Capítulo XXXI - Prisão

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Gabriel correu até a Hilux, assim como os outros sobreviventes. Entrou e rapidamente começou a dirigir sem rumo pelas ruas da cidade.

— O que vocês pegaram? — Thiago, que estava assentado no banco da frente, perguntou virando-se para seus amigos.

Hanna abriu o zíper de sua mochila. Olhou todos os itens lá dentro e ainda deu uma vasculhada com a mão.

— Peguei vários remédios e comprimidos aqui. — a adolescente respondeu.

Ana Clara também fez o mesmo, respondendo em seguida:

— Peguei um monte de bandeides e algumas gazes.

Filipe pegou a mochila de Liv e a abriu. Retirou de lá um livro bem grosso, ergueu-o no ar, mostrando a capa para todos.

— Os Segredos da Biomedicina, Volumes I, II e III.
— Alissa leu o título do livro. — O que é... "biomedicina"? — perguntou curiosa.

— É o estudo baseado nos princípios das ciências naturais.
— Filipe respondeu automaticamente. — Basicamente um biomédico distingue e estuda novas doenças, e também pesquisa por uma cura ou tratamento.

— Interessante. — Ana disse surpreendida. — Isso pode ser bastante útil. Se conseguirmos ler e entender esse livro, podemos descobrir como o que transformou os mortos em vivos funciona e até mesmo fazer uma cura! — Ana Clara terminou super animada.

— Mas antes de tudo precisaríamos de um laboratório. — Filipe rebateu cortando o entusiasmo da adolescente. — Sem isso não adiantaria muito ler esse livro. Além do mais demoraríamos anos para descobrir uma cura.

Do que adiantava eles terem todo aquele conhecimento sobre biomedicina naquele livro, mas não terem os equipamento necessário? A cidade de Gramado não havia nenhum laboratório, a não ser aquele subterrâneo secreto, mas que estava infestado de zumbis.

— Precisamos achar um laboratório urgente. — Gabriel disse.

— O mais próximo é o de São Paulo — Liv falou. —, e ir até lá é morte na certa.

— Tem o de Palmas também. — Filipe sugeriu.

— Muito longe. — Thiago repreendeu.

— Mas não temos outra opção. — Lipe rebateu.

— Vocês conhecem algum laboratório na Argentina? — Rodrigo perguntou. — Só alguns kilômetros e atravessamos a fronteira.

— Não. — vários adolescentes responderam ao mesmo tempo.

— O que precisamos é passar a noite em algum lugar. — Abby, que até então estava calada, se pronunciou. — Já está escurecendo.

— Mas onde descansaremos? — Liv perguntou.

— Não sei. — Hanna respondeu. — Gabriel, continue dirigindo. Talvez achemos um lugar.

Gabriel fez o que Hanna havia pedido, e continuou dirigindo pelas ruas da cidade. Uma hora ou outra, mortos-vivos tentavam avançar contra o carro, mas como eram lentos e lerdos acabavam ficando para trás.

— Espera, espera. — Ana Clara disse apressada, e Biel começou a diminuir a velocidade. — Podemos ficar nessa prisão por uma noite. — sugeriu e apontou para o local.

— É uma boa ideia. — Gabriel falou encarando o céu pelo vidro da janela. Já estava num tom de aul bem escuro e a lua entrava enquanto o Sol sumia pelo horizonte.

— Hudson, desce comigo para abrirmos o portão. Deve estar aberto. — Thiago pediu e Hud assentiu.

Os dois desceram do carro. Encararam aquela prisão. O local era de um tamanho médio com um muro bem grande ao seu redor. Thiago se aproximou do portão e checou se estava trancada. Felizmente não. Provavelmente quando o apocalipse começara, alguns prisioneiros saíram desesperados.

Hudson, usandos suas mãos, fez força para puxar o portão, liberando espaço para que Gabriel entrasse com a Hilux. O adolescente estacionou o veículo enquanto Thiago fechava o portão.

Os sobreviventes adentraram à prisão. Na primeira sala, havia uma recepção com cadeiras de espera e uma bancada para atendentes. Ao lado desse cômodo, existia a sala do delegado e mais ou fundo, depois de alguns corredores, começava a aparecer as celas onde ficavam os presos. No meio daquela prisão, havia um grande pátio com teto aberto e um refeitório para alimentação dos condenados. Tudo parecia em perfeito estado, pois o portão super resistente e o muro com rede de cerca de arame farpado fortificava e impedia a entrada de zumbis.

— É bom ficarmos nas celas. — Ana Clara sugeriu. — Lá é mais quente e não sentiremos frio. — justificou.

— Peguei as chaves. — Filipe avisou.

Andaram tranquilamente até chegarem na entrada das celas. Liv acendeu as luzes do local, e se revelou um grande corredor, com celas do lado direito e esquerdo, e um lugar precário e em péssimas condições. As grades, antes de uma cor clara, já estavam ficando mais escuras.

— Ei vocês! — os sobreviventes ouviram algumas vozes meio roucas.

— Nos tirem daqui, por favor! — outra voz implorou.

Os adolescentes seguiram o som das vozes e descobriram que era emitidas por dois homens prisioneiros, que tinham suas liberdades privadas pelas grades da cela.

Um dos presos segurou-se nas grades. Ele não possuía tantos músculos, e tinha uma aparência bem magricela.

— Tira a gente daqui! — clamou olhando para seu parceiro de cela, que estava nas mesmas condições que ele.

— Como saberemos se são confiáveis se estavam presos? — Liv perguntou.

— Os tempos mudaram. — um dos presos respondeu. — Aliás, meu nome é Diego e o dele é Rafael. — apresentou-se.

— Como sobreviverem esse tempo todo presos aqui nessa cela? — Gabriel perguntou desconfiado.

— Comendo baratas, formigas, grilos, moscas. — Rafael, o outro prisioneiro, respondeu.

— Vamos nos reunir e decider em grupo. — Thiago disse e se dirigiu à um cantinho, longe dos presos, sendo seguido pelos outros.

De dentro da cela, bloqueados pela grade, Diego e Rafael ouviram apenas cochichos rápidos e apressados. Alguns segundos depois, a reunião acabou e o grupo se desfez e cada um dos sobreviventes se aproximaram da cela.

— Não temos certeza se são confiáveis. — Rodrigo começou. — Nós vamos dormir quando acordamos pensamos no que fazer com vocês. — terminou e os presos bufaram de raiva. Pensaram até em implorar mais, mas achavam que não fariam os adolescentes mudarem de ideia.

Todos os sobreviventes, portanto, dirigiram-se para uma cela para poderem dormir. Não era as melhores condições e nem seria a melhor noite deles, mas aquele local era mais quente e não passariam frio.

Filipe escolheu uma cela ao lado da dos prisioneiros Diego e Rafael. Deitou-se numa cama — super desconfortável, diga-se de passagem — e, sem perceber, deixou que as chaves caíssem na cela ao lado, permitindo-as que ficassem livres para Diego e Rafael.

Epidemia Zumbi - SobreviventesWhere stories live. Discover now