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•Melissa•

    Acordo com o despertador tocando e rapidamente o desligo, ainda sonolenta. Quando olho para minhas malas perto da porta, lembro que hoje é o dia da viagem para o novo colégio, o que me faz enrolar ainda mais. Não que eu não queira ir, até porque fui eu quem quis fazer a matrícula, mas pelo fato de ficar longe de casa, dos meus amigos e principalmente do meu pai.

Quando penso em levantar, escuto batidas em minha porta.

—Mel? Anda logo filha, se não vai perder seu vôo e aposto que não quer começar o dia assim.

    Lá em casa só moram eu e meu pai, pois minha mãe não resistiu ao meu parto. Sendo assim, eu e meu velho somos muito grudados. Ele sempre fez tudo por mim e eu por ele.

—Poxa pai, só mais 5 minutinhos—resmungo me cobrindo novamente.

—Anda logo Melissa, sem gracinhas. Seu vôo já é daqui a pouco e você nem levantou!—disse ele, puxando minha coberta. Vou sentir muita falta das broncas do meu pai. Eu sei, não é muito normal sentir falta disso. Mas quem vai me acordar lá?

—Tá legal! Já vou—Bufo me levantando.

***

Quando chegamos no aeroporto, viro para meu pai e o abraço fortemente.

    —Vou sentir sua falta—Digo o apertando ainda mais contra mim. Logo me separo e examino cada cantinho do seu rosto. Desde dos cabelos grisalhos e os olhos verde esmeralda exatamente iguais ao meus, até as mini-ruginhas e covinhas que aparecem quando ele sorri.

—Também vou meu amor—Ele diz e beija minha testa. Tento sair do abraço quando percebo que vou me atrasar.

    —Já está na hora. Tenho que ir pai—Digo rindo quando ele não me solta.

    —Me promete que você não vai fazer muita bobeira lá? Eu não vou estar por perto para te ajudar nas suas burradas—ele diz me encarando.

    —Pai! Qual é! Mais confiança na sua filha preferida—falo enquanto saio andando.

    —Só por que é filha única—ele responde a alfinetada e rimos juntos.

Enquanto ando em direção ao meu terminal, sinto meu celular vibrar em meu bolso e o pego para ver o que era.
Quando meu olhar pousa sobre a tela, encaro o lembrete com o pequeno emoji de avião, tornando mais real o sentimento de saudade instalado em meu peito. Sorrindo, devolvo o celular para o bolso e continuo meus passos confiantes em direção ao terminal.

***

O vôo estava sendo tranquilo e resolvo dormir um pouco, visto que não havia descansado o suficiente noite passada por estar ansiosa demais. Depois de uns cinco minutos, a cadeira da frente se inclina totalmente para trás, me deixando super apertada. Incomodada com aquilo decido reclamar, e quando vejo quem está na cadeira da frente quase arregalo os olhos. Com cabelos castanho claro e olhos de uma cor incrivelmente mel, um lindo garoto aparentando ser da minha idade descansava no banco da frente.

    —Ei...será que dá para você levantar um pouco a cadeira?—Digo séria, incomodada com o pouco espaço em meu acento.

—Qual a palavrinha mágica?—Ele diz sorrindo debochado.

—Abracadabra—digo irônica, sorrindo também—Sério garoto, está muito apertado.

—Meu nome é Lucas, não "garoto"—Ele diz, não levantando sua cadeira. Eu, inconformada com a situação, começo então a chutar seu banco.

Colegas de Quarto ✔️Where stories live. Discover now