Capítulo 8 - Violet

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— Quer alguma bebida? — Matt perguntou, enquanto eu sorria para ele.

— Não, acho que vou ficar só na água por enquanto, mas obrigada.

— Por enquanto, hein? Vir pra balada e não beber, é a mesma coisa de ir tomar banho e só molhar o cabelo — brincou e acabei gargalhando de sua comparação.

— Entendi. Mas pode deixar comigo — concordei, vendo-o se afastar.

Aproveitei que todos estavam absortos em conversas animadas e me pus a refletir sobre o meu dia, enquanto bebericava a minha água.

Após muito pensar, havia decidido aceitar o convite de Clarice e acabei ligando para ela, para combinar o horário de nos encontrarmos. Não estava muito a fim de festa, era verdade, mas precisava relaxar de alguma forma e dançar sempre foi uma ótima terapia para mim. Tinha que arrumar um jeito de me livrar do estresse adquirido graças ao retorno de Ethan, pois a tensão constante estava a ponto de me deixar louca.

Ainda no trabalho, aproveitei que era dia de teste — portanto, as crianças sairiam mais cedo — e chamei um táxi, que me aguardou na saída da escola, enquanto eu me despedia dos meus alunos. Quando todos já haviam ido embora, organizei minha sala e a fechei, antes de sair em disparada para onde o taxista me aguardava.

Voltei para a mansão sabendo que Ethan cumpriria a promessa que me fez antes de eu ir embora, e logo, logo ele apareceria lá para me buscar. Mas não queria ter que enfrentá-lo mais uma vez. Não iria conseguir me controlar em sua presença por muito tempo, e me render a ele novamente última coisa que eu deveria fazer.

Quando cheguei, percebi que o carro não estava por lá e, mais tarde, Mary confirmou minhas suspeitas, dizendo que ele havia saído para ir me pegar e ainda não tinha voltado. Não pude conter o sorriso sádico que surgiu no meu rosto. Pelo menos, daquele jeito eu podia ter uma pequena vingança contra ele.

Sem querer ficar enfurnada no quarto pensando nele, liguei para Clarice, pois, mesmo não sendo tão próximas, eu a achava bem divertida, e tinha que reconhecer que se esforçava bastante para se aproximar de mim, por mais fechada que às vezes eu fosse. Confesso, que em alguns casos, fui até bem chato com a pobrezinha.

Desse modo, agora estou aqui, na nova casa noturna da cidade, com outros colegas da universidade, esperando-a chegar. Há poucos minutos, havia recebido uma mensagem dela, dizendo que iria se atrasar um pouco devido a um engarrafamento provocado por um acidente, que aconteceu perto da casa dela. Só esperava que ela não me desse um bolo, pois não estava nem um pouco a fim de ficar aqui sozinha.

Quando Matt voltou do bar com as bebidas, sentou-se novamente ao meu lado e engatamos em um papo animado. Apesar de estudarmos na mesma universidade, fazia algum tempo que eu não o via por causa da correria do dia-a-dia, de modo que agora estávamos aproveitando para nos atualizarmos em relação a vida um do outro. Ele me contava sobre o namorado e a surpresa que tinha recebido ao ser pedido em namoro, quando me deparei com a cena mais grotesca que jamais imaginei ver na vida.

Levei um susto e, sem querer, acabei me engasgando com a água, que acabou escorrendo por meu queixo e sujando um pouco da minha roupa. Olhei para Clarice, que sorria animadamente para mim e, em seguida, segui sua mão com o olhar, constatando que esta estava colada à de Ethan, que me encarava com a cara fechada.

Eu podia dizer que meu coração estava prestes a saltar pela boca, pois naquele momento, essa era a sensação que eu tinha. Minhas mãos tremiam descontroladamente, e eu percebia que Matt continuava falando ao meu lado, sem notar a luta interna que eu travava ali. Nem mesmo Clarice, que estava à minha frente, enxergava o meu choque e, de certa forma, eu agradecia a Deus por isso, pois não estava em condições de dar explicações a ninguém, muito menos a ela.

Libertada (Duologia Raptada #2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora