Capítulo XXXVIII

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-Eu estava com raiva. - disse meu pai olhando em meus olhos.

Estávamos em um restaurante próximo ao nosso bairro. Nós três. Dener estava sentado ao meu lado e meu pai à nossa frente. Ele segurava minha mão com uma força carinhosa.

-Fiquei com tanta raiva da sua mãe por ter me deixado. Eu sabia que não era culpa dela, mas eu não conseguia evitar, ela havia me deixado tão de repente por causa de uma doença a qual ela não deveria ter, ela era muito nova para Alzheimer. É possível, mas tão raro na idade dela. Eu estava irado. - falou com expressão. - e com medo também. - ele suspirou. - estava com medo de você filha...

-De mim? - perguntei com um nó preso na garganta.

-Sim, você é tão parecida com ela que isso me assustava, seu cabelo, seu jeito de falar, algumas das suas atitudes, seu rosto, você é a cópia dela, olhar pra você me machucava porque eu me lembrava da sua mãe lembrava da dor, da raiva.

Percebi que diante os termos que meu pai usou, Dener se remexia na cadeira meio incomodado.

-Eu não queria agir daquela forma, mas eu não conseguia evitar. Porém, quando você foi embora, um sentimento começou a me preencher naquela casa, eu estava me sentindo culpado e vazio. Você é minha filha Emily, era tudo o que eu tinha e a maltratei e deixei que fosse embora eu fui um péssimo pai para você fui egoísta, eu não notei que você estava sofrendo tanto quanto eu. Você estava sem mãe e seu pai estava te rejeitando. Eu sinto muito querida, eu não notei que precisava de você tanto quanto você precisava de mim. Me desculpe. - ele me encarou com expectativa e os olhos levemente embargados.

Apertei a mão direita do meu pai sobre a mesa e sorri fervorosamente para ele.

-Obrigada por precisar de mim pai. Eu perdoo você, não tenho motivos para não fazer isso, eu o amo tanto e sinto sua falta demais. - respondi com uma lágrima descendo por minha bochecha.

Nós nos resolvemos. Eu decidi voltar para casa e quando acabamos de conversar sobre nós dois, meu pai quis saber sobre meu relacionamento com o professor, que empertigou-se com um olhar tenso ao ouvi-lo perguntar:

-Então... - meu pai pigarreou e cruzou as mãos na mesa - é realmente sério o que tem com minha filha Sr. McWillians?

-Absolutamente, Sr. Dan-i e por favor, me chame apenas de Dener. - o professor disse com a voz um pouco vacilante. Falava de uma forma tão formal que me fez querer rir.

-Me chame apenas de Jonathan também, Dener. - disse meu pai com um tom mais amigável.

-Como preferir, Jonathan.

-Obrigada por cuidar da minha filha quando ela precisou. Foi como um pai para ela... - meu pai ficou levemente vermelho quando percebeu o que disse - eu não quis dizer que você parece o pai dela nem nada disso. Quer dizer, vocês dois têm uma grande diferença de idade, mas... - ele balançou a cabeça, soltou um riso nervoso e bebeu um gole de água que estava em cima da mesa.

Aquele assunto era difícil pra ele já que apesar de Dener ser bem mais novo que meu pai, ele ainda o via de igual para igual. O via como o adulto que ele era e a mim ele apenas via como sua filha menor de idade que era o que eu era.

-Está tudo bem, pai. - o tranquilizei.

-Preocupa a você nossa diferença de idade? - perguntou Dener me deixando surpresa. Sua expressão era séria.

Meu pai pigarreou novamente e encarou Dener com uma grande seriedade.

-Não vou mentir para você. Me preocupa, afinal, sou o pai dela. - ele suspirou. - mas não posso impedir isso. Se Emily gosta mesmo de você, não posso impedir que seja feliz. - ele disse encarando o professor.

Dener, que até então parecia tenso, recostou-se na cadeira e abriu o único botão que fechava seu terno com a mão direita.

-Eu quero que saiba que sua filha tem meu mais sincero respeito e também, tem meu amor. Não vejo mais minha vida sem ela. Não é uma aventura pra nenhum de nós dois. - ele virou o rosto para mim com um sorriso simples e sincero. - ela me abriu e me viu por dentro, como um livro. - Dener ergueu a mão esquerda para mim e eu deslizei a minha mão direita sobre a palma da dele. Ele segurou firme como nunca tinha feito antes e meu coração se aqueceu de uma forma especial. - Ela é pequena, tudo nela é... - falou olhando para minha mão que segurava a sua - mas é um livro bastante interessante que eu não pude evitar não amar.

Quando Dener falou daquela forma, me lembrei de Dave chamando-me de pequeno livro e agora consigo entender o seu embaraço naquele momento. Pode ser só uma especulação, mas acho que Dener é quem me deu esse apelido e por alguma razão foi para Dave que ele o disse. Não sei como não pensei nisso antes, afinal, só Dener mesmo inventaria algo sim e Dave pareceu indiferente ao perceber que eu gostei do apelido. Balancei a cabeça em afirmativo para minha suposição.

Enrubesci levemente ao tomar o rumo da conversa novamente e por ele dizer aquelas coisas na frente do meu pai, mas ele não parecia nenhum pouco envergonhado e sim, muito feliz e aliviado. Acho que meus problemas com meu pai deixavam Dener muito aflito e preocupado.

-Muito bem. - meu pai pigarreia chamando nossa atenção. - aceito que fiquem juntos, mas tenho que avisar que não será fácil. Não enquanto Emily estudar, principalmente na Escola Willians. Sabem o quanto as regras de lá são rígidas nesse quesito e eu conheço bem o diretor, não será nada fácil.

-Sabemos e vamos ser cuidadosos até Emily ter 18 anos. - falou Dener.

-Claro. - assentiu meu pai parecendo preocupado.

-Tudo bem, pai. - toquei sua mão novamente. - seremos cuidadosos e se descobrirem, vamos tomar o controle da situação.

Meu pai encarou-me e sorriu de modo gracioso.

-Minha filha, sempre agindo como a responsável. Talvez não seja tão parecida assim com a sua mãe afinal. - sibilou ele.

-Parece que todos estão me dizendo isso ultimamente. - falei com uma certa indignação.

-Todos? - ele perguntou rindo.

-Conheci uma amiga de minha mãe recentemente, não é Dener?

Começamos uma conversa animada sobre Alicia e minha mãe. Meu pai lembrava-se dela e me contou mais coisas sobre minha mãe que eu não sabia. Me senti tão feliz e animada naquele momento, parecia que finalmente ele era meu pai. Nos divertimos muito relembrando momentos vergonhosos de minha infância. Meu pai sempre disse que eu fui uma criança engraçada e Dener não deixou de querer saber o porquê. Bem, eu espero que as coisas continuem assim e quanto ao colégio...

Eu realmente quero muito saber tomar o controle da situação se nos descobrirem.

Olá pessoas! Parece que finalmente esses dois começaram a se acertar, que bom! Humm

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Olá pessoas! Parece que finalmente esses dois começaram a se acertar, que bom! Humm... Mas agora, Emily começou a se preocupar novamente com o que vai acontecer se o relacionamento dela com o professor vir a público... Será que ela vai deixar isso afetar o que ela sente de novo? Terça vocês vão descobrir. Se gostaram, deixem uma estrelinha ⭐🥺 e comentem o que acham. 🥺🥰

Nota: Eu só queria agradecer a uma leitora em especial que está acompanhando a história assiduamente, é a santos_jamilli, ela até me lembrou de postar o capítulo de hoje! Kkkkk obrigada pelo carinho. ❤️🥰😍

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