Capítulo 44 - Ethan

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Diana Baker morreu às 19h43 daquele mesmo dia.

Eu tinha acabado de sair do quarto de Jake, após uma visita prévia a Jamie e a Jenny, nas quais constatei que todos estavam bem, mesmo depois do susto que tomaram. Só precisariam de alguns dias de repouso, assim como tomar a medicação correta e logo estariam novos em folha.

Minha mãe se dispôs a permanecer na casa de Jake, cuidando deles após receberem alta, até porque, depois de tudo que aconteceu, eu provavelmente estaria sem emprego e sem residência, não sendo bem-vindo na mansão dos Baker, de modo que era incapaz de dar abrigo a ela e a Jamie. Eu também não possuía intenção alguma de continuar lá, como se nada tivesse acontecido, e sempre soube que seria algo temporário, até descobrirmos o que de fato tinha acontecido no passado.

Foi nesse momento que ouvi um grito, grito que esse que eu conhecia muito bem, pois pertencia à uma das pessoas que eu mais amava no mundo.

Corri até lá e a encontrei encolhida no chão, com as mãos cobrindo o rosto, que não parava de jorrar lágrimas de tristeza. O médico tentava ajudá-la, pedindo que levantasse e sentasse em uma das cadeiras disponíveis por ali, mas Violet não o dava ouvidos. Então, peguei-a no colo e a pus sentada sobre minhas pernas, sem nenhuma resistência de sua parte.

— O que aconteceu aqui? Violet! Fala comigo! — implorei, preocupado, checando seu corpo em busca de algum machucado, algo que lhe causasse dor, mesmo sabendo que ela estava bem.

O único machucado que possuía estava num canto bem escondido, em um local que não podia ser visto à olhos nus: seu coração.

— O que disse a ela?! — gritei com o médico, querendo explicações para o estado dela, nervoso por vê-la sofrendo daquele jeito.

— Ela acabou de perder a mãe. Sinto muito. Fizemos o que foi possível, mas o estado dela era grave. Ela foi muito atingida pelas ferragens, e não resistiu.

O médico lamentou. Sua expressão de pesar bem sincera, apesar da voz um pouco fria, provavelmente devido às tantas outras vezes nas quais deu a mesma notícia para famílias que se encontravam em situações semelhantes.

Senti minha respiração travar dentro do peito enquanto via o médico se afastar, voltando ao trabalho. Eu não podia dizer que lamentava a morte dela, por tudo que ele nos fez passar, mas sofria pela tristeza de Violet. Meu amor por ela não me permitia ser insensível ao ponto de comemorar a morte de Diana, mesmo ela sendo a mulher que destruiu a vida do meu pai e que agora tinha o mesmo destino que outrora causou a ele, com a diferença que sua sentença foi bem mais rápida e dolorosa.

Busquei afastar tais pensamentos para não ser dominado pelo rancor e me concentrei em Violet, que ainda soluçava em meus braços.

Não sabia o que dizer a ela, só conseguia abraçá-la, querendo passar a sensação de que tudo ficaria bem, por mais que eu soubesse que a dor de perder um ente querido jamais passaria.

Apesar de ambas não serem próximas, o fato de conviverem todos os dias despertava algum sentimento em Violet, sobretudo se considerarmos que Diana era mãe dela. Não tinha como ela simplesmente ignorar esses fatores e seguir em frente como se nada tivesse acontecido.

Violet iria passar pelo luto como qualquer outra pessoa, sofrer, se negar a aceitar, ter raiva da mãe por ter causado tudo isso e chegado a tal fim, mas, depois de tudo, seria obrigada a encarar a vida de frente e lutar por ela, dia após dia.

Quando meu pai morreu, pensei que nem eu nem minha mãe iríamos suportar, especialmente porque foi numa fase muito importante de nossas vidas. Agora não estávamos mais sozinhos; havia Jamie no meio disso tudo. Passamos dificuldades enquanto tínhamos que lidar com a saudade e a revolta, eu principalmente, que não conseguia aceitar aquele fim trágico para um homem do bem, que foi punido injustamente.

Libertada (Duologia Raptada #2)Where stories live. Discover now