Capítulo XXV

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20:30h. Dave continuava sentado, só que alguns minutos atrás ele pegou seu celular, parecia mandar mensagens distraidamente. Eu estava batendo um papo com Alicia enquanto ninguém na biblioteca necessitava de ajuda. Ela me contou muitas coisas sobre quando era adolescente e eu ri muito, assim como sua irmã mais nova, Alicia gostava de contar suas experiências. Mas de repente, seu olhar ficou sugestivo e ela me perguntou:

-Então, ele é seu namorado, querida? - enrubesci no mesmo instante.

-Não! Não... - disse o último não baixinho.

-Ele é muito bonito e aparece gostar e se importar com você. - afirmou analisando Dave.

-Não acho que ele goste de mim não dessa forma. - falei olhando para o lado.

-Então, o que ele faz aqui? - perguntou.

-Bem, eu tinha um - hesitei em dizer, mas Alicia era uma senhora simpática e parecia bem instruída, acho que não tinha problema em contar um pouco sobre minha vida - relacionamento com o irmão dele - falei abaixando minha voz como sempre. - acho que ele se sente culpado por não ter dado certo e só quer me ajudar.

-Isso pode ser difícil. - ela disse pensativa.

-O quê? - apoie-me no balcão a fim de ouvi-la melhor.

-Relacionamentos. Bem, querida, eu conheço um homem apaixonado e acho que esse garoto gosta de você, você por outro lado parece ter outra pessoa aí dentro... Ainda assim, fica mexida com esse garoto, não? - ela disse sugestiva novamente.

Agora que ela comentou isso. Antes, Dave em nada me afetava, ele era apenas o irmão mais novo de Dener, mas agora, que está se empenhando a meu favor e me ajudando, agora que ele fica mais próximo, noto coisas que não notava no início. Mas jamais poderia admitir tal coisa.

-Eu... - olhei para Dave - é só que - fiquei nervosa - ele é muito parecido com o irmão. - disse por fim. - eu nunca havia tido sentimentos por ninguém até conhecê-lo e ele... - suspirei sem completar.

Escutei um riso seguido de um sorriso animador de Alicia. Ela segurou em meu braço mostrando consolo e me encarou.

- "Que estranho absurdo dizer-se que a juventude é a época da felicidade. A juventude é a época da vulnerabilidade."

-Morte no Nilo, Agatha Christie. - falei quase que inconscientemente.

-Você é boa mesmo, menina. - seu sorriso se alargou aprofundando algumas rugas aparentes - está vulnerável, você precisa tomar cuidado, o amor não é um parque de diversões, é um sentimento. E nunca foi fácil lidar com um sentimento tão forte assim, mas apesar de vulnerável, eu percebo que é uma jovem esperta, sei que vai se sair bem. - disse.

-Obrigada. - falei me perguntando o que ela pensaria se eu dissesse que estava apaixonada pelo meu professor de literatura. Talvez ela também achasse que é uma paixão sem sentido e passageira, eu me questiono quando vou começar a pensar assim também e convencer meu coração disso.

Dave levantou-se e me fitou ainda com o celular em mãos. Andou até mim com um sorrisinho brincalhão nos lábios e aquilo me assustou, o que será que ele aprontou novamente?

-Bem - suspirou desviando o olhar para o celular - meu precioso irmão estará aqui em apenas 20 minutos e esse é o total de tempo que você tem para decidir se vem comigo ou não.

Arregalei meus olhos para ele e desarmei minha postura relaxada.

-Você disse para ele que estou aqui!? - perguntei incrédula.

-Sim. - ele disse simplesmente. - então, o que vai ser Emily? Sei que não está preparada para vê meu irmão agora. - ele deu um passo na minha direção e manteve os olhos fixos em mim. - vem comigo. - pediu de um jeito manhoso.

O Que Há Nas Entrelinhas?Where stories live. Discover now