d e z e n o v e

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•Lucas•

    —Lucas—Diz Henrique, balançando a mão na frente de meu rosto.

    —Foi mal. O que você tava falando?—pergunto me virando para ele.

    —Era sobre a Tina, mas acho que tem assunto mais importante no momento—ele diz sério—O que está acontecendo? Você está estranho assim desde hoje de manhã. Houve alguma coisa que eu não estou sabendo?—Ele diz e rapidamente me lembro do que vem martelando em minha mente desde a noite de ontem.

    Depois de Mel ter fugido de mim após o incidente no banheiro, ela não sai da minha cabeça.

    —Não dormi bem essa noite—digo. Não era totalmente mentira. Não gosto de mentir para Henrique, ele sempre sabe quando estou escondendo algo, mas não estou afim de ouvir ele falando bobeira sobre eu e Mel logo de manhã. Ele parece saber que tem algo mais, porém não insiste no assunto e eu agradeço mentalmente—Mas o que que tem a Tina?—mudo de assunto e ele parece a vontade com o novo, pois não para então de falar de suas conversas e de como ela era incrível.

***

—Como vocês já sabem, a escola realiza anualmente uma excursão para um acampamento antes do inverno. O do ano de vocês será daqui a duas semanas—Sr. Sanches fala e eu sorrio ansioso. Ele explica para os alunos novos como funciona tudo enquanto distribui um folheto para a turma—O formulário já foi enviado para o e-mail dos seus responsáveis. Não esqueçam de trazê-lo assinado.

    Logo o sinal toca, indicando o horário do almoço e nos sentamos todos juntos, menos Bea que se sentou com o namorado hoje. Não tenho nada contra ele, ao contrário, o acho um cara super maneiro, mas ele tem seu grupo de amigos, e nós temos o nosso, então não nos vemos com muita frequência.

    —Então, a gente podia fazer algo nesse fim de semana. Esses dias estão tão chatos, to precisando de uma folga—Tina fala com a mão apoiada na cabeça.

    —Por mim pode ser. O que tem de legal por aqui?—pergunta Mel olhando para nós.

    —Abriu uma boate nova aqui perto, mas só entra quem tem 18 ou mais—Digo desinteressado, já que não poderíamos ir.

    —E se nós tivéssemos mais de 18?—Mel fala com cara de quem está tramando algo.

    —Nem rola. Eles pedem identidade—digo, mas a mesma não se abala com isso.

    —E se, hipoteticamente, eu pudesse conseguir identidades para a gente?—ela diz abrindo um sorriso. Olho para a mesma confuso enquanto entendo o que quer dizer.

    —Você acabou de chegar na cidade e já tem contato com gente errada?—Tina diz assustada e todos seguimos seu olhar para a morena.

    —Relaxa, ele não é perigoso nem nada—ela diz não dando muita importância à hipótese, e logo depois abre um sorriso—Mas então, quem topa?

***

    Quando a aula da tarde acabou, corro ao encontro de Melissa, que para ao me ver ao seu lado.

    —Não te vi chegando—diz e continua a andar. A acompanho e faço a pergunta que estava me incomodando desde o intervalo.

    —Quem é o cara?

    —Que?—ela me olha confusa.

    —O cara das identidades Melissa. Quem é ele?—digo nervoso.

    —Ah! Eu não posso falar. Prometi a ele...—ela levanta os ombros.

    —Eu não to de brincadeira. Eu quero saber quem é ele, ele pode ser perigoso porra.

    —Lucas. Relaxa cara. Já te disse que ele não é perigoso. E se você está tão preocupado com isso, eu posso mandar ele não fazer a sua—ela diz e mexo no meu cabelo nervoso. Afinal, não era comigo que eu estava preocupado—Tá tudo bem?—Mel diz com uma expressão preocupada—Você está meio estranho hoje.

    —Eu to normal tá legal?!—digo ríspido, mas logo me arrependo. Mel se afasta um pouco percebendo minha troca de humor repentina e sai sem falar mais nada—Merda!—Digo chutando a lixeira por raiva. Hoje não estava sendo um dia bom.

•Melissa•

    Caminho sem rumo pelo corredor, na tentativa de evitar meu quarto ou qualquer outro lugar onde Lucas possa estar. Esse garoto me dá nos nervos. Sempre que acho que estou começando a entendê-lo, ele vai e me prova o contrário. Hoje descobri que tem TPM.

    —Ei Mel!—escuto uma voz feminina me chamar e logo depois uma cabeleira loira correndo em minha direção.

    —Fala Tina. Tudo bem?

    —Na verdade, estava querendo conversar com você sobre algo—conta ela.

    —Sou toda ouvidos—falo, esperando-a prosseguir.

    —É que você parece ter experiência com garotos—ela começa, e logo ruboriza—Bom, pelo menos mais do que eu...A verdade é estou confusa em relação ao Henrique—ela joga na lata com um suspiro derrotado—Ele é sempre um fofo comigo, atencioso, nunca fez nada que eu não gostasse...

    —Mas...?—digo, percebendo sua inquietação.

    —É que eu nunca tive um namorado. Não sei como tudo funciona. Estou receosa de me abrir e me deixar se apaixonar—termina ela com o rosto entre as mãos.

    —Ah, Tina—ponho a mão em seu ombro—Olha, minha experiência com garotos não vai para a parte sentimental—começo rindo sem graça—mas posso te dizer com certeza que Henri é um bom garoto, sem um pingo de maldade no coração, e se você realmente gosta dele, deveria dar uma chance.

    —Obrigada Mel. Acho que gosto dele mesmo, sabe?—ela diz com um sorriso esperançoso no rosto.

    —Essa é a minha garota!—Falo jogando meus braços por cima de seus ombros—E aqui, já pedi nossas identidades—pisco o olho em sua direção, que da uma gargalhada.

    —Ai! Eu nunca fiz nada do tipo sabe? Por isso estou tão animada. Tenho certeza de que se meu pai soubesse disso mandava um de seus amigos policiais me levarem para casa na hora—diz nervosa.

    —Fica calma Tina. Seus pais não vão saber de nada. Esquece isso e só aproveita, ok?—digo a olhando e ela balança a cabeça—Agora vamos comer que eu to precisando espairecer um pouco.

Colegas de Quarto ✔️Where stories live. Discover now