SINA DEINERT.
- Essa cama é mesmo horrível - Me levantei após acordar - Eu dormi muito mal.
- Eu também - Noah se levantou - Minhas costas estão me matando.
- Que merda. Você fica de mau humor quando não dorme bem, vai estar mais insuportável que o normal hoje.
- Se em vez de você ficar me xingando, vir me dar um beijo de bom dia, eu não vou ficar de mau humor.
- Deus que me livre - Fui até a porta do banheiro - Deixa eu escovar os dentes primeiro, você devia fazer o mesmo - Ele riu e entrou no banheiro comigo.
Escovamos os dentes juntos e depois de eu secar minha boca, Noah pulou em mim rapidamente e beijou minha boca.
Me assustei no começo, mas depois eu retribuí o beijo e dei passagem para as nossas línguas se encontrarem.
- Que desespero, Urrea - Falei após nós nos distanciarmos.
- Fiquei a noite inteira sem te tocar, não foi nada fácil Deinert.
- Vamos logo embora daqui, você merece tomar um café da manhã digno, e não esse do hospital.
- Vai preparar o meu café? - Me abraçou por trás.
- Não sou muito boa na cozinha, mas posso tentar - Sorri para ele - E o seu braço? Como está?
- Já disse que não dói nada - Fez uma pausa - Vamos?
- Vamos.
Um médico veio conversar com Noah sobre os cuidados que ele devia ter com os pontos que levou no braço.
A cara de tédio que Urrea estava fazendo estava super engraçada, mas segurei a risada e prestei atenção no que o médico falava, pois sei que Urrea não vai se importar com nada daquilo.
Parece que eu vou ter que ser babá de Noah também.
O médico assinou o papel de alta de Jacob e agora sim podemos sair desse hospital.
Pedimos um táxi e fomos até a casa dos Urreas. Urrea se jogou no sofá e eu cruzei o braço na sua frente.
- Que foi?
- Você vai me ajudar na cozinha, levanta daí - Ele bufou e levantou - Só vou ver as meninas, já volto.
Subi as escadas e fui até o quarto de brinquedos. As meninas estavam assistindo TV, então não deram muito caso para mim. Desci as escadas novamente.
- O que elas estão fazendo? - Urrea perguntou após eu entrar na cozinha.
- Assistindo TV - Dei pouco caso e comecei a abrir os armários - Posso fazer panquecas, café e tem algumas frutas ali - Me virei para Noah - E aí?
- Achei ótimo - Sorriu e chegou mais perto - Você fica muito sexy cozinhando Apertou minha cintura contra ele.
- Acho melhor eu começar a preparar - Sai de perto - Panquecas são fáceis, você pode ir lavando as frutas.
Ele riu e fez o que eu mandei enquanto eu preparava o resto. Urrea jogou um pouco de farinha em mim e eu revidei, mas logo depois guardei o pote de farinha para não fazermos um estrago na cozinha.
Chamei as meninas para descerem e elas comeram. Jacob me elogiou e disse que nós tínhamos que cozinhar juntos mais vezes, mesmo ele sabendo que só lavou as frutas.
Passamos o resto da tarde todos juntos assistindo um filme qualquer.
Urrea deitou sobre meu peito e acabou dormindo no meio do filme, sorri e acariciei seus cabelos enquanto o observava dormindo, ele era mesmo muito lindo.
Pouco tempo depois eu acabei dormindo também e só acordei quando Noah me deu uma mordida no ombro e eu acabei me assustando.
- Vou sair com os meninos - Se levantou do sofá.
- Posso ir junto?
- Não. Lembra da última vez que você pisou naquela boate? Não quero que isso aconteça de novo.
- Por favor Urrea, eu juro que não vou sair do seu lado e não vou usar nada muito justo ou curto para não chamar atenção.
- Não Sina - Subiu as escadas.
E eu achando que ele iria parar de sair todos os dias e começaria a passar mais tempo comigo, sem precisar de outras garotas.
Aguardei sentada no sofá e um tempo depois Noah voltou e veio até mim, se sentando ao meu lado e me olhando, mas eu só estava fixando meu olhar para frente.
- Depois nós conversamos - Deu um beijo no canto da minha boca - Tchau princesa.
Não respondi nada, mas ele saiu de casa do mesmo jeito. Fiquei sentada ali no sofá segurando as lágrimas que estavam quase caindo.
Coloquei as meninas para dormirem e fiquei sentada em uma cadeira que tinha no quarto, com a luz apagada e a porta fechada.
Escutei barulhos vindo do lado de fora do quarto e me levantei para conversar com Urrea. Estava abrindo a maçaneta, mas parei quando escutei uma voz feminina que me era familiar.
- E a babá? - Nicole perguntou para Noah.
- O que tem ela?
- Onde ela está? Rolou boatos no bairro que vocês dois estavam namorando - Escutei a risada de Urrea.
- Acha mesmo que eu estou namorando? Principalmente com Sina?
Não escutei mais nada além da porta de seu quarto se fechando.
Comecei a chorar silenciosamente, Urrea tinha acabado comigo nesse momento. Eu nem estava com forças de levantar e esperar na sala até Nicole sair do quarto de Jacob e fazer alguma piadinha de mau gosto comigo.
Deitei ao lado de Nour e comecei a chorar mais, só que sem fazer nenhum barulho, apenas lágrimas caíam.
Fiquei assim por um bom tempo e vi alguém abrindo a porta do quarto. Eu sabia que era Noah, então fechei os olhos e fingi que estava dormindo.
Senti ele se aproximar de mim e acariciar meus cabelos, segurei as lágrimas e ele me deu um beijo na bochecha.
- Boa noite minha princesa - Sussurrou e eu pude sentir o cheiro insuportável de álcool saindo de sua boca.
Minha única vontade do momento era de virar para ele e quebrar o seu nariz que nem ele fez com Josh, mas eu me segurei e continuei de olhos fechados.
Ele se afastou e eu ouvi a porta do quarto das meninas se fechando e logo em seguida a do seu quarto também.
Só depois disso eu me levantei da cama de Nour e desci as escadas, chegando na sala. Eu só queria que Wendy chegasse logo para mim poder ir embora dessa casa e passar a noite chorando na minha cama.
Esse sentimento que eu estou sentindo agora só me faz ter a certeza absoluta de que eu estou apaixonada por Noah Jacob Urrea.
E acredite, eu odeio isso. Com toda certeza eu queria amar alguém que sentisse o mesmo por mim, e não um
Noah Urrea que é o namorador mais conhecido de Los Angeles. Mas como o universo me odeia, fez tudo o ao contrário do que eu queria.
Eu estou sentindo isso pela primeira vez, e um amor não correspondido é a pior sensação do mundo que me fez lembrar de vários "textos inspiradores", como Noah diria.
"O sentimento do amor não correspondido é diferente, íntimo, impiedoso. É como jogar uma bola para o céu e ela, desafiando a gravidade, desaparecer. E é impossível não ficar ali esperando ela voltar. Viver um amor não correspondido é como ver um céu cheio de estrelas e se encantar com o brilho apenas de uma. Por mais que você a veja, sabe que nunca poderá alcançá-la. A gente só gosta do que não podemos ter... Não há dor pior que a dor de conviver com um amor não correspondido."
Eu só queria poder dividir meus pensamentos com Noah, como sempre faço. Mas dessa vez eu não posso, eu vou ter que guardar esse sentimento para mim e suportar essa dor sozinha.
Mas isso talvez não seja a pior coisa do mundo. Eu quero superar, e quero muito. Então prefiro acreditar em outro "texto inspirador".
"Amor verdadeiro não correspondido não existe, existem apenas pessoas achando que amam, ou pessoas achando que não amam. Ame-se o bastante, pra suportar quando não for amado. Ame-se o suficiente pra não esquecer um detalhe importante: Por maior que seja um sentimento, você não merece que ele te destrua. Ame-se pra ser capaz de deixar pra trás, um amor que não te leva pra frente. Não derrame uma lágrima por alguém que jamais olhará pra vc como alguém especial"
Meus pensamentos foram atrapalhados por o barulho da porta se abrindo. Enxuguei as lágrimas e fingi um sorriso para Wendy que entrou na sala.
- Boa noite querida - Me deu um beijo na bochecha - Como vai? E Noah? Ele está bem?
- Está muito bem sim - Fiz uma pausa - Na verdade, eu queria conversar com você sobre algo importante.
- Pode falar - Se sentou ao meu lado e me ouviu atentamente.
- É sobre Urrea, eu preciso te contar uma coisa que eu devia ter falado a muito tempo.
- Está me preocupando, Sina.
- Não é nada tão sério, Wendy - Sorri - Eu só queria falar que ela desobedece sua regra de não trazer garotas para cá.
- Desobedece? Desde quando? - Me perguntou incrédula.
- Quase todos os dias ele chega com uma mulher diferente - Fiz uma pausa - E isso acontece desde que eu comecei a trabalhar aqui - Suspirei.
- Então já faz meses - Sua expressão ficou triste - Por que não me contou nada Sina?
- Me perdoa Wendy. Eu queria te contar, eu juro, mas eu achei que se eu te contasse, Noah iria desistir de tentar ser uma pessoa melhor, então achei melhor guardar esse segredo.
- Tudo bem, você não tem culpa de nada - Me abraçou - Agora pode ir, obrigada por me dizer a verdade.
- De nada - Me levantei - Até amanhã.
Sai da casa dos Urreas e fui andando até a minha. Cheguei no meu quarto e me joguei na cama, afundando minhas lágrimas no meu travesseiro.
Eu não devia ter contado isso a Wendy.
Urrea iria me matar e talvez nunca mais falaria comigo.
Mas por outro lado, estou pouco me importando.