União

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Edward olhava para o armário do seu quarto. Estava em dúvida se usava roupas inglesas ou indianas naquela noite. Estava ansioso para ver Surya. Na verdade, passava o dia esperando para vê-la. Resumo dos seus dias, pensou. Sentia-se culpado quando lembrava de Jocelin. Mas desde que Surya entrou na sua vida nãos e via mais como um infeliz e desafortunado tradutor. A vida voltou a ter sentido.

Sabia do perigoso caminho que sua mente estava o levando. Sempre foi muito romântico, leitor assíduo de leitores do romantismo inglês e alemão. Estar novamente num tipo de amor proibido o levava de volta a juventude. Pensava que nunca mais se sentiria assim novamente. Mas estava errado. Sua mente lhe culpava por trair seu país, por estar apaixonado por uma indiana, por voltar a amar. Mas seu coração estava em paz como há anos não estava. Estava feliz por amar novamente. E a Surya parecia ter saído de algum dos seus romances de aventura. Naquela noite finalmente procuraria ela e falaria de suas intenções.

Ele pegou o conjunto de kurta e calça pretos. Vestiu-se e saiu em direção ao salão. Lá já havia muita gente. Indianos que ele nunca havia visto antes. Todos bastante arrumados. Viu Surya ao longe dando ordens aos guardas. Ela estava vestindo calças, blusas e sari dourados. Usava muitas joias de ouro com diamantes. Uma Deusa, pensou ele e sorriu.

Naquele momento Dinesh e Indira entraram no salão e todos pararam de conversar. Eles sentaram em seus tronos. O Marajá começou a falar:

Obrigado pela presença de todos. Essa noite recebemos o Marajá de Jhansi.

A porta se abriu e vários guardas vestindo roupas vermelhas entraram no salão abrindo espaço para o Marajá de Jhansi e sua comitiva. Era um homem jovem, com a pele mais clara típica dos indianos mais ao norte. Descendentes de persas. Em Varanasi tinham um tom de pele mais claro que os morados do sul da Índia como Caucutá e Bombain, mas a comitiva de Jhansi mostrava que eles estavam mais ao norte e ao oeste do país.

Eles vestia uma rica túnica vermelha assim como seu turbante. Dinesh o recebeu no meio do salão sorrindo. Depois ele caminhou até um trono colocado ao lado do de Dinesh.

Boa noite a todos moradores de Varanasi. É uma honra estar aqui essa noite disse o Marajá de Jhansi.

Surya se aproximou de Edward e disse no ouvido dele:

Não estou gostando disso.

Por quê? perguntou ele surpreso.

Tem muito mais guarda deles aqui do que nossos. Para quê tantos homens para confirmar um noivado? E não vi a Maya hoje. Sinto que estão escondendo algo.

Dinesh e Indira?

Sim respondeu Surya e deu um longo suspiro.De qualquer forma fique atento.

Surya se aproximou da Rani.

Radesh, essa é a irmã do meio da minha Rani explicou Dinesh olhando para Surya.

A famosa Surya. Dizem que é uma grande guerreira.

É uma honra conhecer o filho da Rani Lakshmibai de Jhansi. Ela é uma inspiração para mim disse Surya fazendo uma reverência.

Tenho certeza que ela adoraria conhecê-la disse Radesh E onde está minha noiva?

Dinesh fez um sinal aos criados. Minutos depois Maya apareceu seguida de outras mulheres. Vestia vermelho. O vestido mais bordado que já via na vida. Indira não possuía nada igual. Usava várias joias, tikka na testa, olhos pintados, mãos pintadas de henna. E um véu cobrindo seus cabelos. Surya olhou assustada para Indira. Aquilo não era um noivado, era um casamento. E Maya era a noiva mais bonita que já havia visto.

O brâmane, guru da família chegou por entre os convidados. Usava suas simples vestes brancas. Surya voltou a ficar do lado de Edward. Seu coração batia forte. Como Indira e Dinesh não lhe contaram?

Isso é um casamento Edward disse Surya fazendo-o olhá-la com os olhos arregalados. Eu não estou passando bem.

Ela se afastou da multidão que estava no salão e Edward a seguiu.

Como eles tiveram coragem? Como Indira escondeu isso de mim? E como a Maya está aceitando? Eu sou irmã delas.

Talvez achassem que você tentaria impedir de alguma forma ponderou Edward.

Maya nunca nos perdoará disse ela e o abraçou, pegando-o de surpresa. Ele a abraçou de volta. E como era bom aquele abraço.

Surya respirou fundo algumas vezes e se aproximaram do salão. Não conseguiam ouvir o que era falado mais viram quando Maya e Radesh trocaram colares de flores e andaram ao redor de uma tocha acesa no meio do salão. Depois o guru chamou por Surya.

Acredito que a maior benção que poderiam receber é a da avatar de Parvati.

Todos a olharam. Ela olhou Maya nos olhos. Viu neles toda raiva do mundo. Edward olhava de longe preocupado.

Vamos Surya, abençoe sua irmã ordenou Dinesh. Surya buscava ajuda em Indira que apenas desviou o olhar.

Radesh segurou as mãos de Maya sorrindo e olhou para Surya.

Que tenham uma longa vida junto de amor e respeito mútuo disse Surya e se afastou.

O guru ecoou alguns mantras e Radesh e Maya saíram do salão. Música começou a ser tocada e todos começaram a dançar e beber animados.

Surya se aproximou de Indira e Edward não se conteve, aproximou-se das duas para ouvir.

Pelo menos ela ficou sabendo que se casaria? perguntou a mais nova.

Sim. Surya, por favor não me julgue assim. Já não basta ela me odiar para semprerespondeu Indira claramente incomodada com a situação.

Surya olhou para Dinesh e nada falou. O que poderia fazer? Brigar com um Marajá na frente de todos?

Ela se afastou e Edward a segui. Pediu para que seus guardas redobrassem a atenção e os cuidados. Mas não conseguiria ficar aqui. Ainda se sentia mal e se permanecesse ali poderia explodir com alguém.

Para onde eles foram? perguntou o inglês. Surya o olhou e nada disso. Mas ele entendeu. Teriam sua noite de núpcias. A festa continuaria até eles aparecerem no outro dia pela manhã.

Eu não quero ficar aqui.

Deixe-me ficar com você pediu ele e ela sorriu.

Você é a única companhia que eu gostaria de ter essa noite.

A escolha das DeusasWhere stories live. Discover now