Capítulo 1 - Violet

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Corri em direção ao portão de saída do campus com o caderno sobre a cabeça, o que foi completamente inútil, tendo em vista que ele não me protegia em nada da chuva que caía aqui fora. Apesar de já estar na hora da saída, o estacionamento da universidade estava praticamente vazio e o motivo não era nenhum mistério: a tempestade que ensopava qualquer um que se atrevesse a ficar sob esse céu cinzento.

Olhei pela milésima vez para todos os lados, procurando-o, mas nada de encontrar sua BMW preta. Tentei me proteger entre os carros dos outros alunos enquanto praguejava baixinho, por não ter me lembrado de trazer um guarda-chuva. Continuei a andar, dessa vez mexendo na bolsa em busca do celular, quando finalmente escutei a buzina inconfundível do carro dele.

Virei-me com um sorriso no rosto e imediatamente corri em sua direção.

— Achei que não chegaria nunca! — reclamei enquanto entrava no carro e colocava o cinto de segurança.

— Hum... Não ganho nem um "boa tarde"? — Thomas fez uma cara de cãozinho abandonado e revirei os olhos, sorrindo.

— Boa tarde, Thomas. Como foi sua viagem? — perguntei sarcasticamente e ele sorriu, aproximando-se de mim para depositar um beijo na minha bochecha.

— Bem. Obrigado por perguntar, querida. Mas, me diga... Conseguiu fazer aquele trabalho que a Megera passou?

A Megera a qual ele se referia era, nada mais nada menos, que a minha professora de inglês. Passamos a chamá-la dessa forma carinhosa quando ela me obrigou a fazer um trabalho à mão de mais de cinquenta páginas, para no final dizer que não valia nem um mísero pontinho. Detalhe: era o meu aniversário e eu precisei passar o dia inteiro trancada no quarto trabalhando, desesperada para conseguir entregar dentro do prazo. Então, imaginem a minha frustração e raiva quando ela me devolveu os papéis sem nem um visto sequer!

— Sim, mas esse nem foi tão ruim. Pelo menos, era digitado e acabei mais rápido do que esperava. — Dei de ombros, tentando tirar o casaco molhado que deixava meu corpo arrepiado devido ao frio. — Mas não me enrole! Te fiz uma pergunta primeiro.

Thomas apenas sorriu, dando partida no carro.

— Não estou enrolando. Apenas estava mais curioso para saber sobre você ­— explicou com toda a calma do mundo. — E respondendo a sua pergunta... Sim, minha viagem foi produtiva, apesar de bem cansativa. Mas não aguentava ficar lá. Estava louco para voltar e te ver logo — admitiu, ainda mais carinhoso.

— Vou fingir que acredito — brinquei, apesar de querer me esconder. Odiava quando ele dizia esse tipo de coisa, porque sabia que seus sentimentos iam muito além da amizade que eu nutria por ele.

Tentando mudar o foco daquela conversa, liguei o rádio e comecei a cantarolar Same old Love junto à Selena Gomez. Graças a Deus, Thomas não insistiu mais no assunto, e a viagem até a minha casa foi uma completa tranquilidade, apenas com algumas brincadeiras que fez comigo em determinados momentos.

Assim que chegamos em frente à mansão Baker, o segurança imediatamente permitiu a nossa entrada, já que Thomas tinha passe livre e não precisava de autorização para entrar lá. Ele voltou a dar partida no carro e só parou novamente na vaga destinada a convidados.

Tirei o cinto, me preparando para sair, quando ele segurou o meu braço, me impedindo.

— Espera.

— O que foi?

— Eu sei que você não gosta quando eu falo essas coisas, mas eu fui sincero ao dizer que senti sua falta. — Seus olhos estavam fixos nos meus e eu conseguia enxergar neles a necessidade de me fazer aceitar seu carinho e amor.

Libertada (Duologia Raptada #2)Where stories live. Discover now