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NOAH URREA

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NOAH URREA.

    Está bem, eu não aguento mais.

    Já se passaram duas semanas desde o dia que eu me desculpei com Sina, ou seja, duas semanas que eu não sinto o gosto da boca de Sina e que não sinto o seu toque. E isso está me matando.

     Eu sei que eu disse que não estou apaixonado por Sina, mas eu estou sim começando a me apaixonar por ela, querendo ou não.

     Mas pode ter certeza que eu vou negar esse sentimento para todos até o fim, inclusive para mim. Para todos eu apenas gosto de Sina, apenas gosto. Ela é legal, só isso.

      Mas eu preciso ter Deinert de volta, eu preciso da nossa relação de volta, mesmo sabendo que ela não está gostando muito de mim.

      É claro que eu não parei de sair com minhas vadias, até com Nicole eu fiquei de novo.

      "Mas não adianta procurar o beijo que você ama em outra mulher. O gosto do beijo não é o gosto da boca. O gosto do beijo é o gosto do amor."


    Eu tirei esse trecho do livro que eu peguei aquele dia no quarto da minha mãe. Toda noite eu abro em uma página aleatória e sempre vem alguma coisa que eu estava mesmo precisando ouvir.

Talvez eu ter me tocado que estava começando a gostar de Sina de outra forma tenha sido por culpa desse livro, e eu não me arrependo nada.

      Deinert saiu da minha casa faz um tempo, e hoje foi mais um dia que ela me tratou com pura frieza. Mas como eu disse antes, não estava aguentando mais.

     Então agora eu estou saindo de casa para ir até a casa de Sina.

     Talvez ela esteja dormindo e eu não quero tocar a campainha para a família inteira dela acordar.

      Dei a volta na casa dela e parei debaixo da varanda de seu quarto.

Infelizmente era alto e não tinha nenhum jeito de eu chegar até lá.

      Então peguei uma pedra e joguei na porta da sua varanda. Nada. Peguei outra e joguei de novo. Nada. Peguei outra e joguei de novo, com mais força dessa vez.

      A porta se abriu e Sina saiu de pijama e com a cara amassada, eu tinha acordado ela.

     Ficou na ponta da varanda e me olhou com dificuldade.

     - O que você está fazendo? Quer quebrar minha porta? Ela é de vidro.

     - Desculpa, é que você não estava acordando.

     - O que quer? Não vai falar "Rapunzel, Rapunzel, jogue suas tranças?" - Sorriu e eu ri também. Como eu senti falta desse sorriso.

     - Vim recitar um texto inspirador.


   - Você veio o que?

     - Eu achei um livro que você ia adorar. Está cheio de textos e frases, vim falar um para você.

     - Uma hora dessas? - Assenti - Então vai lá, me conte.

     - "Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer, você só me ensinou a te querer e te querendo eu vou tentando te encontrar, vou me perdendo buscando em outros braços seus abraços perdido no vazio de outros passos do abismo em que você se retirou e me atirou e me deixou aqui sozinho. Eu preciso de você novamente, eu preciso dos teus beijos e abraços, preciso do seu toque. Não adianta, por mais que eu tente, eu não consigo te esquecer. Você marcou a minha vida. Eu tento te tirar da minha mente, tento te esquecer, mas eu não consigo. Não tem como mentir, pois está na cara, eu gosto de você demais, e tudo que eu mais queria era que você voltasse aqui e falasse que gosta de mim também. Mas eu sei que isso é só mais um sonho bobo. Pois você nunca gostou de mim e nunca irá gostar de mim como eu gosto de você. Eu gosto muito de você e só queria poder acreditar que em algum dia você também vai me gostar."

     Terminei o texto com um suspiro misturado de medo e curiosidade. Sina sorriu e respirou fundo.

     - "Quem é aquela dama, que dá a mão ao cavalheiro agora? Ah, ela ensina as luzes a brilhar! Parece pender da face da noite como um brinco precioso da orelha de um etíope! Ela é bela demais pra ser amada e pura demais pra esse mundo! Como uma pomba branca entre corvos, ela surge em meio às amigas. Ao final da dança, tentarei tocar sua mão, pra assim purificar a minha. Meu coração amou até agora? Não, juram meus olhos. Até esta noite eu não conhecia a verdadeira beleza." - Ela falou ainda sorrindo.

      - Desculpa, eu não entendi - Falei envergonhado.

      - William Shakespeare - Fiquei confuso - Trecho de Romeu e Julieta, estamos parecendo eles.

      - Eles não tem um final muito feliz, não é mesmo?

      - "A verdade é que não existem finais felizes, só tem final feliz a história que já acabou. E eu acredito que as histórias boas nunca terão um final, pois nunca vão acabar."

     - Tocante, como sempre - Sorrimos.

     - Eu só não abro a porta para você porque minha mãe está na sala.

     - Tudo bem, amanhã nos vemos.

     - Me diga algum outro trecho do seu livro antes de eu voltar a dormir, por favor.

      - Não vejo a hora de poder te ver novamente e te encher de beijos e carícias. Queria tudo isso que em você existe, porque jamais encontrei em outro alguém. Aos poucos você foi se tornando fundamental em minha vida, pois vejo o pouco que eu era antes de encontrar você. Nunca me senti tão seguro em outros braços, e a cada momento não penso só no prazer presente, mas penso principalmente em momentos agradáveis onde haverá vida e lembranças para anos futuros. Eu vou lutar por você, não vou desistir nunca!

Ela sorriu de orelha a orelha e bocejou .

-Boa noite princesa cor de rosa.

      - Boa noite Urrea. Sinta-se beijado.

      - Sinta-se beijada.

      Sina sorriu e entrou para seu quarto, fechando a porta de vidro e as cortinas que me impediram de vê-la.

      Sai dos fundos da sua casa e fui andando até a minha com uma felicidade enorme que eu jamais senti no peito, até estava sorrindo sozinho.

      Entrei no meu quarto em silêncio para não acordar minha família e me joguei na cama, mas antes de apagar a luz e dormi, peguei meu livro na cabeceira da cama e abri em uma página aleatória.

      "Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio."

      O autor dessa frase é nada mais, nada menos que William Shakespeare. As vezes a coincidência é tão forte que eu me assusto.
     

A  babá |•ɴᴏᴀʀᴛ ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴛɪᴏɴWhere stories live. Discover now