e p í l o g o

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Quando o ônibus chega, todos possuem uma expressão desanimada no rosto por ir embora e deixar para trás esse lugar incrível. Conforme a fila anda, olho para trás vendo os amigos que esse colégio me deu. Tina se encontrava rindo de algo que Henrique disse, enquanto o mesmo possuía um braço nos ombros da loira. Bea e Lara estavam conversando animadamente sobre as coisas mais aleatórias que se possa imaginar. Edu permanecia com seu grupo de amigos um pouco mais afastado de nós, mas sempre lançando sorrisos para sua namorada cacheada, e Lucas estava atrás de mim, com as mãos em minha cintura e o queixo apoiado no topo de minha cabeça. Sorrio, feliz por ter encontrado amizades tão verdadeiras. Quando resolvi fazer a prova para entrar neste colegio, tudo o que pensava era em como aquilo pesaria em meu currículo, e não fazia nem ideia de que me traria tanta felicidade.

***

    Três meses se passaram desde a excursão, e nosso grupinho resolveu passar o final de semana na cidade vizinha, para curtir um pouco antes da semana de provas começar. Todos decidimos ficar em um hotel, menos Tina e Henrique que ficarão hospedados na casa de Theo que fica na mesma cidade.

    O mesmo convidou-nos para um churrasco em sua casa alegando que seus amigos estariam lá também, e estava sendo necessário muito esforço para fazer Lucas querer ir.

    —Não Lissa. Se eu for, eu não vou conseguir me segurar e vou acabar socando a cara daquele otário no momento que ele te olhar do jeito errado—reviro os olhos para seus drama, mas não seguro o sorriso ao ouvir o apelido que sai de sua boca. A um tempo o mesmo havia alegado que queria um apelido exclusivo dele, e me chama de "Lissa" desde então.

    —Tá bom—digo simplesmente e ele me olha desconfiado—Tudo bem. Você não vai. Eu vou sozinha—continuo falando casualmente—Eu já mencionei que ele não sabe que eu tenho namorado?—pergunto vendo o maxilar de Lucas travar, e os nós de suas mãos assumirem um tom esbranquiçado. Dou as costas para esconder meu sorriso—Acho que ele pode até tentar me beijar deno...

    Sou cortada pelo barulho do armário abrindo, e me viro para encontrar Lucas botando sua roupa. Sorrio vitoriosa e vou em sua direção. O mesmo finge que não viu, ainda tenso, mas relaxa quando passo os braços por suas costas e aproximo minha boca de seu ouvido.

    —Só para deixar claro, a única pessoa que eu quero beijando a minha boca é você—sussuro, deixando uma mordida no lóbulo de sua orelha e fazendo o mesmo suspirar.

Antes que o mesmo possa falar algo, ando em direção a porta, virando para trás para alegar que o esperaria lá em baixo, e vejo o volume crescente em sua bermuda. Saio rindo e vou em direção à Bea, pulando em suas costas e quase a derrubando.

    —Tá maluca?!—ela exclama rindo—Você quase me quebra no meio doida!

    —Eu sou baixinha e nem sou gorda Bea, deixa de drama—digo revirando os olhos.

    —Você esquece que tem pelo menos três quilos de bunda né Melissa—é a vez dela se revirar os olhos e bato fraco em sua cabeça rindo, a puxando enquanto ando para o lado de fora do hotel.

***

    —Lissa! Você veio—Diz Theo vindo me abraçar e faço uma careta apreensiva, já esperando a reação de Lucas ao ouvir o loiro me chamando por seu apelido.

    Ouço a respiração dele ficar mais acelerada, e o aperto da sua mão ficar mais firme em minha cintura, mas nunca ao ponto de me machucar. Ele começa a levantar sua outra mão e fecho os olhos, esperando barulho do soco, mas abro quando ele não vem.

    —Sou o Lucas. Namorado dela—ele diz estendendo a mão para cumprimentar Theo, e o olho rapidamente tentando esconder minha expressão surpresa, mas antes que possa falar algo, ele continua—e peço educadamente para não chamá-la assim. Mel ou Melissa por favor. Esse apelido tem um valor emocional—ele pede educadamente, mas não perco a cara de Theo ficando mais vermelha e a pequena careta surgindo em seu rosto, enquanto os nós dos dedos de Lucas ficam brancos, ainda apertando a mão do loiro. Logo ele a solta, e Theo deixa escapar um pequeno suspiro de alívio, virando para mim nervoso e não se atreve a tentar me abraçar novamente.

    —Mel—diz me cumprimentando de longe—Fiquem a vontade—Avisa, logo se virando e voltando para seus amigos. Finalmente paro na frente de Lucas, meus olhos arregalados.

    —Você tá bem?—digo botando a mão em sua testa para ver sua temperatura—É o Lucas mesmo?—ele revira os olhos diante de minha pergunta e logo volta seu olhar para mim.

    —Achei que você não ia gostar se eu o socasse, mas acredite, vontade não faltava. Me segurei—fala ele e abro um sorriso em sua direção, o que o faz abrir um também—Já te falei o quanto eu amo o seu sorriso?—ele pergunta do nada e eu reviro meus olhos com meu sorriso aumentando, e afirmo com a cabeça selando nossos lábios.

    —Eca—alguém diz rindo e olho para a mulher vindo em minha direção. Rapidamente me separo de Lucas e faço uma mini corrida em sua direção.

    —Malu!—digo animada abraçando-a, e logo olho para Mica ao seu lado, suas mãos entrelaçadas à dela. O abraço também, e logo volto minha atenção para a loira à minha frente—Vejo que seguiu meu conselho—digo apontando para o moreno ao seu lado e ela solta um riso, concordando com a cabeça.

    —E você seguiu o meu—fala ela apontando para Lucas, que enlaça seus braços em minha cintura cumprimentando meus amigos. Sorrio para ela, afirmando também e logo vamos em direção à churrasqueira que exalava um cheiro incrível.

***

    —Gostou do seu dia?—pergunto à Lucas enquanto saíamos do Uber e entrávamos no hotel.

    —Surpreendentemente—diz ele balançando a cabeça e entrelaça seus dedos aos meus. Meu coração acelera com o pequeno ato. Mesmo depois de meses ao seu lado, ainda não me acostumei com suas demonstrações de carinho espontâneas. As famosas borboletas no estômago só parecem aumentar a cada dia, e meus sentimentos apenas crescem mais e mais. E mesmo que isso me assuste ao extremo, principalmente por ser algo que nunca presenciei antes, eu torço para que isso não acabe nunca.

    Finalmente chegamos ao nosso quarto e passo o cartão na porta, escutando o "bip" sinalizando que estava destrancada. Quando a abro, não tenho nem tempo de largar minhas coisas direito na mesa antes de ser levantada do chão e minhas pernas entrelaçarem na cintura de Lucas. Olho para ele, sorrindo com sua súbita ação, e vejo seus olhos brilhando não só com desejo mas com carinho e afeição, e naquele momento soube que fiz a escolha certa em deixá-lo entrar na minha vida.

"Me aproximar de você nunca foi uma escolha própria, mas talvez, o destino esteja brincando ao nosso favor."

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Author's note: Ainda tem um epílogo extra! Espero q gostem! <3

Colegas de Quarto ✔️Where stories live. Discover now