Chapter 33- The real Zayn

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Eu não tinha a certeza do que estava a fazer mas na minha cabeça, era a coisa certa. As minhas mãos tremiam em redor da arma, o meu dedo estava em cima do gatilho e sentia que a qualquer segundo conseguia disparar. Não eram apenas as mãos que tremiam até porque não havia um centímetro do meu corpo que não estivesse coberto pelos meus nervos.

Zayn ergueu as mãos e o seu olhar mostrava o seu estado de choque, tinha lágrimas nos olhos mas estas não caiam, pelo menos não tanto como as minhas que não me deixavam respirar. Doíam-me os maxilares com tanta força que estava a cerrar os dentes, fruto de uma raiva que atingia todos os meus patamares. 

"Arya.." Zayn falou pausadamente o que me deixou ainda mais irritada. " Pousa a arma."

Abanei a cabeça negativamente.

"Porque me estão a vigiar?" Gaguejei.

"Porque estás comigo..." Respondeu com a calma que conseguiu arranjar.

"Porquê?!" Solucei novamente.

"Negócios."

Negócios, era sempre a mesma resposta desde o inicio. Era sempre a mesma desculpa, negócios eram tudo acerca dele.

"Pára de te referir a negócios. Diz me em que merda me meteste!" Questionei engolindo as lágrimas.

"Arya.."

Dei um passo em frente sem retirar os meus olhos dos dele, este recuou, senti um calafrio percorrer-me a espinha como se me arrependesse de o fazer. Sentia-me mal, sentia que poderia desmaiar a qualquer momento.

"Diz me que merda de negócios são esses ou eu juro que disparo a porcaria da arma." Insisti cerrando os dentes.

"Droga..." Respondeu rapidamente, o nervosismo no corpo dele era mais visivel. " Eu trafico droga... eu traficava... eu deixei... quando te conheci."

"Não mintas Zayn!" Disse friamente, sentindo o peso da verdade a esbofetear-me fortemente, o meu namorado era um criminoso, um mentiroso, um idiota e ainda para piorar toda a situação, eu tinha confiado nele.

"Eu tentei deixar." Zayn deixou finalmente de reprimir as lágrimas  e estas começaram a fazê-lo soluçar freneticamente. " Arya, eu juro que tentei.. mas eles não deixaram eles ameaçaram que te magoavam... eu juro que tentei."

Os meus joelhos queriam ceder, eles queriam-me obrigar a cair mas eu não deixei, tentei manter tudo mais ou menos firme.

"Eu continuei arranjar-lhes o mínimo ... mas eles continuavam a chantagiar.. e tentaram fazer-te mal, foi quando entraram no teu quarto. " As mãos dele tremiam mais que as minhas que tentavam segurar a arma sem disparar. "E eu dava-lhe e eles deixavam-se só pelas mensagens.."

" E o carro?" Interrompi.

"Eu não lhes arranjei a quantidade que eles pediram, eu não tive tempo... e eles obrigaram-me a fazê-lo ou eles faziam." Zayn limpou as lágrimas e deu um passo em frente que me fez andar para trás até sentir a parede junto ás minhas costas. " Tu não sabes o que eu tentei para não fazê-lo.."

"Mas fizeste." Sussurrei apertando o punho da arma."Quem são eles?"

Ele abanou a cabeça e fechou os olhos.

"Eu não sei."

"Não me obrigues a disparar Zayn." Respondi-lhe quase num sussurro.

Os olhos dele abriram-se e fixaram-se nos meus. Ele estava totalmente lavado em lágrimas mas quando eu disse aquilo ele ficou sério como se tivesse tomado uma decisão que lhe iria afetar muita coisa. Mas ao contrário do que eu pensava que ele iria fazer, Zayn abriu os braços e respirou fundo como se tivesse a entregar-se defenitivamente.

"Faz o que tens a fazer mas ouve-me primeiro." Pediu de forma seria, sem choros ou risos, apenas um pedido.

O meu dedo escorregou no gatilho mas não carregou, a adrenalina a correr no meu corpo não me ajudava a carregar, apenas me deu uma pequeno ataque cardíaco ao pensar que poderia ter carregado porque a verdade era que eu não conseguia disparar.

"Eu só entrei nestes negócios porque eu não tive uma mãe que me dissesse para não o fazer, okay?! Eu entrei porque era a única saída que havia." Engoliu as lágrimas e continuou. " Eu cresci num bairro com as piores condições que imagines, o meu pai fugiu, ou melhor abandonou-nos, nunca o conheci ou ouvi falar dele, a minha mãe destruiu todos os vestígios que ficaram dele.

Eu tentei impedi-lo de desviar a conversa mas eu queria saber, por muita raiva que tivesse dentro de mim eu não iria impedi-lo a não ser que fosse necessário. 

"A minha mãe vivia com medo todos os dias, apenas comigo e com a minha irmã Safaa numa casa que não tinha mais de dois quartos e uma porra de uma cozinha que nada tinha. Até que um dia houve um tiroteio quando a minha mãe saiu E sabes que mais?! Não voltou mais." As lágrimas voltaram a cair pelo sou rosto de maneira extremamente assustadora e ele apesar de ele as tentar parar inicialmente, deixou de tentar a certa altura. " Eu não sabia o que fazer. Ela morreu nos meus braços Arya! Eu saí de casa e ali estava ela. Tu sabes o que é ver a pessoa mais importante da nossa vida ir-se embora sem conseguires fazer uma nada!"

Os meus soluços eram insopurtáveis porque eu sabia que aquilo era verdade, não sabia bem o porquê mas ele estava a ser sincero demais.

"Como é que se diz a uma miúda de 6 anos que mãe foi baleada do lado de fora da nossa própria casa?" Gritou, passando as mãos pelo cabelo. " Como?!"

A minha boca entreabriu-se mas eu não conseguia falar, era impossível.

"Foi então que Mr.Noel nos acolheu. Foi sair do lixo e ir para uma casa coberta de ouro. Safaa desapareceu um dia, quando tinha 10 foi para casa da minha tia que aparentemente não me aceitou dando a merda da desculpa que eu era o culpado da morte da minha mãe pois era um rapaz de 11 anos, na altura em que tudo aconteceu, que não saia à rua para ir fazer as tarefas de casa."

"Pára.." Gaguejei.

"Eu entrei para o tráfico para ser alguém! Não para acabar com a minha vida ou drogar-me todos os dias mas para ser alguém. Eu nunca me droguei em toda a minha vida mas consegui ser alguém." Gritou-me.

"Tu não tinhas de o fazer para ser alguém!" Gritei-lhe de volta.

"Tu não entendes pois não?" Zayn fez tom de interrogação mas eu entendi que ele estava a afirmar o que dizia.

"Ninguém aceita um rapaz de 15 anos, meio árabe, orfão, que viveu na total miséria e com um passado assim,é um fardo demasiado perigoso que ninguém quer ter, mas tu não vês isso!"

"Zayn..."Tentei impedi-lo de falar, eu não conseguia ouvir mais.

"Mas mata-me!  Dispara a porcaria da arma de uma vez e mata-me, pode ser que aprenda de uma vez que nunca vou ser aceite em merda de sítio algum!" Voltou a gritar-me.

"Tu eras aceite se me tivesses dito a verdade!" 

"Não mintas Arya, tu terias tido a mesma reação que estás a ter." Ele baixou os braços e olhou-me. " Tu nunca terias aceite nada comigo, nem mesmo salvando-te a pele, tu terias-me rejeitado porque tal como para todos eu sou um criminoso."

O meu coração parou por segundos, tal como todo o meu corpo. Eu não queria admitir, eu queria dizer que se ele me tivesse dito no inicio eu o teria dito que ficaria com ele , mas isso não era verdade, era estúpido, o ser humano é estúpido, porque eu amava-o como nunca tinha amado ninguém mas não conseguiria admitir isso se ele me tivesse dito que eram um criminoso mais cedo, apesar de gostar dele mais do que de tudo. Ele aproximou-se, encostando-se ao cano da arma fazendo-me tremer por momentos.

Saí." Disse aguentando a perda de estabilidade que os meus músculos queriam. " Sai e nunca mais voltes, eu não quero olhar para a tua cara."

"Arya.."

"Saí!"

Zayn dirigiu-se à porta lentamente mas parou quando ia para sair.

"Espero que encontres alguém que não te desaponte."

O bater da porta foi o comando mas os meus joelhos cederem como tanto queriam desde o ínicio de tudo.

Total Eclipse of My Heart |Zayn Malik FanFic|Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon