t r i n t a • e • o i t o

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•Melissa•

    Quando a madrugada chega, resolvemos todos ir para os quartos a fim de aproveitar o dia amanhã. Bea segue para o quarto de Lara, alegando que precisavam de uma "noite de Barbie Girls" como as duas chamaram, sorrisos nostálgicos no rosto lembrando de seus passados. Para a surpresa de todos, Tina pediu o quarto que dividíamos para ela e Henri, e aleguei que não tinha problema, desde que aproveitassem a noite propriamente, deixando a loirinha similar a um pimentão. Sem reclamar, sigo Lucas para o seu quarto, enquanto falávamos das incontáveis estrelas no céu.

    —Cadê o cruzeiro do sul?–Ele pergunta olhando para cima. Acompanho seu olhar e começo a andar de costas, para ter uma melhor visão do céu. Quando finalmente o acho, aponto a fim de mostrá-lo, mas quando meu pé não alcança o chão e sim água, caio dentro da piscina gelada de roupa e tudo. Nadando para a superfície, vejo Lucas com a mão apoiada na barriga de tanto rir. Jogo água no mesmo, mas logo começo a rir junto a ele.

—Mais tonta impossível—diz, zoando com a minha cara.

Fazendo careta, estico as mãos em sua direção, pedindo que ao menos me ajudasse a sair. O mesmo corresponde, e quando o agarro uso toda a minha força para puxá-lo para dentro da água. Ele então para na minha frente, o cabelo encharcado grudado no rosto com um expressão nada amigável. Fugindo da bronca, começo a nadar até a borda, e logo saio da piscina, correndo em direção aos quartos e deixando enormes poças de água por onde passava.

Conseguia ouvir os passos de Lucas cada vez mais próximos, e quando finalmente consigo abrir sua porta, ele me alcança, agarrando minha cintura.

—É filha da puta, mas é uma filha da puta gostosa, vou te falar—ele diz sorrindo enquanto repara em meu corpo, coberto apenas por um vestidinho branco que, por causa da água, ficara transparente. Dou-lhe um tapa no ombro, mas sorrio pelo elogio. Lucas logo cola mais seu corpo no meu, que por sua vez estava encostado na porta, e me beija fortemente, um beijo urgente e necessitado.

Que falta que isso me fez. Que falta que ele me fez. Eu, que sempre zombava das minhas amigas apaixonadas. Se apenas a Melissa passado pudesse ver isso...

***

—Senti sua falta—diz Lucas, ao passar um braço por minha cintura nua.

—Senti a sua também—digo baixo, quase que envergonhada.

—Ei—Lucas me chama, puxando meu queixo levemente me fazendo olhá-lo—Você sabe que eu não sou um cara muito emocionado e afetuoso—balanço a cabeça confirmando—E eu sei que você também não é esse tipo de menina—concordo mais uma vez—Mas isso não faz o que eu sinto por você ser menos real. Eu gosto realmente de você Mel. Você nem tem noção do quanto tu me faz bem—sinto minhas bochechas esquentarem com seu comentário.

Não é como se eu ficasse envergonhada quando alguém se declarava assim para mim, mas esse não é um cara qualquer.

    É o Lucas.

—Como você mesmo disse—começo a falar, sentindo sua atenção total em mim—Eu não costumo demonstrar muito afeto. Mas...eu também sinto algo real por você Lucas. Você conseguiu ultrapassar todas as minhas barreiras com esse seu jeitinho arrogante e o típico sorriso torto—apoio a mão em seu rosto sorrindente.

    —Mel?—ele chama com um tom nervoso em sua voz e logo limpa a garganta. Olho para ele, insinuando para continuar e encontrando seus olhos que estudavam meu rosto como se quisesse guardar cada detalhe em sua memória. Eles brilhavam de um jeito diferente, claros, como se não tivessem uma sombra de dúvida sequer em sua mente—Namora comigo?—pergunta ele e meu coração erra uma batida.

    Sem que eu possa impedir, um largo sorriso começa a crescer em meus lábios e me jogo em seus braços, respondendo-o através de um beijo. A fim de mostrá-lo que também estava certa sobre aquilo, afasto meu rosto apenas o suficiente para conseguir olhar em seus olhos, nossos lábios roçando um no outro.

    —Sim.

    É. uma vez disse que "dessa agua não bebereis" e agora estou aqui. Bebendo até a ultima gota e querendo mais.

***

No dia seguinte, sou acordada com insistentes batidas na porta. Resmungando, tento me levantar para ver o que era, mas reparo então no pesado braço de Lucas me impedindo. Esfregando os olhos, empurro-o para o lado, que permanece em seu sono pesado. No caminho, pego uma das blusas de Lucas e a visto, abrindo a porta logo em seguida.

—Essa não é exatamente uma cena que eu queria ver—diz Lara tapando os olhos ao ver seu irmão nu de bunda para cima na cama do quarto. Rio de seu nervosismo e saio do quarto, fechando a porta atrás de mim.

—O que foi La?—falo, esperando-a dizer o porque de ter me acordado.

—O que foi é que já são onze horas e se vocês não saírem logo do quarto não vão aproveitar nada do dia—fala apontando o óbvio. Reviro os olhos sorrindo pelo seu drama e falo que estaremos na área das quadras em quinze minutos.

***

Chegando nas arquibancadas da quadra de Vôlei, me aproximo da galera, que acena ao nos ver.

—Até que enfim—diz Henrique sorridente—Meninos contra as meninas. Topam?—diz ele e todo mundo concorda, mas Lara
interrompe alegando que vai ficar na arquibancada pois não sabe jogar.

Quando todos descem em direção à rede, reparo que Tina não nos segue e ando em sua direção.

—Não vai vir?—pergunto a assustando, e a mesma me encara com os olhos arregalados.

—Que susto boboca—diz e eu a mando a língua—Não vou não—avisa simplesmente e a olho insatisfeita.

—Ah vai sim—digo puxando-a, mas a mesma luta de volta, voltando a se sentar.

—É que dói quando eu ando Mel—sussurra ela super vermelha, e a olho confusa, mas logo é minha vez de arregalar os olhos, com um riso baixo saindo de minha boca—Ninguém me disse que doía assim depois da primeira vez—diz, um pouco menos envergonhada e abrindo um sorriso também.

—Acontece amiga, e com cada pessoa é diferente—digo com a mão no seu ombro, ainda sorrindo—Quero saber tudinho depois, mas agora vou jogar. Beijo—aviso, já correndo para onde meus amigos me esperavam. Assim então passamos o resto da manhã e grande parte da tarde, com sorrisos estonteantes no rosto.

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