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NOAH URREA

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NOAH URREA.

Eu chorei tanto na noite passada. Eu simplesmente odiei a relação que eu e Sina estávamos tendo.

Se ela deixou de escutar meus textos inspiradores, é porque realmente ela está com ódio de mim, e com razão.

Eu a machuquei, e nem eu mesmo estou me perdoando, então não vou implorar para ela me desculpar, porque realmente eu errei muito, e reconheço isso.

Eu cheguei a pensar em sair para a boate e ficar com algumas garotas, mas da última vez que fiz isso, não adiantou nada. Não vou repetir esse erro novamente.

E tecnicamente, eu ainda estou "namorando" com Sina. É falso, mas para os outros não, então seria considerado traição.

Agora, eu e Sina estamos apenas em um jogo.

Eu já estou a quase uma semana sem ir para o trabalho, e estou pouco me importando. Os meninos já me ligaram preocupados por eu não aparecer no escritório faz tempo, mas eu não me senti confortável em contar nada.

De todos eles, o único que sabia que eu estou apaixonado por Sina, é Krys. Mas ele não sabe o que aconteceu, e não sabe que Sina me odeia agora.

E acho que não quero contar isso para ele.

Acabei de acordar, e não estou com força nenhuma de levantar da cama hoje, eu me sentia triste, acabado.

E minha vontade de sair da cama só diminuiu quando descobri que meus pais não vão trabalhar hoje, ou seja, Sina não vem.

Acho que fiquei na cama até às duas da tarde, apenas olhando o teto e percebendo que eu não mereço amar ninguém.

- Filho - A voz da minha mãe vinha de fora do quarto acompanhada com duas batidas na porta.

- Entra.

Minha mãe entrou no quarto e eu continuei olhando para o teto, tentando segurar as lágrimas que não escorreram ontem de madrugada.

Ela veio devagar e se sentou ao meu lado na cama, não olhei para ela.

- O que você tem?

- Nada - Olhei para ela - Por que?

- Urrea, eu conheço meu próprio filho - Pegou na minha mão - Por que está triste?

- Não é nada de mais, não se preocupe.

- Brigou com Sina? - Como ela podia me conhecer tão bem?

- Briguinha boba de casal - Fiz uma pausa - Namoro é a coisa mais difícil do mundo.

- É que você não chegou a se casar - Riu
- É mil vezes mais complicado.

- Obrigado por me fazer mudar de idéia - Ri também - Agora pode ter certeza que eu vou pensar muito bem antes de me casar.

- Então esqueça o que eu disse, quero ver você se casando - Sorriu - Acha que Sina é a mulher certa para você? Você a ama?

- Claro que sim - Respondi como se fosse óbvio.

- Me desculpe, é que você nunca se apegou a alguém assim, ainda estou com as minhas desconfianças.

- Eu não conhecia o amor, mas Sina chegou e mudou tudo isso - Sorri, e tive vontade de chorar quando lembrei que a perdi.

- O que aconteceu? Por que discutiram?

- Não foi nada - Eu não podia falar a verdade para ela - Não se preocupe.

- Já se acertaram?

- Não... Mas vamos em breve.

- Espero, não gosto de ver você assim desse jeito - Se levantou da cama - E vê se levanta logo dessa cama e vem comer alguma coisa - Saiu do quarto e fechou a porta.

Respirei fundo e tomei coragem para levantar da cama e ir até o banheiro.

Resolvi encher a banheira, ela me ajudava a relaxar em momentos estressantes como esse.

Voltei para o quarto e arrumei minha cama. Sem querer, esbarrei na cabeceira da cama e o meu livro caiu aberto em uma página. Como fazia tempo que eu não lia ele, o peguei do chão sem sair daquela página e li o texto que estava nele.

"Não tenha vergonha ou medo de dizer eu te amo , diga eu te amo hoje, pois amanhã pode ser tarde demais. Não é o tempo nem lugar nem distância, se a ama vá atrás de quem lhe deu esperanças para amar, para viver e para voar, pois aquela que lhe deu asas, nunca irá te abandonar. Talvez eu não tenha medo de dizer o que sinto por você, e sim o que você ira me responder. Quem quer, não desiste, quem ama correr atrás, quem sofre, segue em frente! Não tenha medo de dizer: - Eu te amo. Tenha medo de algum dia ter que dizer: - Eu te amava."

Fiquei pensativo por um instante. Eu simplesmente odeio esse sentimento, eu já sofri tanto com o amor.

Deixei o livro na cabeceira da cama e peguei o colar com pingente de sol que Sina tinha me dado. Era impressionante como tudo em minha vida lembrava de Sina Deinert.

Não podia ir para o quintal porque olhando a piscina eu lembrava do nosso primeiro beijo, e as espreguiçadeiras me lembravam de quando eu dei a pulseira com pingente de coração para Sina.

Não podia ir na cozinha porque lembrava de quando eu e Sina preparavámos as refeições juntos, conversando, rindo, brigando, nos beijando.

E a pior coisa era dormir. Eu sempre lembrava de todas as noites que nós passamos juntos. Seu cheiro ainda estava em meus lençóis, dela sussurrando no meu ouvido até te encontrar.

Fui até o banheiro e tirei minha roupa, entrando na banheira que já estava cheia.

Alguns minutos depois o meu celular tocou. Peguei correndo pensando que era Sina, mas desanimei ao ver o nome de Nicole.

- O que quer? - Atendi.

- Boa tarde para você também, meu amor.

- Fale logo, por favor - Não estava com paciência.

- Queria perguntar se você ainda quer fazer aquele teste inútil de paternidade com o nosso filho.

- É óbvio que quero, já disse que não acredito em você.

- Totalmente desnecessário, meu amor - Bufou - Mas já que insiste, vou fazer amanhã mesmo. Não sei quanto tempo demora para sair o resultado.

- Eu quero uma cópia do documento oficial do hospital, não acredito somente na sua palavra.

- Tá, tá - Falou impaciente - Beijo, te amo - Apenas desliguei.

Se Nicole não exitou em fazer o teste de paternidade, significa que essa criança é minha.

Eu estou querendo surtar agora, e eu estaria bem melhor se Sina estivesse ao meu lado nesse momento. Ela sempre esteve ao meu lado nos meus momentos mais difíceis. E agora eu estou sozinho.

Passei a mão na testa tentando controlar a raiva e antes de sair de dentro da banheira, soquei a parede com força, senti meus dedos arderem e sangrarem, mas essa não era a pior dor que eu estava sentindo no momento.
Me sequei e coloquei outra roupa. Desci as escadas e sentei ao lado dos meus pais e das minhas irmãs.

- Filho, você não tomou café da manhã e nem almoçou hoje. Vá comer alguma coisa.

Levantei do sofá e fui até a cozinha, pegando apenas uma maçã para comer. A verdade é que eu não estava com fome nenhuma.

No momento mais difícil, eu estou completamente sozinho. Sem nenhuma Sina Deinert para me apoiar e brigar comigo.

E agora eu só penso em desistir de tudo.

Talvez se eu morresse ninguém ia se importa nem Sina Deinert.

A  babá |•ɴᴏᴀʀᴛ ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴛɪᴏɴWhere stories live. Discover now