LIKE A STORM | DEGUSTAÇÃO

By autoraalexia

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Raiden Calloway era como uma tempestade, daquelas que chegam e arrebatam tudo, só deixando caos e confusão no... More

notas da autora
personagens
playlist
dedicatória
prólogo
1 | quebrando regras
2 | patética como eles
3 | uma bela desconhecida
4 | socar a sua cara
5 | essa merda dói
6 | um grande caos
7 | mais um dia de detenção
agradecimentos

8 | noite de fogueira

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By autoraalexia

DYLAN

TRABALHAR NA VINYL estava mais para um passatempo do que para um trabalho realmente. Eu adorava passar as tardes na loja ouvindo desde as músicas mais antigas até os últimos lançamentos das bandas e cantores famosos do momento, como os novos álbuns do Oasis, Green Day e The Offspring.

A loja ficava na avenida principal do centro da cidade. Lá vendíamos CDs, vinis, fitas cassetes, pôsteres e camisas de bandas, e ainda tinha uma máquina de doces e refrigerantes que eu assaltava a todo momento quando não tinha ninguém olhando.

Eu trabalharia lá até de graça se precisasse, mas apesar de ser um dos melhores lugares da cidade, a loja era pouco movimentada. Eu costumava dizer que as pessoas de Clarksville não tinham o menor senso de cultura e não davam valor aos ensinamentos e mensagens que a música passava.

Embora o pouco movimento – ou talvez justamente por causa dele –, eu gostava muito de lá. Era onde passava as tardes ouvindo músicas, com os pés descansando sobre o balcão enquanto lia as HQs que comprava na banca da esquina.

O dono da loja era o Sr. Gallagher, um cara bem legal de uns cinquenta e poucos anos que adorava música tanto quanto eu. Mais especificamente rock clássico. Mark, como gostava de ser chamado, era bem gente boa e não se importava se eu ficasse lendo e ouvindo música alta no horário de expediente. Ele sabia que os dias na loja não tinham lá muitas emoções, apenas vez ou outra alguém entrava, comprava um ou dois CDs e ia embora sem dar muita atenção para os vinis e para as fitas que nós dois considerávamos relíquias.

Naquela sexta-feira o meu expediente já estava quase no fim. Mark foi embora mais cedo e como de costume eu fiquei de fechar a loja quando desse o horário. Após trancar tudo e colocar minha mochila nas costas, atravessei a rua em direção ao estacionamento localizado há alguns metros de lá e, enquanto caminhava, um carro vindo da direção contrária buzinou para mim e parou um pouco à frente. O motorista era Chace Ecklund.

— Ei, bom te encontrar, Carter! — Ele colocou a cabeça para fora da janela e abriu um sorriso.

— E aí, Chace! — Acenei, parando de andar.

— Escuta, eu e os caras do time vamos fazer uma fogueira no Lago Oldfield mais tarde, você sabe... "para comemorar" — fez aspas com as mãos. — a volta às aulas. Aparece por lá, vai ser legal, eu estou indo buscar alguns barris de cerveja agora.

— Hum, não sei não, eu acabei de sair do trabalho, tô meio cansado.

Porcaria nenhuma, eu poderia passar a noite inteira acordado, não estava nem um pouco cansado. Eu só não sabia se era uma boa ideia ir. Realmente preferia evitar muito contato com aqueles caras.

— Ah, qual é! — Jogou o braço para fora do carro, gesticulando. — Vai ser legal, juro. Eu te apresento o pessoal e você vai parar com essa ideia de que eles são todos um bando de escrotos.

Eu ainda achava uma má ideia, mas vendo que ele não desistiria fácil, acabei cedendo.

— Certo, eu apareço por lá mais tarde então.

Chace sorriu animado mais uma vez.

— Boa, Carter! Você vai curtir, juro — afirmou antes de acelerar para a distribuidora de bebidas.

Eu me olhei no espelho umas cem vezes, parecendo um imbecil, porque quando liguei para o Eric ele ficou insistindo na ideia de que Raiden provavelmente estaria lá, e seria a minha chance de falar com ela, considerando que ela estaria bêbada e – talvez – mais acessível a uma conversa. Palavras dele.

Abberley, por sua vez, não iria, e Mackenzie também não, então eu estava sozinho nessa. Chequei-me mais uma vez após vestir a jaqueta jeans por cima do moletom e peguei meus documentos e a chave do carro antes de sair do quarto.

Meus pais estavam animados com o fato de que eu estava saindo de casa numa sexta à noite para me encontrar com pessoas da minha idade que não eram Eric e Mackenzie, por isso nem se importaram em estabelecer um horário de chegada ou qualquer outro tipo de regra – exceto pela óbvia de não beber e dirigir.

Peguei a estrada em direção ao Oldfield, que ficava há uns 12 quilômetros da cidade, e coloquei uma fita do Guns N' Roses no som do carro.

Cerca de 30 minutos depois eu já estava estacionando o meu Impala 67 no pequeno estacionamento de terra na beira da rodovia, que no momento já se encontrava cheio de outros carros. A música tocando na beira do lago podia ser ouvida dali, assim como as vozes e as risadas dos adolescentes que já estavam por lá.

Um grupo recém-chegado entrou na trilha de terra rumo à beira da água e eu os segui, enfiando as mãos nos bolsos da jaqueta e me sentindo um perdedor por estar chegando sozinho. Eu nem sabia muito bem como me portar, mas não queria parecer deslocado, então assim que passei ao lado de um barril de cerveja, peguei o copo que um cara me ofereceu, já quebrando a única regra imposta pelos meus pais. Ossos do ofício.

Parado em um canto próximo a um quiosque abandonado, dei uns goles na bebida amarga enquanto passava o olhar pelo local, tentando identificar alguns rostos. Ninguém estava na água devido ao frio; havia um grupo sentado no píer, outro próximo aos barris de cerveja, alguns conversando perto da água, e outros mais inteligentes se aquecendo próximo ao fogo.

E ela estava lá também.

Raiden Calloway.

Com suas roupas pretas, botas e meias calças. Seus cabelos estavam bagunçados pelo vento e a maquiagem borrada, numa tentativa falha de parecer menos atraente. Os olhos azuis miravam Brooke e Miranda, ela conversava com as duas enquanto segurava um copo de bebida entre as duas mãos, e eu juro que quase caí para trás ali mesmo quando seus orbes de repente encontraram os meus. Como se ela soubesse que estava sendo observada.

— Carter! — A voz de Chace, do lado oposto de onde Raiden estava, me fez dar um salto e desviar minha atenção dela. — Que bom que veio, tava começando a achar que você tinha desistido — ele sorriu, colocando a mão em meu ombro.

Chace estava bem-humorado como sempre, vestindo a jaqueta do time e segurando um copo de cerveja na mão esquerda.

— É, pois é, era isso ou passar a noite vendo Sexta-feira 13 de novo. — Dei de ombros.

Ecklund deu risada e mais um tapinha no meu ombro.

— Vem, eu vou te apresentar pro pessoal, você vai gostar deles — disse, já me puxando em direção ao local onde boa parte do time estava.

Olhei para trás enquanto me afastava, só para ter certeza de que Raiden ainda estava no mesmo lugar, e novamente o olhar dela encontrou o meu, arrepiando todos os pelos do meu corpo.

Não sei por quanto tempo fiquei ouvindo as piadas e os assuntos desinteressantes dos caras do time, que se resumiam em listar com quais líderes de torcida eles queriam ficar. Por fim, Raiden também se tornou assunto na roda, a cena do soco que ela havia dado em Brad Allan ainda estava bem viva na memória de todos, até mesmo na dos que não presenciaram tudo.

— O Allan é burro pra caralho, todo mundo sabe que quem come quieto come sempre. Tipo, ele podia estar comendo ela nesse exato momento se não tivesse aberto a boca pra todo mundo — Bryce Fletcher falou entre um gole e outro de cerveja.

Eu precisei me esforçar muito para não bufar e revirar os olhos bem na frente deles.

— Porra, Bryce, cala a boca. Você está falando da minha melhor amiga — Chace a defendeu, dando um tapa no outro.

Ele abaixou o pescoço, em reflexo ao tapa, e olhou indignado para Chace.

— Eu só estou dizendo que o cara conseguiu o que todo mundo sonha em conseguir algum dia e foi burro de estragar tudo. É um elogio a ela — voltou a dizer, fazendo os outros na roda concordarem com ele.

Chace revirou os olhos por mim e se moveu incomodado.

— Ela não é um prêmio que todos vocês acham que merecem ganhar, parem de ser escrotos, porra.

— Ah, qual é — um ruivo que eu não sabia o nome disse rindo. — Vai dizer que você nunca quis experimentar? Logo você?

Troquei o peso do corpo para a outra perna e me forcei a beber um gole de cerveja para não dizer nada.

— O que você quer dizer com logo eu? — Chace estreitou os olhos para ele.

— Vocês dois vivem juntos — o outro respondeu. — Sem falar na Miranda e na ruivinha, que são gostosas pra caralho também.

— Por crer! A gente nem julga você e o Montgomery por preferirem ficar com elas — um garoto de cabelos escuros acrescentou. — Nós também íamos preferir.

— Puta que pariu — Chace exclamou irritado. — Vocês às vezes se superam no monte de merda que falam.

Os cinco começaram a discutir e Ecklund ficou mais irritado a cada vez que algum deles dizia o quão inalcançável Raiden era e mencionavam seu irmão e a fama que ele tinha. Chace a defendeu e rebateu tudo o que falavam enquanto teve paciência, mas ao contrário dele, eu me cansei de ficar ouvindo aquele bando de imbecis externando suas opiniões escrotas e me afastei da roda.

Enquanto caminhava para longe, ouvi Ecklund mandá-los ir à merda e ele rapidamente me alcançou, colocando a mão em meu ombro.

— Porra, ainda bem que você saiu de lá, eu tava só esperando uma deixa pra vazar também — disse irritado. — Talvez eu tenha mentido sobre o fato deles não serem escrotos. Eles são, sim. Mas não sempre, só quando começam a falar de garotas — justificou.

O tempo inteiro, então.

— Eles são bem do jeito que eu imaginava — confessei, pegando outro copo de cerveja quando nos aproximamos do barril. — Mas eu tinha esperanças de que eles te respeitassem, pelo menos o suficiente pra não falarem aquelas merdas sobre a Raiden.

— É uma merda, cara. Ela é uma das minhas melhores amigas, mas também é uma das garotas mais desejadas da escola — comentou, enchendo seu copo também. — Eu faço o que posso pra não ficarem dizendo essas coisas sobre ela. Três das minhas maiores amizades são garotas, Carter, já levei muito sermão ao longo da vida quando falava alguma besteira, por isso sempre que começam com isso eu saio em defesa delas — Deu um gole na cerveja. —, só que é complicado, eles não se importam com essas coisas e não estão interessados em mudar.

— Eu sei como é, a Mackenzie é bem feminista e tá sempre falando disso também.

— Eu acho maneira toda essa história de mulheres unidas — ele sorriu mais uma vez e deu um gole na bebida. — Se as coisas não mudarem, os caras vão pra sempre se achar no direito de falar e fazer qualquer bosta que tiverem afim.

— Agora você entendeu o motivo do meu preconceito com atletas? — Lancei um sorriso para ele.

Ecklund deu risada em concordância.

— Às vezes eu esqueço que a maioria deles é daquele jeito ali.

Nós fomos caminhando até o píer e nos juntamos aum outro grupo, onde Seth Montgomery, amigo de Chace e das garotas com quem euainda não havia conversado, também estava. Ecklund cumprimentou todos na roda ecomeçou a conversar com o amigo, me incluindo no assunto e nos apresentando.Seth era mais calado e sério, mas também se mostrou um cara legal e sociável.Ali o assunto era muito mais tranquilo e divertido, sem nenhum imbecilobjetificando garotas.

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