Capítulo 10

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Quando risquei o último dia no calendário senti as borboletas dormentes em meu estômago ganharem vida novamente. Respirei fundo tentando me acalmar e puxei a mala para fora de casa. Meus pais me levariam apenas até o aeroporto e depois voltariam para casa. Eu podia sentir que eles estavam mais ansiosos que eu para viajar, principalmente porque eles teriam a casa só para eles. Fiz careta ao lembrar deles cochilando sobre uma segunda lua de mel, sorte a minha estar bem longe quando isso acontecesse.

— Tem certeza que não quer que um de nós te acompanhe?

— Certeza absoluta, eu sei que vocês tem outros planos. — Eu os encarei pelo retrovisor e ri baixinho, vi o rosto da minha mãe enrubescer.

— Mas você realmente confia tanto nesse garoto para se encontrar sozinha com ele em um país estranho? Fico com medo com tanta notícia ruim que vejo na tv.

— Pelo menos eu sei que ele não é fake, as videochamadas eram bem realistas. — Eu entendia a preocupação deles, eu mesma também estava preocupada, ainda mais depois de ver tantos casos próximos, mas eu devia dar um voto de confiança. — Prometo que qualquer coisa estranha eu os aviso, aliás vamos nos encontrar somente no show, ele vai estar trabalhando e não tem como me encontrar antes, então se ele for um tarado ou algo do tipo, posso fugir.

— Vamos tentar não pensar coisas negativas, querido. — Minha mãe tocou a coxa do meu pai e sorriu. Imaginava que ela tinha confiança assim como eu, e mãe nunca erra. — Pegou tudo que vai precisar?

— Sim, peguei, não se preocupem mais, apenas com esse trânsito se não vou perder meu voo.

Quando estava chegando no aeroporto recebi uma mensagem, minha amiga mais próxima enviou uma mensagem cheia de emoticon reagindo ao meu post mais recente.

"Sério que está indo para nyc? Minha irmã quer te matar kkkkkkk a banda favorita dela vai tocar lá esse final de semana e ela queria muito ir mais não tinha ninguém para levá-la."

"E que banda seria essa? Eu estou indo ver One Ok Rock, não seria esse, né? Não lembro dela gostar desse tipo de música, e fora que seria responsabilidade levar uma menor de idade para outro país. Deus me livre acontecer algo com ela."

Em seguida, um áudio da irmã mais nova de Gabriela gritando.

"Melissa, você é malvada, ninguém quer nunca me levar para ver o BTS, esperava mais de você que era a mais legal das amigas da Gabi."

Comecei a rir e cogitei por um minuto.

"Ficaria feliz se eu comprasse alguma coisa deles para você? Não sei nada de BTS, mas posso trazer algo para você, mas não prometo nada."

Gargalhei com a sua resposta.

Aos berros ela respondeu com áudio "SIIIIIIIIIIIIIM, qualquer coisa eu aceito, te amo Mel, você ainda é a mais legal."

Como Giulia era engraçada, às vezes só com a interação das duas me fazia ter uma vontade enorme de ter irmãos, por isso muitas vezes eu acabava a adotando como irmã mais nova.

Teria que me lembrar de procurar alguma coisa para trazer para ela e não perder o posto de mais legal.

Como o trânsito não ajudou muito, não tive tempo de uma despedida muito longa. Abracei os meus pais brevemente e corri até o portão antes que o avião decolasse. Era estranho estar ali pela primeira vez sozinha, estava acostumada a viajar mas era sempre ao lado dos meus pais e agora teria que controlar o medo de avião sozinha sem ter uma mão forte para me acalmar.

Como estava muito gelado dentro do avião, acabei puxando o moletom de Jae da mochila e a vestindo, a calma foi instantânea quando a vesti e o seu perfume me preencheu.

"Já está dentro do avião? Ele já decolou? Falta muito para chegar? Não esqueceu nada, né? Eu sei que está nervosa por estar sozinha, mas estou com você em pensamento, em poucas horas vamos estar juntos."

"Te vejo em breve"

Não tive tempo de responder muito já que a aeromoça pediu para que todos os celulares fossem desligados temporariamente, então aproveitei essa breja para enfiar meu rosto no moletom e tentar dormir o que não tinha dormido a noite.

✈️

Foram 10 horas de viagem e parece que não ter dormido a noite surtiu efeito já que só acordei quando a moça que estava ao meu lado cutucou de leve meu ombro avisando que o avião tinha pousado.

Sai me arrastando praticamente, ainda estava zonza e dopada de sono. Ainda não tinha conferido onde estava hospedada e nem como iria para lá, foquei primeiro em pegar as malas e tentar me localizar.

O saguão do aeroporto estava lotado, as fronteiras estavam abertas fazia pouco e parecia que todo mundo resolveu viajar para compensar o tempo que ficaram em casa ou presos no país de origem, e eu era uma delas. Ri baixinho quando passei por um homem de terno carregando uma placa com o meu nome escrito em letras garrafais, confusa me aproximei dele.

—Desculpa a pergunta, mas o senhor estaria me esperando?

—A senhorita seria Melissa Martini?

—Sim, eu sou, mas talvez exista outra garota com esse nome.

Ele puxou o celular do bolso e pareceu verificar alguma coisa enquanto analisava o meu rosto.

—Senhorita Martini, queira me acompanhar por favor. —Ele se curvou rapidamente e acenou para que eu o acompanhasse.

—Mas para onde? Desculpa, mas eu não o conheço e tenho certeza que ninguém me esperava.

—O Senhor Jeong me enviou para acompanhá-la até o seu hotel e tivesse certeza que tinha chegado em segurança.

—Senhor, eu não conheço nenhum ... —gesticulei para ele enquanto tentava lembrar o nome. —Jeong, ou sei lá.

O tal homem tossiu brevemente e me olhou diretamente.

—Creio que a senhorita o conhece por Jae.

— Um minuto, por favor.

Puxei o celular do bolso enquanto observava o homem colocar minha mala atrás de um carro preto com os vidros totalmente escuros não dando para ver nada dentro dele. Verifiquei a ficha de alunos de Jae e me assustei quando reconheci o seu sobrenome.

—O Jae realmente o mandou? —Tossi após me engasgar com a própria saliva.

— Exatamente e pediu para que te entregasse essas flores. — Ele tirou do porta mala um buquê de rosas e me entregou, eu mal conseguia me segurar que quase derrubou no chão as pesadas rosas vermelhas que enchiam um enorme buquê.

—Eu estou chocada. —O homem riu da minha reação e eu o encarei.

—Eu disse que seria demais para a senhorita, mas ele fez questão. Podemos ir?

—Acho que sim. —Pisquei algumas vezes antes de entrar no carro e me ver imersa em um sonho de princesa.

Ele é um idol ♪ BTSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora