancos, mas ela estava tão ansiosa que logo se levantou e começou a andar de um lado por outro.

— Pode desabafar — disse ele.

— Eu nem sei como começar. Maya vai me odiar para sempre. Não sei se ela sabe que eu nada sabia do casamento. E é tão estranho. Porque o normal é as mulheres da família preparar a noiva e não me falaram nada. A tradição manda que eu e Indira passasse o dia com ela. Então além de saber que ela vai me odiar para sempre, me incomoda terem escondido de mim algo tão sério. Não poderiam ter feito isso. E eu que sempre fui totalmente verdadeira com Dinesh e Indira. Ele não me decepcionou tanto, é um homem e um rei, mas Indira? Nossa irmã?

— Talvez ela tenha ficado sem opção.

— Eu nunca vi Dinesh agindo dessa forma conosco. Nunca. Penso que ele pode estar escondendo ainda mais coisas. E eu sou a chefe da guarda, eu deveria saber de tudo para poder proteger a família dele! E para piorar o guru fala que sou Pavarti na frente de todos. Me forçando a lidar com isso logo agora.

— O que você vem evitando lidar.

— Sim — disse ela parando de andar. — Estou ignorando várias coisas que passaram a ocorrer ao meu redor. Escuto vozes o tempo todo. Tenho sonhos cada vez mais reais e...

— E? — perguntou ele e ela sentou-se na frente dele.

— Tenho uma vontade louca de ficar com você. De fazer o que a Maya fez. Sempre dizem que sou corajosa, mas para muitas coisas sou a mais covarde.

Ele a beijou.

— Só estava esperando um sinal de que você estava sentindo o mesmo que eu— disse ele e voltou a beijá-la.

— Eu devia odiá-lo.— Ela o abraçou. — Vamos para meu quarto.

Surya levantou-se e estendeu a mão para ele segurar. Caminharam a passos largos em direção ao quarto dela. Ao longe ouviam os barulhos vindos da festa. Música tocando e pessoas falando alto.

Chegaram ao quarto dela e logo começaram a se despir. Ela puxou ele pelas mãos até a cama e o empurrou nela fazendo-o sorrir.

— Eu amo você, senhor Edward Smith. — Surya montou nele e começou a beijá-lo.

No quarto de Maya, Radesh estava ao lado dela ofegante.

— Fazemos uma boa dupla, acho que esse casamento tem tudo para dar muito certo — disse ele sorrindo.

— Sim meu marido. Vai dar tudo certo — respondeu Maya olhando para o teto.

Surya e Edward entregaram-se completamente um ao outro, corpo e alma. Há anos ela não se sentia tão viva e capaz de enfrente o que fosse. E não nunca tinha podido se entregar ao desejo dele daquela forma. Sem nenhum tipo de tabu. Diferente da sociedade britânica que até aqueles momentos queriam controlar.