6. The trip.

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                                                   Rio de Janeiro, 22 de Outubro de 2013

Passei o último dia inteiro pensando em tudo que estava acontecendo em minha vida e no que havia conversado com Maria Rosa. Eu também estou com tanta saudade de minha amiga querida. Ainda deitada, estendo o braço para pegar o notebook que estava em cima do criado mudo ao lado da cama, me sento e então abro o site de passagens aéreas e pesquiso os próximos voos para Nova Iorque. – Vai ser este. – Fecho a compra de um voo que sairá dentro de dois dias, chegarei na casa de minha amiga por volta das dez horas da manhã de sexta-feira. Se nada mudou desde a última vez que eu estive por lá, sexta-feira é um dos dias em que ela não tem ensaio. Pego o celular pronta para contar a novidade para Luíza quando um espírito diabólico toma conta de meus dedos e a envio a seguinte mensagem:

- Ami. Eu juro que eu fiz de tudo para ir, mas não vai dar certo. Me perdoa!

Coitadinha da minha amiga... eu sou mesmo muito ruim. Começo a rir imaginando o quanto ela vai me xingar quando eu aparecer à sua porte com a maior cara deslavada do mundo. Ela não responde, então tenho certeza de que ela já leu a mensagem e neste momento deve estar desapontada. Como eu tenho certeza que ela já leu? Não preciso de tecnologia nenhuma para saber disto. É que simplesmente Luíza é uma maníaca viciada em mensagens de texto. Quando estamos trocando mensagens, eu mal acabo de escrever e enviar, e ela já  manda outra enxurrada de mensagens. É maluca. Depois de mais de meia hora, ela finalmente responde:

- Está certo, Dandara. Fica para a próxima.

Ao ler a mensagem imagino o quanto ela deva estar chateada e penso em desmentir e dizer que eu já comprei até a passagem mas acabo desistindo. – Não, Dandara. É só por três dias, amanhã ela volta ao normal.

* * * * *

                                                                          24 de Outubro de 2013

- Dona Luíza, o táxi que a senhora chamou acaba de chegar.

- Está certo, Sr. Luizinho. Já estou descendo. Obrigada!

Desligo o interfone, pego a bolsa que estava em cima do sofá, as chaves em cima da mesinha de centro e vou em direção à porta onde minha mala estava. Abro a porta, pego minha mala e apago a luz da sala que era a única da qual ainda estava acesa. Tranco a porta e chamo o elevador. - Vai ser ótimo, eu tenho certeza!- Coloco estas palavras em minha cabeça como um mantra. Algo me diz que esta viagem será memorável.

- Me diga pelo menos que você já está no aeroporto. - É uma mensagem de texto de Maria Rosa. Deve estar toda orgulhosa porque conseguiu convencer "a mulher mais turrona desse Rio de Janeiro", como costuma carinhosamente me chamar. Ok, ela venceu uma batalha. Mas Nova Iorque é Nova Iorque, não é? Aquele lugar é mágico. Só não é mais do que o meu Rio de Janeiro. Esse lugar é lindo à qualquer hora do dia. E à noite tem todas essas luzes das ruas que dão um charme tão maravilhoso à esse mar agitado. Eu amo este lugar! Dois lugares no Brasil pelos quais eu sou apaixonada são Rio de Janeiro e Salvador. Terra de mainha, com muito orgulho. Esse amor tão grande só pode se explicar por eu ter sido concebida lá e nascido aqui no Rio. Confesso que eu só não saio do Brasil por conta disso. Não sei se eu saberia viver muitos anos longe desta beleza natural que me enche os olhos.

Depois de algum tempo eu me lembro do que estava fazendo, respondendo Maria. É engraçado como eu me desligo do mundo quando estou perto desse mar... Lindo. Lindo. Lindo.

- Estou a caminho, Rosinha. Segura a emoção! HahahaHahaha

- Demorou tanto que achei que tivesse desistido. Já estava me preparando pra ir meter o pé na tua porta.

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