Capítulo 75.

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Ellen...

- Ainda acho que você não deveria ir. – John reclamou colocando a gravata preta. – Na verdade eu acho que nem devia mais ter esse lançamento, a Eva pode nascer a qualquer momento. – Ele reclamou.

- E você acha mesmo que quando a Meg decide uma coisa tem como dissuadi-la? – O olhei incrédula.

- Mulheres. – Ele balançou a cabeça. – Ela entenderia se você não fosse. – Tentou uma última vez.

- Meu amor eu vou ficar sentada o tempo inteiro. – O abracei. – Agora me ajuda com a sapatilha por que essa barriga enorme não deixa eu me curvar. – Sentei na poltrona e o esperei.

- Teimosa. – Sentou no pufe a frente da poltrona e pegou a sapatilha rose brilhosa para colocar nos meus pés.

Hoje é o lançamento do livro da Meg, Henry tentou fazer ela adiar o evento porque já está muito perto da bebê nascer, mas ela se recusou a fazer, já que uma vez que der a luz vai ter que ficar afastada da empresa por meses. Vai ser uma cerimônia simples e rápida, no salão de eventos da editora. Estamos quase prontos, estou com um vestido azul escuro que está um pouco justo nos seios, sem mangas, uma faixa demarcando a cintura abaixo do busto, a saia caindo solta até os tornozelos, John está com terno preto e camisa branca.

- Obrigada querido. – Me levantei assim que ele colocou as sapatilhas em meus pés.

- Faço tudo por você minha linda. – Pegou minha bolsa me entregando antes de sairmos. – Eu estive pensando o que você acha de Thaís?

Nós combinamos de cada um escolher o nome de uma das meninas, mas vamos acordar com os nomes escolhidos, estamos há semanas tentando escolher os nomes, estou vendo a hora elas nascerem e nós as chamarmos de bebê 1 e bebê 2 por não termos escolhido os nomes.

- Acho Thaís um bom nome. – Disse entrando no carro ao seu lado.

- E você já escolheu? – Me olhou curioso.

- Ainda não, tenho pensando muito. – O que é verdade, eu tenho pensado muito, mas ainda tenho dúvidas.

Fomos o caminho inteiro conversando sobre os nomes que vamos escolher para nossas filhas, nossa animação era tamanha que o caminho passou rapidamente e quando percebi ele já estava parado em frente a editora.

Descemos do carro, alguns repórteres se aglomeravam na entrada abordando as pessoas que passavam por eles. Entramos no prédio e fomos para o salão de eventos que estava decorado elegantemente, ao lado da porta um grande banner com a capa do livro e a sinopse dele, um banner com uma foto de Meg ficava ao lado com uma pequena biografia. Dentro do salão tinha outro banner do livro, atrás do palco improvisado um banner com a capa e o logo da editora. 

Corri meus olhos pelo lugar observando as pessoas que se encontram no local, não foi muito difícil identificar nossos amigos em meio às poucas pessoas que estavam presentes, já que eram o maior aglomerado de pessoas conversando ruidosamente, caminhamos até lá.

- Boa tarde. – Nos aproximamos de mãos dadas.

- Boa tarde. – Era fim de tarde.

- Como você se sente? – Natalie me olhou preocupada.

- Estou bem. – Sorri.

- Você está enorme. – Tyler franziu o cenho me olhando. 

- Sempre tão gentil. – Revirei os olhos.

- Olá. – Meg falou se aproximando de mãos dadas com Henry.

Ela estava com um vestido rosa claro de mangas longas com duas fendas profundas nas pernas, Henry estava com um terno cinza ao seu lado e a olhava de forma protetora o tempo inteiro.

- Fico feliz que vocês vieram. – Sorriu nos olhando.

- Não perderíamos. – Tulipa falou. – O lugar é lindo. – Acrescentou olhando para Henry.

- Obrigada.

Continuamos juntos por alguns minutos conversando animadamente entre nós, meus pais, a sogra de Meg, sua mãe e avó não demoraram muito a chegar, cumprimentei todos e deixei que John me levasse até as cadeiras próximas ao palco para que eu pudesse sentar antes que ele endoidasse de vez, ou me pegasse no colo para levar até lá.

- Como você está, minha princesa? – Meu pai se sentou na cadeira vazia ao meu lado. 

- Estou bem papai.

- E minhas netinhas? – Minha mãe se inclinou para o meu lado.

- Estão saudáveis mamãe, desde ontem que elas estão bem quietas. – Me recostei na cadeira em busca apoio para minhas costas doloridas.

- Vou pegar água pra você minha linda. – John beijou minha têmpora e se levantou da cadeira ao meu lado.

- Ele parece muito cuidadoso. – Minha mãe comentou vendo meu marido se afastar.

- Ele é mesmo, ultimamente não quer me deixar sequer subir as escadas sozinhas. – Ri com a lembrança de ele insistindo para me levar no colo ontem à noite quando chegamos do trabalho.

- Certo ele, vai que você escorrega. – Meu pai falou me fazendo rir. – Vou visitar você mais vezes agora que estamos perto e ver se está se cuidando. – Falou me olhando sério.

- Pai! – Reclamei. – Não exagera.

Meus pais chegaram em Londres na semana passada e já estão instalados na casa nova, o que me deixa muito feliz por ter eles agora aqui perto de mim, me sinto completa, meus pais, meu marido, meus amigos e minhas filhas, as pessoas que eu amo estão perto de mim.

Não demora muito e John volta me trazendo uma garrafinha com água, agradeço e tomo lentamente alguns goles de água, não entendo por que, mas tenho sentido mais sede que o normal, acho que é meu organismo rindo de mim por esta com a bexiga apertada.

**

Os repórteres se posicionaram a frente do palco, seus amigos e familiares estavam presentes, Meg encontrou o olhar de Henry ao seu lado que sorriu com a ternura em seus olhos, ele se inclinou para lhe depositar um beijo na testa antes de subir para apresenta-la, a abraçou apertado e sorriu lhe olhando nos olhos, não precisavam de palavras para falar o que sentiam, ele se virou e subiu no palco ajustando o microfone no púlpito.

- Boa noite. – Olhou para a frente encarando os repórteres. – É com muita alegria que hoje vamos lançar o livro “Tempos de Guerra” a continuação de “O Despertar". – Ele tinha a atenção de todos. – A cerimônia, bem como a sessão de perguntas com os repórteres serão um pouco mais curtas do que de costume, mas eu espero que compreendam. – Seus olhos voaram na direção de sua esposa que se posicionava em um canto próximo ao palco. – Com vocês Margareth Taylor.

Meg sorriu e começou a subir os degraus em direção ao palco, sentiu uma leve pontada nas costas, a mesma que sentiu naquela manhã e no carro quando vinha para a editora, respirou fundo e continuou subindo em direção ao palco. Sorriu para o público ao se colocar ao lado do seu marido, se olharam e ele saiu lentamente para aguarda-la em um canto do quarto.

- Boa noite. – Falou olhando para a frente. – Estou muito feliz de estar aqui hoje lançando meu segundo livro, quando eu comecei a escrever “O Despertar” nem nos meus melhores sonhos podia esperar que ele fizesse o sucesso que fez, que tantas pessoas lessem e se conectassem com essa história, muito menos que me cobrassem tanto pelo segundo livro, é uma sensação incrível. – Sorriu orgulhosa por seu trabalho. – “Tempos de Guerra” como o próprio nome sugere vai trazer uma guerra pela sobrevivência das pessoas, do planeta, o mundo com o é conhecido está ameaçado nele. – A atenção de todos a volta estavam nela. – Bem, sem enrolação vamos a leitura do prólogo.

Ajustou o exemplar do livro sobre o púlpito passando as folhas até alcançar a desejada, começou a ler o prólogo do livro, um silêncio sepulcral se instalando a sua volta à medida que a atenção de todos estava voltada para a autora em sua leitura. A mente de Meg vagou para o seu último lançamento, sentiu um frio percorrer a sua espinha ao se lembrar do que aconteceu na ocasião.

“O Patrick está preso e vai continuar assim por muito tempo. Ele não pode me atingir agora, não pode machucar a mim, ou a alguém que amo, estou bem, estamos bem e vamos permanecer assim.”

Sua mão pousou de forma protetora sobre a barriga e virou o rosto por alguns segundos encontrando o olhar do seu amado, se forçou a se concentrar na leitura e deixar os pensamentos sombrios de lado, empurra-los para o fundo da mente. O enrijecimento desconfortável em sua barriga acompanhando de uma pontada mais forte na lombar ajudou a faze-la esquecer de seus medos e apertar a mão que segurava o livro se forçando a não transparecer dor em suas feições enquanto a sensação incomoda durou.

Quando concluiu a leitura e abriu a rodada de entrevistas a dor tinha passado e ela conseguia respirar normalmente, forçou um sorriso apontando para o primeiro repórter fazer sua pergunta.

- Boa noite senhora Taylor. – Ele se levantou. – Podemos esperar um livro repleto de aventura como o anterior?

- Na verdade. – Ela sorriu para ele contente com a pergunta. – Ele tem tanta aventura como o anterior e eu diria que o supera em ação, espere grandes emoções nesse livro. – O homem acenou e se sentou.

- Boa noite. – Uma mulher se pronunciou se apresentando ao se levantar. – A senhora já começou a escrever o terceiro livro e ele será mesmo o último? 

- Sim, eu já comecei a escrever o terceiro livro, está bem adiantado por sinal. – A verdade é que está bem perto de conclui-lo. – E sim ele será o último da trilogia, porém, pretendo fazer um spin off depois dele. – Respondeu prontamente.

- Isso é muito interessante. – A mulher se adiantou ajeitando os óculos. – Sobre o que será esse spin off?

- Contará a história mil anos antes do início de “O Despertar”, como os clãs ancestrais viviam e como ficaram adormecido. – A mulher se sentou contente com a resposta.

- Boa noite senhora Taylor. – Um homem jovem se levantou. – É bem interessante que ainda se chame Taylor, não pretende usar o nome do seu marido? – Seus olhos reviraram ao ouvir a pergunta do homem.

- Não, eu não pretendo. – Falou em um tom sério. – Green é realmente um belo sobrenome, mas eu já tenho um sobrenome do qual eu me orgulho muito. – Olhou para a avó sorrindo. – E não pretendo muda-lo. – Acenou para a próxima pessoa.

- Na capa do livro anterior a personagem principal é chamada de garota, nesse é usado a palavra mulher. – Uma mulher de cabelos Black Power perguntou. – A escolha de nomenclatura tem algum significado? – Meg riu contente por ela ter notado.

- Na verdade sim, tudo que aconteceu com ela no primeiro livro a mudou profundamente, fez ela amadurecer e tomar decisões que afetaram a vida de muita gente, principalmente a sua própria. – Meg falou olhando para a repórter. – No segundo livro ela é essa mulher que foi moldada pelas circunstâncias e certamente está bem mais forte que antes.

Segurou forte no púlpito sentindo a sensação de enrijecimento se formar novamente e a dor irradiar não mais somente em sua lombar, aquilo a fez ter uma luz sobre o motivo do que estava sentindo. Forçou um sorriso quando uma mulher de cabelos tingidos de loiro se levantava.

- Você tem aqui presente muitas pessoas da sua família. – Ela sorriu. – Mas, são os que não estão presentes que me intrigam. – O sorriso de Meg sumiu e ela encarou a mulher severamente se forçando a não fazer uma careta de dor. – Seu pai, e sua irmã mais velha não estão presentes. – Fez uma pausa. – Eles também não compareceram ao lançamento do seu primeiro livro e nem tão pouco ao seu casamento, você tem algum problema com essa parte de sua família? É esse o motivo para usar o sobrenome de sua avó?

Rosemary ficou tensa instantaneamente na plateia por ter a intimidade de sua família exposta dessa maneira na frente de várias pessoas, Eva apertou a mão de sua filha, Henry olhou para a sua amada esposa desejando se adiantar para sua esposa e tira-la de lá imediatamente. Os seus amigos a olhavam e todos pensavam que ela estava abalada com a pergunta, quando na verdade estava se recuperando de uma forte contração.

- Bem, eu falei isso no lançamento passado, vou repetir na esperança de não ter que fazer novamnete no próximo, essa coletiva é para falar do livro e não da minha vida pessoal, essa diz respeito somente a mim. – Falou severamente sentindo um líquido escorrer por sua perna. – Agora a coletiva de imprensa está encerrada, façam bom proveito do bufê e comprem alguns livros. – Ela sorriu. – Eu tenho que me retirar agora, tenho uma bebê para parir. – Falando isso se afastou deixando o palco.

Assim que ouviu as suas palavras Henry correu na direção da esposa pouco se importando com os flashes que romperam contra eles, a alcançou perto da escada e olhou por sobre eu ombro para a frente do palco.

- A bolsa estourou. – Ele sussurrou a amparando.

- Sim, a Eva quis nascer em grande estilo. – Sorriu apertando a mão do marido.

- Vamos pra maternidade. – Ele disse e ela apenas assentiu.

Henry começou a andar amparando a esposa em direção a saída, mas estavam indo devagar demais, pegou ela no colo e caminhou rapidamente para fora do lugar não se importando com os olhos virados em sua direção. Seus amigos e familiares andavam em seu encalço, Frank já esperava na porta da editora com a porta do carro aberta, ele tinha escutado a fala de Meg e saído correndo na frente de todos para pegar o carro. Henry sentou-se no banco de trás do carro com sua mulher em seu colo, assim que o carro começou a andar seus braços se apertaram em volta dele e seu rosto se contorceu em uma careta de dor.

- Meu anjo? – Sua voz soou preocupada.

- Contração. – Foi tudo que ela disse enterrando a cabeça em seu peito.

Frank dirigiu o mais rápido que pôde sem colocar a vida das duas em perigo, em pouco tempo estavam parando em frente a emergência do hospital, Henry a pegou no colo e correram pra dentro do PS.

- Senhor. – Uma mulher de meia idade apareceu assim que passaram pelas portas.

- Boa noite, minha mulher está em trabalho de parto. – Meg não falava ocupada demais apertando o ombro de seu companheiro para lidar com outra contração. – Chame a doutora Montgomery por favor.

- Claro senhor me acompanhe.

A mulher começou a guia-los para o elevador enquanto gritava com alguém pelo caminho pedindo para que mandasse a doutora Montgomery direto para a ala da maternidade.

**

Ellen... 

Fiquei algemada ao ver que Meg tinha estourado a bolsa, mas de fato não estava surpresa com isso já que ela estava com 39 semanas de gestação, Eva certamente quis fazer de seu nascimento um evento. Uma parte de mim se pergunta se as lembranças do último lançamento influenciaram no trabalho de parto, pois algumas delas eram muito angustiantes.

Andamos o mais rápido que deu devido ao peso que carrego em mim, quando chegamos do lado de fora da editora Meg e Henry já tinham saído, Carol, Beatriz, Rosemary e Eva estavam entrando no carro e logo saíram. Marianne foi com Grace e Nathan, Andrew levou Tulipa e Violet, Lyanna foi com o namorado, Iam e Natalie vinham com a gente.

- Eu vou ficar um pouco para controlar os repórteres e deixar alguém responsável pela recepção. – Tyler falou nos olhando.

- Tudo bem. – Falei.

- Assim que eu terminar aqui encontro vocês lá. – Ele prometeu.

Disse e se virou voltando para dentro do prédio, entramos no carro e John dirigiu tranquilamente pelas ruas na direção do hospital, quando chegamos lá todos já estavam aglomerados na sala de espera da maternidade esperando por alguma notícia.

Os minutos se passaram e ninguém aparecia para nos dar notícias, Tyler chegou cerca de 20 minutos depois trazendo meus pais com eles, na correria eu esqueci completamente de perguntar se eles queriam vir juntos.

- Os encontrei no salão, estavam tão preocupados que resolvi traze-los comigo. – Ele disse se aproximando.

- Como ela está? – Minha mãe me abraçou.

- Ainda não tivemos notícia.

A espera continuou até que a doutora Montgomery apareceu com Henry em seu encalço, se dirigiu para nós e todos ficamos de pé esperando.

- A Meg não está com dilatação suficiente. – Ela falou nos olhando. – Isso provavelmente irá demorar algumas horas, pois na última meia hora seu colo não dilatou nada e as contrações praticamente cessaram. Eu sugiro que vocês vão pra casa descansar e voltem pela manhã, principalmente você Ellen. – Disse a última parte me olhando.

- Eu ligo se ela entrar em trabalho de parto. – Henry prometeu.

- Tudo bem, eu posso vê-la? – Perguntei, não queria sair sem falar com ela.

A médica assentiu e uma enfermeira me levou até o quarto onde Meg está internada, abri a porta lentamente, passei álcool em gel nas mãos e fui até a cama, ela estava com uma bata florida de hospital e me olhava sorridente.

- Chegou a hora.

- Eu soube. – Peguei em suas mãos.

- Pena que meu corpo não quer ajudar. – Seu sorriso morreu.

- Cada pessoa tem um organismo, daqui a pouco você dilata e ela nasce. – Lhe assegurei. – Está com medo?

- Apavorada. – Ela disse me fazendo rir.
- Vai ficar tudo bem.

- Vai sim. – Ela sorriu. – Você devia ir pra casa descansar, a quero aqui quando a Eva resolver nascer.

- Tudo bem. Descanse também, você precisa de forças.

Troquei mais algumas palavras com ela, dei um beijo em seu rosto e sai caminhando de volta para a sala de espera, onde John me aguardava pronto para ir embora, nos despedimos de todos e saimos.

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A Eva resolveu nascer bem no meio da entrevista  ela devia querer se livrar dos repórteres. Kakakakak

Até domingo.  😘💜

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Um Toque de Confiança - Meu Clichê (Livro 2) (Concluída)Where stories live. Discover now