Corte rápido

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Após a última missão, Joui tinha certeza que não seria capaz de sentir tanta raiva ao encontrar qualquer ser sobrenatural novamente.

Quão tolo foi ao afirmar isso.

A pedido do Sr. Veríssimo, foi mandado para o que a princípio era um mero asilo abandonado, mas que na verdade escondia um lar de diversos zumbis de sangue. Com uma breve despedida para os amantes — e com seu ânimo elevado ao saber que as fotos de Cesar tinham voltado ao normal —, partiu para o que era pra ser uma missão rápida: matar as criaturas que residiam no local, limpar a área e então ir embora, o que seria feito em no máximo algumas poucas horas. Porém, ao abrir as portas do salão do asilo e se deparar com um símbolo que não tinha visto até então marcado em todos os lugares onde poderia estar, soube que a missão não seria tão rápida quanto pensou.

Conforme vasculhava local e matava os zumbis de sangue que apareciam para lhe atacar conforme as portas eram abertas, descobriu que um pequeno grupo de ocultistas trazia vítimas para o local para as transformar nas criaturas que encontrava, afim de criar uma espécie de exército delas para benefício próprio. Investigando com cautela, conseguiu encontrar a base verdadeira dos ocultistas que praticavam aqueles atos nojentos, o que levou quatro dias para fazer. Era um sítio que ficava em meio a uma parte mais afastada de São Paulo conhecida por suas grandes fazendas e pouco movimento, e justamente pela pouca movimentação, era fácil encontrar qualquer desavisado que vagasse pelas redondezas.

Estava escondido atrás de algumas árvores próximas ao local, analisando com calma enquanto aguardava pela oportunidade certa de invadir, embora tudo o que mais quisesse era simplesmente estourar as portas do celeiro e descontar sua raiva em cada responsável por fazê-lo perder os dias em que poderia estar em casa relaxando com Cesar e Arthur. Já se passaram quatro dias desde a última vez que os vira e apenas poucos textos de avisos rápidos como "estou bem" não eram suficientes para saciar sua vontade de estar próximo a eles novamente.

Como uma ironia da vida, sentiu seu celular vibrando no bolso, o alerta indicando uma mensagem de Arthur.

Grupo dos Três Mais Lindos da Ordem

criado por Arthur-San

Arthur-San: Tudo certo aí? [13:02]

Esperando. [13:02]

Acho que isso tudo logo acaba. [13:03]

Arthur-San: Entendido [13:03]

Cesar-Kun: [figurinha de um dinossauro com luvas em formato de belezinha] [13:03]

Guardou o celular novamente, voltando sua atenção para o cenário em sua frente. Sabia que haviam pessoas lá dentro e ao constatar a falta de preparo delas para com a sua presença, subiu sua máscara novamente e desembainhou a espada, caminhando discretamente para perto da fazenda. Espiou em uma das janelas, vendo duas pessoas conversando em uma mesa do que aparentava ser a cozinha, elas não se vestiam de maneira extravagante como era de costume dos ocultistas, mas tinham tatuagens do símbolo que viu no asilo nos braços, o que denunciava suas verdadeiras intenções. Sabia que haviam, no máximo, seis pessoas no local. Precisava descobrir onde estavam as outras. Seguiu para a próxima janela, encontrando um homem, também tatuado, brincando com uma faca, o primeiro que poderia ameaçar sua segurança. Mais a frente, na entrada do celeiro, três pessoas conversavam, todas com o mesmo símbolo. Apenas um armado, mas sabia que era apenas questão de tempo até cada um deles se preparar uma vez que entrasse. Precisava agir rápido.

Sendo o mais furtivo que podia, caminhou em passos leves atrás dos vários objetos presentes na área, contornando os homens que estavam distraídos demais para notar sua presença, até estar posicionado atrás deles. Em um movimento rápido, cruzou a espada na nuca dos três, sequer os dando tempo para reagir, vendo os corpos caindo no chão em um baque surdo. Os investigou o suficiente para perceber que prendê-los de nada adiantaria, eles lutariam até a morte para não serem capturados.

Um refúgio em seus braçosWhere stories live. Discover now