Capítulo XXXIII - Fuga

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ALGUMAS HORAS DEPOIS...

O aparelho eletrônico que emitia a música parou de tocá-la. Provavelmente havia descarregado. Mesmo assim, uma quantidade incontável de zumbis se juntara no portão e, com golpes lentos mas persistentes, tentavam ultrapassá-lo, uma vez que os sobreviventes passavam várias vezes em frente às criaturas para chegarem ao pátio e ao refeitório.

Eram tantos mortos-vivos que eles tinham a capacidade de se amontoarem uns nos outros e chegarem à uma grande altura e conseguirem atravessar a rede de arames farpado. Eram poucos, e quando chegavam conseguiam, tinham uma queda feia. Rodrigo, Gabriel, Thiago e Hudson, além de trabalharem em conjunto para matarem esses poucos mortos-vivos que chegavam à prisão, ficavam vigiando a situação do portão.

Enquanto isso, dentro da prisão, os outros sobreviventes arrastavam todos os tipos de móveis e barreiras que poderiam usar e ainda tentavam montar algumas estratégias para sobreviverem ao máximo e quando o portão não aguentasse mais, colocariam o plano (se tiverem um) em ação. Só Abby e Ana Clara que estavam de fora dessa missão, pois haviam recebido a função de vasculhar todos os cantos da prisão para verem se tinha alguma forma de fugirem.

— Não achamos nada. — elas chegaram ofegantes na recepção, olhando nos olhos dos outros.

Lá fora, a situação estava ficando tensa.

— Vamos voltar pra dentro, não dá mais! — Rodrigo gritou, correndo em direção à recepção da prisão, visto que o portão começava a se encurvar com tantos mortos-vivos lhe golpeando.

— O que foi? — Filipe perguntou assim que Dri, Biel, Thi e Hud chegaram correndo desesperados.

— Não dá mais para segurar as pontas. — Gabriel respondeu, unindo forças para arrastar os móveis que haviam selecionado para fazerem uma barreira na porta de entrada. — O portão não vai aguentar mais. — disse e os outros adolescente começaram a ajudá-lo.

Por uma janela quadrada dividida por finas barras de madeira em quatro partes, Ana Clara pôde ver que não demoraria muito e o portão cederia sua resistência.

— Espera... — Liv disse com cara de que havia tido uma ideia para escaparem. — Vocês se lembram do túnel que alguns presos haviam feito para fugirem? Isso saiu nos jornais de todo o estado! — perguntou.

— Mas eles foram tapados. Não existe mais túnel. — Alissa falou.

— Existe sim! — Abby se intrometeu com um sorriso. — Eles seriam tapados, mas a Prefeitura impediu pois ficaria muito caro e a cela onde o túnel havia sido construído ficou interditada. — explicou.

— Como você sabe? — Hanna perguntou.

— O pai de Rodrigo era o delegado na época. — respondeu.

— Estão esperando o quê, vamos sair daqui logo! — Thiago gritou e saiu correndo, no exato momento em que o portão se desprendeu e caiu no chão, causando um grande estrondo e um turbilhão de cabeças, pés e esbarrões entre os zumbis começaram a se movimentar em direção à recepção, para alcançar os adolescentes.

Todos outros começaram a acompanhar Thiago, que ia até a sala das celas.

— Você sabe qual é a cela? — Liv, no meio da corrida, perguntou para Abby.

— Acho que é a 14. — respondeu focando em aumentar sua velocidade.

Ao chegarem, Hanna começou a procurar as chaves reserva em seu bolso para destravar a cela 14, mas não conseguia achá-las.

— Vamos rápido, cadê elas? — Filipe tentou apressar a amiga, mas não surtia efeito.

— Meu bolso estava furado, que inferno! — ela berrou de raiva. — Devem ter caído no início do corredor. — disse um pouco calma, tentando se recompor.

— Eu pego! — Abby gritou mudando sua rota e voltando.

A mãe de Gabriel correu bastante até chegar no local onde Hanna disse que havia perdido as chaves. Olhou para baixo procurando o objeto. Um estrondo, porém, tira-lhe a atenção. Ela olha em frente e vê que os zumbis já haviam conseguido atravessar a barreira feita na recepção e vinham em direção ao corredor. Abby novamente olha para baixo e finalmente consegue encontrar as chaves. Ela segura-as e inicia uma corrida de volta para entregá-las e se verem livres daquele prisão.

Na metade do corredor, os mortos-vivos já haviam alcançado a mulher e ela não teria tantas chances de chegar viva. A distância entre Abby e as criaturas era pequena e o percurso que ela tinha que fazer ainda era muito grande. Uma de suas pernas falha e a sobrevivente leva um tombo feio. Ela dá uma breve olhada para trás, e vê que os zumbis estavam perto demais e não teria tempo de se levantar e arranjar velocidade. Suas forças para continuar a sobreviver também já estavam ficando esgotadas. Abby olha para frente e arremessa as chaves, torcendo para que elas tenham alcançado os adolescente em frente à cela 14.

A mulher olhou uma última vez para seu filho com um olhar que lhe transmitia a seguinte mensagem: ''Sobreviva!''

— NÃO! — Gabriel e Rodrigo gritaram juntos ao verem o corpo de Abby começar a ser dilacerado e mordido com toda a sagacidade daqueles mortos-vivos.

Gabriel, com lágrimas em seu olhos, tentou correr em direção à sua mãe. O sentimento de perda lhe impedia de ver que ela já estava morta. Mas havia sido impedido por Ana Clara, que lhe segurou nos braços e começou a entrar na cela, já destrancada por Hanna que conseguira segurar a chave arremessada por Abby. O adolescente ainda teimava em gritar, enquanto observava os monstros que tiraram a vida de sua mãe se aproximarem.

Todos os sobreviventes começaram a entrar no túnel. Hudson foi o último, arrastando uma das camas para tapar o buraco do túnel e se aventurou pelo escuro e desconhecido, em busca de sair de uma vez por todas daquela prisão e fugir das criaturas carniceiras.

Epidemia Zumbi - SobreviventesWhere stories live. Discover now