— Sim — respondeu Surya sorrindo. — Eu pensei que nunca aconteceria. Eu levei o Edward para ver o guru e lá eu lembrei. Lembre de várias vidas e lembrei dele. Ele estava próximo de mim antes, muito antes. O lugar dele é aqui.
— Surya, você está apaixonada por ele? — perguntou Indira. Surya ainda não havia admitido aquilo para ela mesma.
— Acho que sim e estou muito assustada. Um inglês Indira. Um inglês.
— Sabia que aconteceria no primeiro momento que vi você próxima a ele.
— E agora Lakshmi, o que eu preciso? — perguntou Surya segurando firme as mãos da irmã, que fechou os olhos.
— Aceitar. Aceitar tudo isso que está me falando. E você saberá mais de amor do que eu, Parvati — respondeu Indira sorrindo.— O seu semblante está tão diferente e já havia percebido isso há alguns dias.
As duas se abraçaram.
— E Maya? — perguntou Surya.
— Eu vou conversar com ela.
— Eu preciso falar com Dinesh. O governador estava querendo usar Edward contra nós.
— Então vamos ter nossas conversas — disse Indira se levantando.
As duas saíram da ala da Rani. Indira foi ao quarto de Maya e Surya seguiu até o salão do trono onde sabia que Dinesh estaria naquela hora. No caminho pediu para que um criado chamasse Edward.
Dinesh estava sozinho, olhando por uma das janelas do palácio.
— Precisamos conversar — disse ela ao Marajá.
— Claro. Sobre?
— Podemos ir para um lugar privado — sugeriu ela olhando Edward que havia acabado de chegar.
Os três seguiram para uma das salas de reunião do Marajá. Guardas se colocaram a frente da porta para impedir que qualquer um entrasse.
— O que há de tão importante para me contar? — perguntou Dinesh sentando se a uma mesa redonda e os outros dois fazendo o mesmo.
— Ontem na festa, segui Edward e ouvi uma conversa dele com o governador — explicou Surya. Edward não esperava que ela fosse tão direta. Dinesh o olhou curioso. — Estava escondida. O governador o pressionou para ser um espião deles.
— Nada além do que esperávamos — disse Dinesh.
— Sim, a questão que Edward deixou claro que não tinha intenção de ser nada além do que um professor — continuou Surya.
— Eu confio no seu julgamento.
— A questão é que em alguns dias ele vai pedir informações a Edward. Se este não as der vai ser julgado por traição. Penso que podemos usar isto.
— Entendo. Mas porque o Edward — disse o Marajá olhando para o professor — trairia o governador por nós? Não me leve a mal. Você se adaptou muito bem aqui. Mas ainda é um inglês.
Edward não sabia como responder. Não sabia porque faria aquilo.
— Nisso chegamos ao segundo assunto — disse Surya. — Eu levei o Edward ao guru e despertei.
— O quê? — perguntou Dinesh se levantando. — Finalmente! — exclamou ele a abraçando deixando-a sem jeito.
— Por isso eu posso afirmar que ele não irá nos trair — disse ela o olhando.
— Se uma Deusa está falando, quem sou eu para questionar. É o que digo sempre a minha esposa. — Dinesh falou fazendo os outros sorrirem.— Agora teremos a missão que pensar no que ele falará ao governador.
Olhou para os dois juntos, sorriu e saiu da sala deixando-os a sós.
— Então é isso, acabo de trair meu país — disse batendo um dedo na mesa.
— Talvez não esteja querendo trair a si mesmo. Eu estava pensando, pela manhã você continua dando as aulas e a tarde eu poderia lhe ensinar algumas coisas. O básico para apenas se defender. Não dá para morar aqui e não ter noção alguma dessas coisas.
— Eu entendo e agradeço.
— Agora vamos almoçar — disse ela e ele a seguiu até o salão das refeições.
Lá Dinesh, Indira e Maya já estavam sendo servidos. A última com feição de poucos amigos. Surya imaginou que o tom da conversa entre as duas irmãs devia ter sido desagradável. Pelo menos sentia-se aliada de não esconder da Rani o que havia ocorrido entre Maya e Edward.
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A escolha das Deusas
FantasyUm tradutor tem a missão de espionar o Marajá de Varanasi para coroa britânica. Na mística cidade sagrada para os hindus, ele descobre um grande amor e seu destino.
Lakshmi
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