Capítulo VII - De tudo restou o pó...

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__Baixa Liquidez, baixa...

E ficava repetindo isso irritantemente diante de Ellsworth, enquanto isso, o empresário olhava mentalmente a previsão do tempo, mas seu semblante já não era mais tão confiante. Lehman prosseguia demonstrando sua impaciência:

__Você é um bipolar na fase maníaca ou o quê?

__Talvez.

__Sim, porque a maneira pela qual você lida com negócios é típica de um bipolar na fase maníaca ou de um pré-adolescente...

__Lucro de três milhões de dólares em uma semana...

Lehman colocou os cotovelos sobre a mesa de reuniões e disse fixando o olhar em Ellsworth:

__Você acha que nós não sabemos o que você está fazendo com esse fundo?

__Bem... – Emendou desta vez olhando para o teto – Acho que não...

Lehman teve um pequeno acesso de raiva, mas logo inspirou profundamente e disse:

__A fábula a Galinha dos Ovos de Ouro não lhe remete a alguma coisa?

O empresário esboçou um sorriso e disse olhando sem constrangimentos para o sócio:

__Não sei exatamente como você e talvez algum grupinho de investidores podres estão desviando dinheiro do nosso fundo...

__Fundos de alto risco são passíveis de rentabilidades negativas...

__Explique isso aos meus investidores...

__Perfeitamente.

__Você não entendeu Ellsworth – Lehman prosseguiu arrumando seu terno e depois dizendo de modo ameaçador – Ou uma rentabilidade positiva considerável, ou você deverá novas explicações ao FBI...

__Por que o FBI?

__Quem mandou organizar novamente um esquema em âmbito federal...

Ellsworth fechou o semblante, pela primeira vez em tempos não apresentava seu habitual sarcasmo. Teria de mobilizar pelo menos cinco milhões de dólares para escapar das denúncias: Mas, por que não encará-las? – O empresário suspirou: Acho que estou ficando velho... – Por fim, retirou-se da sala sob o ultimato de Lehman:

__Nos vemos daqui a uma semana. – E emendou sorrindo – Passar bem Sr. Ellsworth.

O empresário ergueu disfarçadamente o terceiro dedo da mão direita para Lehman enquanto já adentrava um corredor de mármore e seguia em direção ao elevador, talvez pudesse fugir para algum país distante, mas sabia que seu cérebro estava sendo monitorado. Teria de devolver o dinheiro e novamente ir à falência.

Enquanto uma carreira branca, da espessura de um dedo, era delicadamente disposta sobre a mesa, o empresário calculava quanto ficaria devendo para conseguir os cinco milhões de dólares. Garrafas de whisky se acumulavam sobre a mesa de centro espelhada e as paredes de vidro do prédio refletiam apenas seu desespero. __Por que as pessoas são tão estúpidas? - Questionava Ellsworth: __Não há espaço para empreendedores de verdade nesse país... Aspirou aquela mistura de felicidade e desespero, seu coração já não parecia mais tão apto a receber tal mistura. Por um momento pensou estar sofrendo um ataque cardíaco. Suas narinas sangravam, seu corpo suava...




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