Capítulo 5 - Ethan

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Assim que Mary, a empregada da mansão Baker, veio me avisar que Robert queria falar comigo, para me apresentar a família dele juntamente com o meu irmão, corri a procura de Jamie, com a intenção de reforçar o que já havia dito a ele antes de virmos para cá.

Por mais que soubesse que as chances de tudo isso dar errado eram grandes, não podia desistir de tudo agora que estava tão perto de desmascarar as falcatruas daquele velho nojento. Não podia voltar atrás na promessa que fiz ao meu pai, pela segunda vez. Já tinha desistido outrora e percebi que isso foi a decisão errada a se tomar. A única diferença da primeira vez para a segunda, é que agora eu estava fazendo isso do jeito certo. Não colocaria os pés pelas mãos, como fiz ao sequestrar e me envolver com Violet. Dessa vez, tudo daria certo.

Quando finalmente encontrei Jamie, ele estava em seu quarto, brincando com os carrinhos que eu havia o presenteado na semana passada. Ao me ver de pé, encostado na soleira da porta, ele sorriu, deixando seus brinquedos de lado para me dar atenção.

— Oi — cumprimentei-o, ainda de braços cruzados.

— Oi. Você viu o estacionamento que fiz para os carrinhos? — perguntou, todo animado. — Olha só!

Ele me mostrou os carrinhos estacionados dentro de uma caixa de sapatos, na qual havia feito um pequeno portão, ao cortar um dos lados do papelão. Sorri, achando graça de seu jeito espontâneo, e concordei com a cabeça.

— Ficou demais, cara! Parabéns!

— Eu sei. Foi eu que fiz. — Ele sorriu, convencido, e eu dei uma gargalhada alta. A cada dia que se passava, ele ficava ainda mais parecido comigo, e eu não me cabia de tanto orgulho dele.

Fui até a sua cama e me sentei, batendo no pequeno espaço que restara do colchão, para que ele se acomodasse ao meu lado. Quando se sentou, com as pernas dobradas sobre o lençol, coloquei uma mão em seu queixo, garantindo que ele prestaria atenção no que eu diria a seguir:

— Lembra da conversa que tivemos antes de vir pra cá?

— Sobre eu não poder contar nada da Violet a ninguém?

— Essa mesmo.

— Lembro!

— Ótimo. — Baguncei seus cabelos e ele fez uma careta de desagrado. — Hoje vai acontecer algo importante.

— O quê?

— Nós vamos conhecer os meus patrões e você não pode falar que conhece ela. Tem que disfarçar, ok?

— Por quê?

— Eu já te disse... Ninguém sabia que ela estava lá com a gente e, por isso, não podemos falar nada.

— Entendi. — Ele ficou em silêncio por alguns segundos, seus olhos perdidos em algum ponto específico da parede branca à nossa frente. — Quando eu vou ver ela?

Seu olhar se voltou para mim, dessa vez bem esperançosos.

— Não sei, campeão. Mas quando isso acontecer, você tem que ser discreto, certo?

— Não vou poder falar com ela?

— Talvez. Se ela quiser, acho que sim.

— Tá bom.

— Então, agora vamos. Já estamos bem atrasados. Eles devem estar nos esperando.

— Vamos.

Levantei-me e ele pulou da cama, correndo a minha frente. Sabia que, por mais que ele tivesse concordado em não falar com ela caso a visse, crianças — sobretudo, ele — eram muito espontâneas e agiam de acordo com a emoção do momento. Conhecendo Jamie como eu conheço, sabia que ele não conseguiria disfarçar completamente. Só espero que isso não estrague tudo e que a presença dele possa amolecer o coração de Violet, a ponto de ela desistir de me entregar ao seu pai, se essa de fato for sua intenção.

Libertada (Duologia Raptada #2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora