Capítulo 51

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Catarina

Assim que ela cruzou a porta destinada a sair para curtir sua vida de solteira, me levantei indo em direção à cozinha. Encho um copo de água, o bebendo em seguida.

Dennis: Vida?

Catarina: O que é, Dennis? – falo com a voz cansada.

Dennis: Não começa, por favor.

Catarina: Não começar o quê?

Dennis: Isso. Sempre que a Karina entra nesse processo de ir pra farra, atrás de curar os problemas você fica assim.

Catarina: Tu acha que não dói ver a mulher que eu considero irmã, se acabando desse jeito?

Dennis: Eu sei que dói amor, mas tomar as dores dela não vai ajudar em nada.

Catarina: Vai se fuder! – falei baixo, pra não acordar a Jade. Mas minha vontade era gritar.

Ele tentou me segurar, mas escapei de seu toque saindo do cômodo. Fui direto pra sacada. Sentei na cadeira que havia ali e deixei as lágrimas caírem.

Porra, ninguém entende isso. A Karina não é só minha melhor amiga, com um tempo ela se tornou como a irmã mais velha que nunca tive. Faz apenas 6 anos que nos conhecemos, mas parece que crescemos juntas. Ela sempre esteve ali para mim, durante tudo que passei ela sempre me ajudou. A Karina é muito importante para mim, arrisco a dizer que ela é mais importante que o Dennis na minha vida.

Eu nasci na Bahia, mas fui criada em São Paulo pela minha vó. Minha mãe me teve com 15 anos e não tinha maturidade suficiente para me criar e nem me quis, então minha vó me criou. Fomos morar em Osasco, onde minha vó tinha uma casa. Depois tivemos que vender a casa em Osasco e se mudar pro morro do Índio, dos meus 7 anos em diante morei lá.

Quando eu completei 14 anos me apaixonei pelo Dennis, a avó dele era da mesma igreja que a minha, então às vezes eu via ele no culto. O Dennis era lindo demais, todas as meninas do bairro gostavam dele. Ele usava aparelho, então isso o fazia mais lindo, seu sorriso metálico era apaixonante. Seus olhos eram castanhos e ele tinha o físico magrinho. Mas o que me atraía nele era sua voz.

Quando ele ia pro culto, cumprimentava todos, inclusive a mim, sua voz doce era de revirar os olhos. Quando você falava com ele, ele prestava atenção em tudo que você dizia, às vezes eu me sentia desconcertada ao falar com ele. E as suas mãos eram tão macias.

Fiquei nesse crush durante dois anos, sempre tentei chamar a atenção dele para mim e sempre me fodi. Até que me surgiu uma oportunidade maravilhosa, fui convidada para o aniversário de uma conhecida que era amiga dele, ou seja, ele iria. Eu quase nunca estava nas mesmas festas que ele, já que temos a diferença de três anos de idade. Enfim, pedi pra minha vó e ela disse que eu só iria se antes fizesse mil e uma tarefas. Quinta-feira, dia de culto, seis da manhã eu tava acordada. Fiz faxina na casa toda.

Minha vó disse que era pra eu voltar no máximo 22h00 da noite. Quase morri de ansiedade e cansaço por causa da porra da faxina. Deu o horário e comecei a me arrumar, lembro que vesti um vestidinho rosa claro que era quatro dedos acima do joelho, provavelmente iria subir quando eu sentasse, mas nem liguei. Calcei uma sapatilha preta e deixei meu cabelo solto. Passei um gloss labial só pra não dizer que tava muito menininha e botei um brinco argola que tinha pegado emprestado com uma colega da escola.

Cheguei na festa já eram 19h30, mais ou menos, já tava bastante movimentada. Eu entreguei o presente da aniversariante, que era uma blusa e um short. Ela tava completando 18 anos, então tocava funk dos brabos, tentei rebolar a bunda, mas não deu muito certo, então fiquei só balançando os ombros bebendo meu refri.

Alma de Pipa (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now