Capítulo 12 - O Celular

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Encaro o portão do ouro lado da rua e respiro fundo sem saber se vou até ele e toco a campainha ou não. Eu devia tentar falar com o Isaac e dizer que meu celular ficou na casa do pai dele, mas como explicar que eu tinha certeza de que ele estava lá? Como explicar o fato dele estar lá? Nem eu sabia como isso tinha acontecido.

Respiro fundo mais uma vez e amaldiçoou o fato de não ter deixado o Matt vir junto. Não que o dono da casa fosse fazer algo contra mim, mas eu estava apavorada por entrar na casa de um estranho, mesmo que esse estranho fosse meu sogro. Ensaio mais uma vez o que ia dizer ao pai de Isaac, e como explicaria que éramos apenas amigos... Nem eu me convencia disso.

Eu era uma péssima mentirosa!

— Posso ajudar? – Um homem, com o dobro do meu tamanho vestindo um paletó preto com uma arma na cintura, para na minha frente.

— O que? – Falo num sopro.

— Você está há, pelo menos, uns vinte minutos encarando a casa. Vai me dizer o que quer? – Ele engrossa a voz e eu quero chorar. Como ele podia ser tão rude comigo? Eu tinha uma carinha de anjo.

— Eu, encarando? – Estava tão nervosa que nem conseguia me mover. Queria sair dali correndo, mas tinha quase certeza que, se fizesse isso, levaria um tiro.

— Você está fazendo eu perder a paciência. – Se aproxima mais.

— Ok, eu estava encarando! – Grito quase chorando – Mas é porque eu estava criando coragem para tocar o interfone. – Falo diminuindo meu tom e baixando a cabeça.

— E com quem você quer falar e por quê? – Ele relaxa um pouco.

— Com o dono da casa?! – Falo como se fosse óbvio – O senhor Edgar.

— Qual o assunto e da parte de quem?

— Da minha? – Dou uma relaxada, mas logo lembro que ele era o cara armado ali, então volto à minha postura – Eu sou uma... amiga do filho dele.

— O senhor Jorge não está na cidade há dois meses, então não vejo razões para você estar aqui. – Fala sem perder a postura.

— Jorge? – O irmão mais novo, claro! – Eu não conheço o Jorge!... Quer dizer, uma vez eu o vi, mas foi de passagem, um acidente para falar a verdade, a gente não sabia que ele ainda estaria no apartamento quando chegamos, não é como se a gente se conhecesse ou fosse amigos. – Ele me olha confuso – Eu sou amiga do Isaac. Na verdade, mais que amiga... – Mordo os lábios nervosa.

— Isaac? – Ele estava desconfiado e eu apavorada.

— Olha, moço! Eu só quero meu celular de volta! Eu sei que o Isaac está trabalhando agora, e, sinceramente, eu não queria ter que explicar isso para ele, mas ontem quando a gente veio aqui para pegar alguns documentos, eu deixei meu celular cair, quando saí do carro. E eu meio que preciso do meu celular, porque eu não sei o número das pessoas de cor, e porque é um celular bem caro, que eu não posso substituir no momento. – Falo rápido sem dar chance nem para respirar.

— Só um momento! – Diz e se afasta falando com alguém no que parecia ser um microfone em seu paletó. – Pode entrar! O senhor Smith está aguardando.

Caminho pela imensa estrada até a entrada da casa e a cada passo que eu dou eu penso em dar meia volta. Assim que chego na entrada da casa, cogito procurar meu celular no gramado onde estávamos ontem, mas sou interrompida pela porta de entrada sendo aberta por uma senhora em um uniforme de empregada, com direito até aquele chapeuzinho acima de um coque muito bem feito. Claro que uma casa como essa teria uma empregada usando esses uniformes datados.

S.W.A. 3 - As Decisões Da Nossa VerdadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora