SINA DEINERT.
Essa última semana até que foi bem tranquila. Urrea não estava tão insuportável assim.
O bom é que as alianças ficaram prontas dois dias antes que o combinado, então vamos buscar elas hoje, quando Urrea chegar do trabalho.
Acabei de arrumar as meninas e elas estão assistindo TV enquanto Jacob não chega.
Alguns minutos depois Urrea entrou pela porta e veio até nós, que estávamos sentadas no sofá da sala.
- Só vou trocar de roupa - Me deu um selinho e eu assenti.
Ele deu um beijo na testa das meninas e subiu para seu quarto. Poucos minutos depois ele desceu as escadas novamente e nós três nos levantamos.
Entramos no carro e Urrea foi dirigindo até o shopping segurando minha mão.
Como estava com um pouco de trânsito, acabamos demorando um pouco mais para chegar.
Entramos na loja e logo em seguida a atendente voltou com uma sacolinha com a caixinha de alianças dentro.
Assinamos os últimos papéis e fomos embora.
- Será que elas ficaram mesmo boas? - Perguntei para Urrea quando chegamos em casa.
- Abre aí - Nos sentamos no sofá.
Tirei a pequena caixa vermelha de veludo que estava dentro da sacola e abri com cuidado.
Meu coração se acelerou quando eu vi aqueles anéis prateados juntos. Não pude evitar o sorriso e me segurei muito para não chorar.
As alianças eram realmente muito lindas, do jeito que a gente viu na loja.
Peguei a menor que era minha na mão e comecei a olhar. Urrea também pegou a dele.
Soltei um sorriso bobo quando li o nome "Noah Urrea" escrito com uma letra delicada na minha aliança, mas por sorte ele não viu.
- Então vamos lá, não é? - Urrea disse e colocou a aliança na mão errada. Dei risada.
- Estamos casados? - Continuei rindo.
- Tem diferença de mão?
- É óbvio Urrea - Tirei a aliança de seu dedo e coloquei no certo - Pronto.
Suspirei antes de colocar a aliança em meu dedo também. Coube certinho.
Olhei para Noah e ele também estava observando sua aliança.
- Isso é tão estranho - Finalmente olhou para mim.
- Nem me diga.
- Chamei os meninos para cá - Mudou de assunto - Para não precisar ir até a boate, sabe? - Assenti - Quero contar para eles sobre Nicole e sobre nós.
- Vai contar que é falso?
- Vou. Eles sabem guardar segredo.
- Tudo bem então.
Nour e Sofya me chamaram do andar de cima então eu subi. Acabei brincando com elas por um bom tempo, mas logo as duas se cansaram e foram assistir TV em seu quarto. Desci novamente as escadas e quando cheguei na sala a campainha tocou, fui atender.
Abri a porta e Krys, Lamar e Bailey estavam lá.
- Você está morando aqui agora? - Bailey perguntou já entrando em casa - Agora é só você que atende essa porta.
- Oi para você também, Bailey - Sorri.
- Sina? - Krys pegou na minha mão com a aliança e me olhou confuso.
- Por que está segurando a mão da minha namorada? - Urrea apareceu e nós rimos.
- O que?! - Os meninos perguntaram juntos.
- Pois é - Fingi arrumar meu cabelo, apenas para mostrar minha aliança - O que achou, Krys?
- É linda - Se enrolou um pouco - Mas Urrea?!
- Vamos para a sala, eu explico melhor.
Fomos para a sala e nos sentamos no sofá, fiquei ao lado de Urrea.
- O que está acontecendo? - Lamar perguntou mais confuso que todos.
- Eu achei que vocês eram burros, mas não ao ponto de não saber o que significa uma aliança no dedo - Falei brincando, mas eles levaram a sério.
- Mas foi do nada? Que eu saiba, Urrea não ama nenhuma garota nesse sentido - Bailey cruzou os braços.
- Vá direto ao ponto, Urrea - Pedi.
- Eu talvez possa ter engravidado Nicole, pelo menos é isso que ela diz.
Os meninos se olharam extremamente surpresos, boquiabertos.
- Mas pode ser mentira. Nicole não é nada confiável e vocês sabem muito bem disso - Acalmei um pouco eles.
- E o que o namoro de vocês tem com isso?
- Bom... Vocês conhecem minha mãe, tudo tem que ser certinho para ela - Urrea fez uma pausa - Então provavelmente ela iria querer que eu me casasse com Nicole, e eu não quero que isso aconteça nem morto.
- Acho que ninguém gostaria disso, Nicole consegue ser insuportável quando quer - Os meninos tiraram sarro e eu tive que rir.
- Então resolvi fingir um namoro, porque se Sina falar que me ama para a minha mãe, dona Wendy não vai querer partir seu coração falando que eu preciso casar com Nicole. Até porque minha mãe ama muito Sina Deinert para fazer isso.
- Então é tudo falso? - Eles continuaram sem entender.
- Sim - Respondi com um aperto no coração.
- Certeza Urrea? - Krys perguntou para Noah e ele o olhou feio.
- Bom... É isso - Me levantei - Eu continuo sendo a babá, então tchau - Fui andando até a escada.
- Ei! - Escutei a voz de Urrea brigando com os meninos, mas eu já estava longe - Não é só porque é um namoro falso que vocês podem olhar para o corpo dela!
Apenas revirei os olhos e fingi que não escutei nada. Subi para o quarto das meninas e elas já estavam dormindo. Desliguei a TV e cobri elas, acariciei seus cabelos antes de descer para a sala novamente.
Quando eu cheguei na sala, os garotos já estavam saindo. Fui até eles.
- Vejo vocês amanhã no trabalho - Escutei Urrea falar e fiquei confusa.
- Vocês trabalham juntos? - Eles assentiram - Por que nunca me contou? Perguntei para Noah.
- Você nunca perguntou - Revirei os olhos - Qual é? Aonde achava que tínhamos nos conhecido?
- Sei lá, naquela boate talvez...
- Urrea que nos levou para um mau caminho - Eles riram, mas Urrea se manteve sério.
- Já encheram o saco de mais, não acham? - Urrea foi grosso - Tchau - Fechou a porta na cara deles.
- Urrea! Tenha modos!
- Aonde estão as meninas? - Fomos até a sala.
- Dormindo - Respondi normalmente.
Urrea se sentou no sofá e me puxou com força, fazendo eu me sentar em seu colo. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele atacou meus lábios com um beijo feroz, me assustei no começo, mas logo depois retribuí com a mesma intensidade.
Ele apertava minha coxa com força enquanto sua outra mão deslizava pelas minhas costas, por baixo da minha camisa.
Noah desgrudou da minha boca somente para começar a beijar meu pescoço. Joguei a cabeça para trás e fechei os olhos.
Mas eu me afastei logo em seguida, sem sair de seu colo. E Urrea me olhou confuso.
- O que foi?
- Olha a hora - Apontei para o relógio da sala - Seus pais já devem estar chegando.
- Vamos contar hoje, não é?
- Não sei Urrea... Estou nervosa.
- Você sabe que eles te adoram, não sabe?
- Sei, mas mesmo assim.
Fomos atrapalhados pelo barulho da porta se abrindo. Sai rapidamente do colo de Noah e me sentei ao seu lado.
Olhamos um para o outro e suspiramos, nenhum dos dois estavam prontos para essa conversa.
- Olá queridos - Wendy entrou na sala.
- Oi - Respondemos juntos.
- Eu vou subir para o quarto, boa noite para vocês - Ron falou e ia subindo as escadas.
- Pai! - Urrea chamou e Ron voltou para perto de nós - Quero conversar com vocês... na verdade, nós dois queremos - Urrea estava tão nervoso quanto eu.
- Aconteceu alguma coisa? - Os dois se sentaram no sofá a nossa frente - As meninas estão bem? - Wendy perguntava preocupada.
- Sim, elas estão ótimas - Falei a acalmando - É sobre outra coisa.
- Podem falar.
- bom... Eu vou direto ao ponto - Urrea foi direto e pegou na minha mão - eu e a Sina estamos namorando.
- O QUE?! - Perguntaram juntos.
- Espero que não tenha nenhum problema - Falei envergonhada.
- Mas é claro que não - Wendy sorriu - Eu só não estou acreditando. É tão bom ter uma pessoa igual você como nora, Sina Wendy me abraçou fortemente.
- Espero que vocês dois sejam muito felizes juntos - Ron se pronunciou enquanto abraçava Urrea.
- Muito obrigada Sina, além de você mudar meu filho para melhor, agora está em um relacionamento com ele. Você simplesmente entrou em nossas vidas e melhorou tudo por completo, você é uma pessoa incrível e tenho certeza que Urrea te ama muito - Wendy falou baixo para somente eu ouvir e eu sorri.
Tudo estava tão bom, que eu até esqueci que tudo isso é de mentira.
Acabamos conversando mais um pouco e depois de um tempo Urrea me acompanhou até minha casa, como sempre fazia.
- Quer vir aqui amanhã? - Perguntei para Noah após chegarmos em frente a minha casa - Para conversar com a minha mãe.
- Pode ser.
- Então tchau - Lhe dei um selinho rápido - Me liga mais tarde.
- Um selinho? Só isso Deinert? É isso o que tem a oferecer? - Fez beicinho - Acho que eu mereço mais, não acha? - Me puxou pela cintura.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Urrea se aproximou mais de mim e começou um beijo lento que eu fiz acabar rápido.
- Boa noite Jacob - Sorri.
- Boa noite, amor.
Meu coração se acelerou e senti que fiquei extremamente vermelha de vergonha. A felicidade que eu estava sentindo nesse momento não pode ser explicada com palavras.
- A-amor? - Gaguejei e ele riu.
- Não gostou? Quer que eu pare?
- Não, claro que não - Falei rápido - Pode continuar, eu não me importo. É só que eu não tenho nenhum apelido carinhoso para você, sabe?
- Não precisa disso, pode continuar me chamando de Urrea.
- Tudo bem então - Dei de ombros - Tchau Jacob.
- Tchau Sina.
Entrei na minha casa e guardei minha nova aliança no bolso, para minha mãe não ficar sabendo de nada antes da hora.
Subi para o andar de cima e fui até o quarto da minha mãe, onde ela estava deitada com minha irmã. Deitei ao lado delas e ficamos conversando e rindo por um bom tempo.
Quando minha irmã foi dormir, avisei minha mãe que Urrea viria aqui amanhã.
Ela estranhou um pouco, mas deixou.
Fui para meu quarto e fechei a porta.
Guardei minha aliança em um porta jóias que eu tinha e fui tomar banho.
Logo quando eu liguei o chuveiro, meu celular que estava na pia tocou. Atendi.
- Você tem esse dom, não é? - Foi isso que eu disse em vez de "alô".
- De te seduzir? Sim, eu tenho.
- Amor próprio é tudo, continue assim, faz bem - Brinquei e ele riu.
- Que dom estava falando?
- De me ligar enquanto eu tomo banho.
- Talvez isso seja um sinal, não acha? - Perguntou em um tom malicioso.
- Talvez, quem sabe... - Brinquei e ri - Posso tomar meu banho em paz e depois eu te ligo?
- Como quiser.
- Não vou demorar muito, prometo.
- Assim espero, tchau - Desligou.
Deixei meu celular de lado e voltei a tomar meu banho. Depois de alguns minutos eu saí, e quando eu ainda estava me secando, liguei para Urrea.
- Boa noite, namorada - Atendeu e eu sorri.
- Boa noite, namorado - Rimos.
- Tenho certeza que esse banho não foi tão legal quanto os que nós já tomamos juntos.
- Com certeza não foi, mas pelo menos nesse eu consegui tomar banho de verdade.
- Acho melhor nós pararmos com essa conversa antes que eu invada sua casa para te ver.
- É... Vamos mudar de assunto - Terminei de me secar e voltei para o quarto.
- Conversou com a sua mãe?
- Sim - Comecei a me vestir - Você pode vir aqui amanhã para conversar com a sogra - Ri.
- A sogra é legal, já falei várias vezes com ela - Disse normalmente, até estranhei.
- Ela também gosta de você.
- Acha que vai deixar a gente namorar?
Minha fama no bairro não é das boas.
- Eu já expliquei várias vezes para ela quem você é realmente, e não o que roda na boca do povo.
- Ótimo então, te vejo amanhã.
- Sabe o que falta.
- Vou pegar o livro - Fez uma longa pausa - Duvida da luz dos astros,
De que o sol tenha calor,
Duvida até da verdade,
Mas confia em meu amor.
- É lindo, mas é pequeno.
- Sabe quem é o autor, não sabe?
- William Shakespeare, é claro.
- Bom, então boa noite.
- Não, Urrea - Fiz voz infantil - Me diga outra frase, por favor.
- Tudo bem - Suspirou - Uma carícia, um sorriso, um ouvido atento, um elogio sincero. Um mínimo ato de amor tem o poder de transformar uma vida.
- Seu sorriso é a coisa mais linda que eu já vi - Sorri sozinha.
- É porque você é o motivo dele - Sorri de orelha a orelha - Boa noite minha pequena.
- Boa noite Jacob - Desliguei.