Capítulo 4

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O clima estava agradável aquele dia. E não é só pelo começo do inverno finalmente ter dado uma trégua. O clima estava agradável porque depois de muito tempo eu acordei feliz. Ontem assisti um filme e meio com Hinata já que o ruivo acabou pegando no sono e eu fiz o favor de deixá-lo descansar, está aí o motivo da minha felicidade hoje.

Não sabia ao certo, mas fazer companhia para Hinata era muito bom. Era bom porque eu me sentia confortável mesmo nos momentos silenciosos. Era bom porque eu podia averiguar como ele estava com meus próprios olhos. Bom porque Hinata dormia em minha companhia.

Mesmo que por conta da doença a insônia começava a se manifestar mais e mais a cada dia que passava, Hinata só dormia e realmente descansava quando estava comigo. Como se eu fosse sua segurança. E isso também significava que apesar das recusas, das brigas idiotas que tivemos, apesar de tudo isso, ele confiava em mim.

Eu calço os tênis e coloco a joelheira indo até o meio da quadra e levantando algumas bolas para Tanaka e Asahi em sequência.

Sentia falta de estar com Hinata. Falta de fazer nosso rápido maluco. A saudade de gastar todas as minhas energias só para não ficar para trás do ruivo.

Sentia falta do meu atacante.

— Kageyama — chamou Sugawara, ao final do treino. Todos começavam a arrumar a quadra para fechar o ginásio. E eu me aproximei do veterano. — Será que poderíamos visitar ele?

Tive que revelar sobre a hospitalização de Hinata para os outros membros do time. Ele achou melhor que eu contasse, assim não iria ter que enfrentar as perguntas e preocupações dos outros. Não teria que ver a expressão de pena e dó nos rostos deles.

Mesmo com apenas uma gripe eu me lembro de como Hinata ficava. Ele se cobrava e se esforçava mesmo gripado, mesmo tendo que ficar em repouso, só para que os outros pudessem ver que ele estava bem. O que ele faria agora para provar isso?

— Posso perguntar hoje — respondi, possivelmente sabendo que iria ter que avisar Sugawara que Hinata não queria visitas.

— Só iria eu, Tanaka e Nishinoya. Yamaguchi disse que está com medo de ver o estado de Hinata. Tsukishima é outro medroso também mesmo que não admita. E Daichi... ele não quer... não está pronto ainda.

Quis dizer que era melhor Daichi se aprontar o mais rápido possível, e ficar preparado. Não pensando no pior, mas apenas pensando em uma possibilidade.

— Claro. Eu pergunto se ele quer receber visitas.

Sugawara fingiu estar bem com aquela frase, deu para ver no sorriso frouxo que lhe dirigiu a mim. Acho que fiquei experiente em analisar o sorriso das pessoas. Mas eu não disse por mal, apenas disse a verdade. Hinata me odiou por ter descoberto a verdade, e não teve coragem para contar ao time sobre sua enfermidade. Como poderia simplesmente deixá-los o ver naquele estado em que se encontrava? Não fazia sentido algum para mim.

(...)

— Sabe, eu acho que ele não foi um idiota em ter feito essa escolha. Era filha dele, de consideração, mas era. Eu faria o mesmo.

Hinata tagarelava sem parar sobre a série que tínhamos acabado de ver juntos. Eu o escutava atentamente, manejando a cabeça em concordância com o que dizia. Se no lugar daqueles personagens fossemos nós eu não hesitaria em salvá-lo.

Pensar nisso aqueceu minhas bochechas e tentei afastar esse tipo de pensamento antes que minha mente começasse a me sabotar.

Tarde demais, Tobio.

— Estou ansioso para a próxima temporada, e você, Kageyama?

Não hesitaria em salvar Hinata? Tentei entender de onde havia surgido aquela frase. Bom, não era de todo mal na verdade. Se pudesse ao menos trocar de vida com Hinata, eu faria isso com toda a certeza. Ele não merece sofrer tanto, eu merecia.

Era só uma doença - KageHinaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora