Capítulo 13 - Violet

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Entrei no quarto e fui direto para o banheiro. Não pensei muito no que estava fazendo, só queria esquecer tudo aquilo, apagar da minha mente o que tinha acontecido.

Olhei no espelho e encontrei um trapo humano, não uma mulher jovem e forte, como acreditei que era. Meus olhos estavam inchados e vermelhos, e meus cabelos despenteados. Naquele momento, eu estava com vergonha de mim mesma; decepcionada como jamais estive com algo que já fiz. Solucei ainda mais, sem conseguir desviar os olhos do meu reflexo, e desesperada, quase louca, pode-se dizer, não pensei duas vezes antes de rasgar aquela camisola ridícula e ficar só de calcinha, que logo fiz questão de descartar também.

Abri a torneira da banheira e entrei nela, antes mesmo que a água pudesse enchê-la até a metade. Fiquei lá, parada, concentrada em minha dor, e só percebi que a banheira tinha atingido sua capacidade, quando a água começou a transbordar para o resto do banheiro. Lentamente, fechei a torneira e peguei um pouco de sabão, despejando na água. Comecei a esfregar meu corpo como se eu tivesse deitado e rolado sobre uma poça de lama, querendo me livrar de uma sujeira invisível, que na verdade não estava grudada em minha pele, mas sim no meu coração.

Fiquei assim por vários minutos, alternando-me entre esfregar minha pele de forma violenta e mergulhar completamente sob a água, até que a necessidade de respirar se tornasse mais forte do que a dor em meu coração, e eu precisasse emergir novamente, em busca de ar. No entanto, mesmo assim, não conseguia parar de chorar. As lágrimas caiam incansavelmente e isso só me entristecia ainda mais. Não me movi, tentando controlar a respiração ao ponto dos soluços não serem mais tão frenéticos, e pensei ter conseguido, pelo menos até que o impensável acontecesse.

Pulei, assustada, fazendo com que um monte de água saísse da banheira, quando senti uma mão apertar meu ombro. Gritei e imediatamente olhei para trás, sentindo meu coração bater como um louco.

Voltei-me para Ethan, sem acreditar que ele estivesse realmente ali:

— O que está fazendo aqui?! — exige saber.

— Shhh. Fala baixo antes que alguém apareça aqui, como da outra vez.

— Não vou fazer isso. Quero que dê o fora daqui! Agora! — gritei, apontando para a porta do banheiro.

Por que ele não podia me deixar em paz, droga?! Será que era tão difícil assim?

— Não vou fazer isso...

— Ah, vai sim!

— Não posso!

— Acho que se escalou uma árvore, você é bem capaz de fazer isso de volta, Ethan. Faz o que eu peço pelo menos uma vez na vida, e vai embora. Eu não consigo mais lidar com essa merda.

As últimas palavras foram quase impossíveis de serem ouvidas, pois eu já não tinha mais forças para brigar. Deslizei sobre a banheira e descansei minha cabeça sobre os joelhos, enquanto unia as pernas junto ao peito e passava meus braços ao redor de mim mesma, esperando que assim ele fosse embora. Porém, acho que Ethan tinha algum problema que o incentivava a contrariar as pessoas, pois diferentemente do que pedi, ele voltou a tocar meu ombro e senti sua respiração quente batendo na lateral do meu rosto.

— Eu não posso ir embora. Não posso continuar lutando contra o que sinto por você, por mais que saiba que isso seria o certo a fazer. Tentei por muito tempo, mas não dá mais. Eu sei que isso coloca em risco tudo pelo o que lutei até agora, mas eu não vou te perder outra vez. Não vou te afastar e ter que conviver com a dor que isso me traz. Não sou forte o suficiente...

Eu soluçava ainda mais forte, porque isso sempre foi o que desejei escutar dele. Apesar de ter me machucado várias vezes, não conseguia viver sem Ethan. Ele era tão necessário para mim quanto o ar que respiro, e não pude fazer nada contra essa situação, além de chorar e sentir o alívio que eu tanto buscava, antes de ele invadir aquele banheiro.

Libertada (Duologia Raptada #2)Where stories live. Discover now