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Ferramentas para manusear este capítulo:
Clã Beladona: Dóceis, persistentes, extrema ligação com a natureza, seu ponto fraco é o fato de serem altamente sensíveis emocionalmente.( ❀).
Clã Sombra: Analíticos, estrategistas, reservados, seu ponto fraco é a preguiça (♘).
Corneum: O frenesi de fome, durante o qual o vampiro deseja se alimentar até se saciar, geralmente acompanhado com o aumento da libído, acontece de dois em dois anos. Há inibidores.
Domínio: Uma área de influência particular de um vampiro (Reino).
Refúgio: A casa de um vampiro, onde ele encontra abrigo e proteção contra o sol.
🌱 Não esqueçam de comentar bastante e deixar a estrelinha 👉👈💛
✨🍍✨
Boa leitura!!
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— Aish! Por que minhas mãos estão suando tanto?— Jungkook questionava enquanto terminava de arrumar os últimos detalhes de sua fantasia de zumbi.
Era naquela noite o grande baile de Halloween.
Dois dias haviam se passado desde a apresentação de T.K, muitas coisas haviam aflorado em si, a maioria delas sendo questionamentos e não respostas, mas já era um caminho a se seguir. Estava tudo bem.
— Filho?!— Euisoo bateu na porta do quarto do pequeno Jeon, e aproveitando que a mesma estava com uma pequena fresta, o vampiro Ahadi adentrou o quarto após ouvir o chamado de seu rebento.
— Pai! Que bom que o senhor está aqui.— Jungkook se levantou enquanto abraçava de forma carinhosa o mais velho. Estava ansioso e estar nos braços de Euisoo lhe era fonte de calmaria, a certeza de que se estivesse ali, nada lhe seria ameaça.— nós já vamos?
— Era sobre isso que eu queria conversar com você, garotão. Teremos que chamar Namjoon para dirigir a Van, algumas finanças do reino precisam ser fechadas o quanto antes, e para isso seu pai vai precisar da minha ajuda, e como as outras crias também estarão conosco, é bom que seja alguém com tempo para buscar cada uma delas em suas casas. Você acha que consegue acordar um vampiro Sombra em torpor induzido por dois dias?
O príncipe questionou enquanto sorria arteiro, sabia como atiçar o lado competitivo de seu rebento, Jungkook de forma muito tímida, ainda, tinha dentro de si um lado sedento por superar os próprios limites, por isso em suas conquistas como cria e aluno dos Elisios, o futuro príncipe sempre estava além das expectativas, perfeito.
— Tenha certeza, pai! Eu sei como acordar o Namjoon-hyung.— O garoto respondeu ansioso, era como uma missão e ele deveria passar por ela vitorioso, sabia que no futuro muitas delas apareceriam em sua vida, em estágios ainda mais difíceis do que acordar um vampiro preguiçoso, aquilo para si seria como tirar doce de criança.
Fácil.
— Que bom que posso contar com você guerreiro!— O homem expressou sua alegria em ver o ânimo brilhar no olhos de seu filhote, e por isso não se conteve em acariciar os fios negros que eram herança de Gichan ali, naquele que era seu amor verdadeiro, seu filho, vindo de sua carne, da sua alma, do fruto da ligação incomum entre si e o marido, era tudo o que o vampiro mais desejou em seus tempos de cria, ter uma família bela e feliz.
Ele tinha muito mais.
— Então eu vou me apressar, antes que um certo Beladona apareça aqui e me puxe pelas orelhas.— O vampiro Ahadi disse enquanto se preparava para sair do quarto de seu "pequeno" sem antes é claro deixar um beijo na cria com vestes de Zumbi, seria o melhor de todos, ele tinha certeza.
— Bom...já estamos quase perto do horário, agora terei que tratar de um vampiro em torpor. Namjoon que se cuide, a cria mais geniosa está chegando.— Jungkook dizia enquanto arrumava os últimos detalhes de sua fantasia, se olhando no espelho e fazendo coreografias aleatórias que para si eram as melhores para se dançar.— Yeah!
E assim ele se encaminhou para o outro lado do castelo, onde ficava os aposentos do vampiro Sombra, sabia que não seria uma tarefa fácil, por isso tratou de levar consigo algumas ferramentas importantes, sendo estas, dois balões e uma caneta-pena, seria o suficiente.
Assim que bateu na porta do quarto, por óbvio não obteve resposta, o lugar estava limpo, sinal de que seu pai Gichan havia ordenado que o limpassem mesmo com o vampiro em torpor, coisa que não aconteceu nas outras vezes, onde como castigo o príncipe, por não ter sido informado do ato e por seu sobrinho ter induzido torpor para fugir dos afazeres do castelo, o Beladona ordenou que o deixassem sem a limpeza de rotina gerando um vampiro Sombra acordando assustado pelo calor e pela incidência de insetos atraídos pelo odor abafado do cômodo.
Seu pai sabia ser cruel quando queria.
— Bom! Como esperado ele está em sono profundo, então vamos tentar por estágios, do método mais fácil até o nível mais difícil e maldoso.— O garoto dizia a si mesmo enquanto juntava as mãos como um vilão dos desenhos, sua cabeça criando mil e um cenários e peças* para que seu hyung acordasse. — Vamos para a tentativa número 1.
Jungkook se aproximou da cama do vampiro Sombra e o chamou de forma carinhosa. Tentou ao menos 4 vezes chamá-lo pelo nome, mas o mesmo não demonstrou sinal de que estava despertando, a tentativa da cria era válida, visto que um torpor induzindo pela própria criatura tem menos efeito do que um torpor induzindo por um terceiro, era quase como um desmaio programado, os príncipes não sabiam o porquê do Sombra ter se autoinduzido, mas optaram por o deixar descansar.
Não obtendo sucesso nas tentativas de acordar o vampiro, o Jeon passou para o segundo nível, a caneta-pena. Já estava aos pés do vampiro pronto para lhe torturar com as cócegas quando por descuido a tinta da caneta manchou de forma pequena suas mãos, fazendo assim uma ideia brilhante lhe surgir.
— Hum...sempre quis saber como seria o Namjoon-hyung com pêlos no rosto. — O garoto sorriu genioso enquanto tratava de ir em direção à face do vampiro, logo procedendo em desenhar de forma cuidadosa e caprichosa uma barba, um bigode estilo Sherlock Holmes, e também de delinear as sobrancelhas como a de um vilão malvado, sua obra estava mais que perfeita.
— Hihi!! Agora que a fantasia está pronta vamos para a as cócegas.— E assim Jungkook voltou para seu antigo posto, e enquanto cantava uma música aleatória que tinha escutado com Jimin, o garoto passou a puxar com força um dos pés do vampiro enquanto no outro, a pena deslizava torturante e não foi preciso muito, logo Namjoon estava a mover o pés para longe daquela perturbação, imediatamente, depois da calmaria, retornando para o morfeu.
— Poxa! Meu pai Gichan ordenou que se o hyung não acordar hoje, o serviço de limpeza vai ser bloqueado, lalalala.— O garoto continuou a cantarolar enquanto a tortura da pena sobre os pés era mantida, e com um super bufo, Namjoon despertou se sentando sobre a cama de forma veloz e furiosa.
— Oh garoto o que você quer de mim?! — O vampiro Sombra questionou enquanto espreguiçava-se, estalando todos os ossos possíveis, dois dias de sono não eram o que desejava, talvez 3 semanas fosse perfeito, mas por enquanto, 48 horas pareciam o suficiente para se renovar.— Eu espero que seja um motivo importante, se não eu prometo rasgar todas as tuas cuecas.
— Poxa hyung, você já acordou?! Eu ainda tinha os balões infláveis pra usar com você. — O Jeon mais jovem disse com um falso semblante de tristeza enquanto sustentava nas mãos as ditas bexigas, ele realmente estava esperando que o sono estivesse mais profundo para que enfim pudesse usá-las.
Frustração.
— Jungkook...você não seria capaz de usar isso comigo... — O Sombra desdenhou enquanto decidia se valia a pena levar um castigo de Gichan por ter jogado Jungkook pela janela. No fundo era uma opção tentadora.
— Continue dormindo e você verá. Meu pai ordenou que eu viesse te acordar, ele não citou quais métodos utilizar, me dando, portanto, carta branca na escolha dos instrumentos, você não pode me acusar de dano, fiz conforme disposição da lei, no caso a ordem dos príncipes, agi também em prol da necessidade do bem comum, as crias precisam que você as busque para que todos possamos participar do baile de Halloween, e por fim, em pleno estado de necessidade pois se eu não fizesse isso, não sei o que Gichan faria com você dessa vez. Está tudo na lei Hyung, você não lembra? Art. 23 do código penal de Omelas — Não há crime quando o agente pratica o fato: Em estado de necessidade; Em legítima defesa; Em estrito cumprimento legal de dever ou no exercício regular de um direito.
Jungkook terminou seu monólogo enquanto caminhava até a escrivaninha do mais velho, para que pudesse o esperar até o momento de partida para o colégio, suas falas e comportamentos eram inconscientes, totalmente alheio ao que acontecia em si. Namjoon, por sua vez, estava beirando a perplexidade, não sabia dizer se era o sono ainda em resquícios pelo corpo e mente, mas Jungkook estava se transformando, mesmo com estudos e lições, uma cria de 13 anos não teria controle de argumentação como o moreno em sua frente. O que raios aquilo significava?
— Hyung?! Sua boca está aberta, trate de fecha-lá, e se apresse se não vamos nos atrasar. — O garoto retornou para sua áurea infanto-juvenil quase que de repente, os olhos brilhantes e incertos, e os dentes que, pelo nervosismo do que poderia acontecer naquela noite, maltratavam de forma lenta os lábios cor de pêssego do Jeon.
— Muito boa argumentação Jungkook... mas há um erro nela, lembra-se que na hora que fores disponibilizar suas cartas, não permita que o inimigo descubra dicas favoráveis a ele. Você citou o artigo de Omelas, mas no meio da argumentação trouxe uma prerrogativa favorável à eu, disse que não há crime em casos de legítima defesa. — Namjoon se levantou da cama de forma vagarosa, ainda se espreguiçando. — Eu poderia te jogar da janela com a desculpa de que agi por emoção e susto, na verdade pra ficar melhor o argumento, que tal "violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima." No caso...você.
— Na verdade não poderia, seu argumento é correto e dominante, mas até agora eu não usei o balão, não lhe provoquei injustamente. Vai fazer o quê? — Jungkook estava amando aquela conversa sem muito sentido com Namjoon, sua oratória estava melhorando consideravelmente, talvez agora a timidez o abandonasse.
Sonho.
— Vou fazer você engolir os balões. Caso resolvido. — Namjoon sorriu adorável, as covinhas doces e delicadas surgiam gentis em suas bochechas, contrastando completamente com sua fala de ameaça real.— Está nervoso por que Jungkook?
— Ah! Não é nada... minha primeira festa como adolescente, acho que fico criando expectativas.— O garoto disse enquanto passava os dedos pela caligrafia bonita de seu hyung, presente nos papéis ali, não sabia o porquê de ter palavras soltas e também não era como se isso fosse importante, bom, pareciam nomes de desenhos animados? Tinha algo sobre coiotes e seus dedos se firmaram ali, não conseguia sair do contorno daquelas palavras.
Coiote.
Coiote.
— Tsc... não crie expectativas Jungkook, vai por mim, esse baile não vai ser legal e divertido como naqueles filmes estranhos dos humanos, será monótono e chato, a única melhor parte daquilo tudo são os doces que eles distribuem, apenas. — O Sombra disse enquanto se levantava pronto para tomar um banho e voltar para o trabalho árduo que era ser Kim Namjoon. Era difícil ser ele.
— Cruzes hyung! Você fala como um humano velho e amargurado, definitivamente você é alguém que lutou na segunda guerra, tem um nome de batalha, se divorciou na década de 80 e hoje vive colocando pitacos negativos na vida alheia? — O garoto de olhos de jabuticaba, os expandiu tamanho o susto pela fala do vampiro Sombra, mais um pouco e ele arriscaria dizer que Namjoon se assemelhava com a "senhorita" Seora.
— Errou! Sou apenas um vampiro experiente, lindo, inteligente, e solteiro graças a Cosmos. — O vampiro pontuou.— A diferença entre eu e um humano é porque eu vejo a realidade, já eles criam algo para venerar como verdade absoluta. Não me compare com eles por Cosmos. — Namjoon guinchou enquanto recolhia os papéis da mesa em que Jungkook estava, era bom manter qualquer indício de guerra longe dos olhos daquela cria sagaz.
Por ora, Segurança.
— Que seja... agora se apresse, você ainda tem que buscar pelo menos 15 crias antes de partir para Daegu. — O garoto dizia totalmente distraído enquanto rabiscava um desenho aleatório sobre uma das folhas de papiro do vampiro Sombra.
— Certo! Mas antes, eu já te disse que morder o lábios assim não é bom, principalmente quando se é vampiro, as presas vão te machucar, Tsc...você está parecendo um humano de 13 anos, ansioso pra encontrar o amor em um baile comum do colegial, enquanto toca uma música antiga demais pra ser romântica no momento.— Namjoon disse devolvendo a comparação e levantando as sobrancelhas como se dissesse "checkmate." Era o terrível traço competitivo no sangue dos vampiros que faziam um ser de um pouco mais de 150 anos debater com uma de 13 anos, porque eles sabiam que não importava a idade, em cada ser morava sabedoria e todos estavam passíveis de uma boa conversa.
Principalmente crias com talentos natos escondidos.
Principalmente elas.
— Hyung...— O Jeon mais novo bufou enquanto ouvia risadinhas de provocação de seu primo. — Vai logo senão vamos nos atrasar.
— Tá, tá... — O mais velho ergueu as mãos em rendição e foi em direção ao banheiro, e tudo se silenciou, até os pensamentos de Jungkook que focaram tanto no rascunho tracejado por suas mãos sobre o papiro antigo, que tamanho foi o susto quando ouviu um grito de revolta do vampiro Sombra ecoar pela suíte. Ah...ele tinha visto o desenho da barba.
— JEON JUNGKOOK!!
[...]
Uma das características dos vampiros é a velocidade, não sabiam explicar o sentido dessa aptidão e nem se esforçavam para fazê-la. Estava tudo bem.
O vampiro Sombra estava pronto em menos tempo do que se pode imaginar, seus fios, agora platinados e com tons de cinza jaziam úmidos e bem penteados, sua energia e ânimos pareciam recarregados em seus níveis mais altos, ele estava renovado.
Aos poucos cada cria foi buscada em seu refúgio, e em um tempo célere estavam todos rumo à Daegu, em um anoitecer quente e bonito, à noite parecia convidativa.
Todos dentro do automóvel pareciam tão ansiosos quanto o futuro príncipe, as conversas paralelas e sorrisos de animação ecoavam jocosos naquele ambiente, a tendência do momento era saber qual fantasia seria a ganhadora da noite, eles sabiam que o vencedor estaria dentre eles, quem melhor que futuros vampiros para serem assustadores ?
Jungkook mesmo, não pôde esconder a admiração quando Jimin entrou no automóvel vestido de Drácula ou Eunwoo como múmia, mas dentre todos Jungkook tinha seu favorito, afinal Taehyung realmente combinava com aquela fantasia de Coringa.
O sorriso assustadoramente esticado por efeito da maquiagem causava curiosidade e dependência no telespectador, algo onde seus olhos não conseguiam desviar, verdadeiramente presos, reféns.
— Jungkookie você vai competir também? Sua maquiagem ficou genial. — Taehyung questionou o moreno, enquanto os demais amigos se distraiam em uma conversa aleatória sobre jogos. — Não me diga que essa sua roupa é de um zumbi real que vocês guardam no sótão.
O questionamento do castanho parecia de verdadeira curiosidade, seus olhos igualmente assustados e admirados corriam por todo o corpo do futuro príncipe, bom, era algo a se duvidar, o que príncipes vampiros podem ter em seus castelos como relíquia?
— Não hyung, te garanto que não temos um zumbi de estimação no sótão.— Jungkook riu da cara de assustado do Kim, o garoto era tão vidrado em sua espécie que o Jeon desconfiava que o que dissesse para Taehyung ele acreditaria piamente, sempre inocente e puro.
Olhos puros.
— Óh! Me sinto mais aliviado. Bom, se existem vampiros, qual o grande passo pra existirem zumbis? — O garoto questionou como se lutasse para desvendar algum enigma socrático, e Jungkook também não entendia sobre as questões mirabolantes de seu amigo, mas admirava muito esse lado ponderado dele.
Uma criatura curiosa.
— Não se assuste com isso. — O futuro príncipe sorriu contigo enquanto garantia não ter um zumbi. — Mas me diga como você se inspirou no coringa? — Jungkook disse enquanto tocava curioso no terno roxo do castanho, era engraçado ver tudo aquilo, era como se cada fantasia ali gritasse o nome de seus respectivos donos. Jimin impiedoso e líder como o Drácula, Eunwoo analítico e resistente como uma múmia e Taehyung? Taehyung era excêntrico e imprevisível como o anti herói.
Excêntrico.
— Ah! Eu gosto de cores. Na verdade eu gosto mais da Arlequina, — O castanho cochichou se aproximando do moreno. — mas seria estranho se eu usasse uma fantasia dela na escola. Você sabe como os humanos são.
— Poxa! Seria muito legal se você colorisse o cabelo como ela, seus fios são um castanho claro, mais um pouco você fica loiro. — Jungkook sugeriu enquanto admirava os fios revoltosos propositalmente de Taehyung, ele estava demais.
— Talvez eu pinte de azul... mas acho que vou esperar crescer mais um pouco, você sabe como meus pais são com esse lance de cores. — O Kim respondeu com um muxoxo. A sociedade vampírica também tinha seus estereótipos, e um deles era atrelado à sua forma de viver, por serem sensíveis à luz, as criaturas evitavam usar cores muito fortes, davam sempre preferência pelas cores neutras e frias, tendo alguns aplicando isso em todos os âmbitos de sua vida, como no caso dos Kim's.
— Não se preocupe hyung, vamos colorir uma parede toda, cheia de cor, você vai ver.— Jungkook sugeriu alegre tentando animar seu hyung, não gostava de ver ninguém triste, muito menos seus amigos, dentro de si morava uma empatia muito grande, algo que funcionava como um termômetro, e o afetava demais ver tristeza ao seu redor, Jungkook era como um esponja, um fato cruel para com o escolhido. — Mas tem uma coisa que ficou muito boa mesmo na sua fantasia, a maquiagem, quem fez o sorriso dele?
— Fui eu. — Taehyung sorriu todo cheio de si, orgulhoso demais por sua criação. — Mamãe me entregou uma maleta com algumas tintas então eu fiz tudo, foi bem fácil, se você quiser quando chegarmos no castelo eu faço em você.
Os meninos sorriram juntos, a proposta do Kim era tentadora e na verdade, previsão clara de uma bagunça de tintas e sorrisos, e por isso as bochechas se esticavam em felicidade, existia algo mais divertido do que amigos e cores?
— Pronto! Crias banguelas podem descer. — Namjoon gritou enquanto abria a porta da Van, já havia deixado os avisos sobre o horário estabelecido e agora apenas tinha que os entregar na entrada da escola, se certificando, com atenção, de que todos estavam ali. Por isso, vestiu sua máscara e tratou de os encaminhar.
O baile estava divino. Era essa a palavra que as crias podiam dizer, tinha objetos demais, mas não era como se fosse algo ruim, na verdade as teias de aranhas, as abóboras com rostos distorcidos e esqueletos ambulantes davam um ar de descontração muito boa e que deixava todos ali encantados.
O cheiro dos doces, ainda mais nítida para as crias de sentidos aguçados, era como tortura, afinal todos queriam caçá-los e se empanturrar com eles, o momento da caça ao tesouro seria sem dúvida o melhor jogo para as crias disfarçadas de humanos.
Humanidade.
Namjoon voltou para a Van e olhou o relógio. Em menos de 4 horas teria que retornar para buscar as crias, não seria perca de tempo voltar para Busan? Talvez ele devesse aproveitar que a cidade estava agitada, festa de halloween, caninos desejando sangue da fonte, e a libido aumentando mais e mais à medida que ele se aproximava da região das boates. Era o momento onde ele não precisava escolher entre doces ou travessuras, Namjoon queria ambos. E ele os teria.
[...]
Taehyung estava maravilhado com a festa, tudo tinha um ambiente tão bom, achava muito interessante os humanos festejarem o dia das bruxas, apesar de saber que nenhum deles valorizavam elas, ainda assim, comemorar algo que se tem aversão não parecia algo comum em Busan, por ali provava ser o contrário.
Sua mão ansiosa agarrou na de Jungkook e o arrastando pelos corredores temáticos, eles iam descobrindo em cada sala um tipo de diversão, fossem as músicas que os humanos presentes ali diziam ser de "vampiros", fosse uma exposição de ossos ou histórias macabras dos humanos, a diversão não parecia ter fim e ambos os garotos não viam o tempo passar. Como se atentar ao tempo quando a vida lhe mostra um momento bonito? Não tinham tempo de esperar o tempo se esvair.
Tempo corre.
Rio selvagem.
Ao longe enquanto corriam apressados para descobrir cada atração daquela festa, Taehyung pôde ver Jimin encostado na parede enquanto um garoto desferia beijinhos nas bochechas rosadas de seu amigo.
Era ele.
— Xiii! Fica parado Jungkook, olha lá!— Taehyung puxou o futuro príncipe pelo braço e cochichou para que seu amigo também visse.
— Quem aquele com o hyung?— Jungkook fez um bico de chateação, não queria imaginar humanos perto de seus amigos, sabiam do perigo.
Não podiam arriscar.
— É o futuro namorado dele Jungkook, não se preocupe, o nome dele é Taemin, e você sabe bem, Jimin-hyung não permitiria que o humano se aproximasse se ele não confiasse.— Taehyung disse a última parte com ênfase evidente, um vampiro ou cria dizer que confiava em alguém era porque de fato essa confiança era verdadeira, de uma forma muito mais intrínseca e ampla do que no mundo dos humanos, se um vampiro sentir confiança é porque realmente aquela pessoa é merecedora.
Mas não se engane em achar que é fácil obtê-la, afinal, os traumas do passado, perseguições sem um fim, fizeram dessa espécie a mais arisca possível, traço esse que vinha de berço, por isso o comportamento do futuro príncipe em não se sentir bem vendo o amigo com o humano, o traço de se prevenir estava no sangue.
— Confia?— O moreno questionou retoricamente ainda boquiaberto, afinal era uma confiança entre um futuro vampiro e um humano, e se seu amigo o fizera, era porque realmente era verdadeiro o sentimento.
— Uhum!— Taehyung olhou para Jungkook com um sorriso cheio e quadradinho, externalizando sua felicidade pelo Park, afinal ele tinha achado o amor.— Eles estão apaixonados Kookie, estão experimentando aquilo que o T.K citou no poema.
Os olhos castanhos detiam um brilho sem igual, Jungkook sentia o coração começar a acelerar, tanto de felicidade pelo amigo mais velho do trio, quanto por saber o que Taehyung dizia, o amor é puro, o amor foi um presente lindo dado à todas as criaturas e merecia ser cultuado e entregue a agradecimento, Cosmos se alegraria.
— É sim hyung.— Jungkook sussurrou preso em pensamentos, ideias de poemas para T.K, certos questionamentos que nasceram em si em pouco tempo, ah, como ser cria era difícil, talvez o termo correto seria viver, como viver é difícil, e é por esse mesmo motivo que respirar, ter vida passando por suas narinas e contagiando todos em volta é tão excitante, o desejo que fica é saber, qual o próximo nível nesse jogo de viver?
Jungkook e Taehyung não tiveram tempo para mais questões, um som de sirene ecoou por todo o espaço anunciando que o grande momento do baile iria se iniciar. Jimin avistou os amigos de longe e em meio à correria dos alunos ele puxou Taemin pelas mãos e o arrastou para irem de encontro aos dois rapazes.
— Tae, Kook, esse é Taemin, meu...amigo.— O loirinho disse sorrindo largo, talvez o canto de seus lábios denunciando que o termo para designar Taemin de fato não era aquele, mas os amigos decidiram não comentar.— Taemin, esses são os meus melhores amigos, Taehyung e Jungkook.
— Olá, é um prazer lhe conhecer hyung.— Ambos os garotos disseram juntos, enquanto faziam uma reverência em respeito a idade do rapaz.
— Oh! Não precisam fazer reverência, se são os melhores amigos do Minnie, então são os meus melhores amigos também.— O rapaz bonito disse enquanto sorria para as crias. Se sentia um pouco nervoso por estar sendo apresentado à alguém, mas sabia que se eram amigos do Park, definitivamente eram pessoas boas.
— Vamos nos apressar pra terminar logo essa valsa dos casais, depois começa o caça-doces e eu não quero perder nenhum.— Jimin comentou animado, enquanto apresava os amigos, dando as mãos a Taemin, ah...o calor e o frio brigando para saber quem o dominaria ali, enquanto se sentia o adolescente mais sortudo do mundo, por ter o sorriso mais lindo voltado para si, amar era tão seguro.
Era?
[...]
Um incômodo. Aquilo que emanava de dentro dos âmago daquelas duas crias, e que tinha um doce gosto amargo. A distância e o medo de se separarem, mesmo que por algumas horas. No futuro não seriam afastados, não permitiriam, a amizade resistirá a tudo. Ela sempre resiste.
— Não se preocupe Gukkie. Vai dar certo, aproveite a dança, não é sempre que temos uma oportunidade assim. — Taehyung tentou confortar o amigo e disfarçar que aquilo estava tudo bem, mas mentiria se dissesse que ver Jungkook se afastar de mãos dadas com Yiso não lhe causara dores chatinhas como os espinhos das rosas dentro de seu coração.
Uma rosa no coração.
— Você gosta muito do seu amigo né?! — Amber disse perto de seu ouvido de forma inesperada, fazendo o Kim dar um solavanco em susto.
— Amber!! Por Cosmos, não me mate do coração assim. — O garoto disse enquanto tocava o peito como forma de aliviar o esforço do sobressalto. — Você estava aqui esse tempo todo? Por que não veio falar com a gente? Jungkook quer te conhecer.
— Ah! Eu estava tão vidrada nas salas de ossos antigos que perdi a hora. — A garota de fios curtos e coloridos respondeu sorrindo faceira, não conseguia conter a felicidade quando encontrava algo de seu interesse. — Mas você não me respondeu...gosta muito dele né?!
— Claro Amber. Jungkook está comigo desde quando eu era um bebê, não tenho nenhuma lembrança da qual ele não esteja envolvido, é meu amigo de alma assim como Jimin. — O garoto com fantasia de coringa respondeu lento e arrastado, amar seus amigos estava tão confuso ultimamente, mas existia amor, um ainda sem rótulos, mas vivia quente dentro de si, em suas veias, em sua epiderme. O amor.
— Quero ser tão querida quanto eles Taetae, eles são surtudos por ter você. — Amber sorriu animada enquanto agarrava nas mãos do Kim o arrastando para o salão de festas, todos os casais já estavam apostos.
Amber estava tão animada, Jimin foi o primeiro a conversar consigo, seu primeiro amigo naquele ano e hoje já estava fazendo outro amigo. A garota sempre curiosa analisava tudo em sua volta, principalmente o vínculo forte de Jungkook e Taehyung, era como uma energia nítida entre eles, mas a de cabelos coloridos não saberia catalogar aquela conexão.
Ainda não.
Para chamar a atenção do Kim, este que estava com os olhos na multidão procurando por seu amigo, com o pensamento sobre se era realmente seguro o príncipe ficar a sós com aquela humana que não emanava confiança, Amber tocou as mãos do Kim e as direcionou para sua cintura, e Taehyung notando que a dança se iniciaria, guardou sua ansiedade para depois, afinal o sorriso engraçado de Amber lhe acalmara de seus devaneios. Ela era uma boa pessoa.
— Alguém já te chamou de Alien? — Amber questionou enquanto dançavam aos tropeços no salão, rindo desenfreados de sua nítida falta de aptidão para a dança.
— Não?! — Taehyung respondeu incerto, não se lembrava com exatidão se já havia sido chamado por aquele nome. — Você já?
— Jimin e eu nos chamamos assim, eu acho tão legal. Porque no fundo eu não me sinto uma humana genuína, sabe?! É como se eu fosse um tipo diferente de humano, uma espécie rara e que não se adapta bem aqui.
— Óh! Isso seria possível? — O pequeno Kim questionou com os olhos brilhando em curiosidade, o quão fantásticos seriam os seres humanos?
— Bom! Eu gosto de acreditar que sim?! — A garota respondeu incerta. — Gosto de fechar meus olhos e pensar que meus humanos um dia virão até mim dizendo: "Nós viemos aqui por você, viemos em paz, a nave mãe levará você mais alto.
Este mundo em que você vive não é um lugar para alguém como você, vamos, deixe-nos levá-la para casa. É hora de ir. Você está infectada. Venha como você é, não tenha medo de nós, você estará protegida. Eu acho que você é um tipo diferente de humano."
A garota disse com os olhos brilhando em esperança, Amber através dos orbes de Taehyung parecia uma garota comum, ele sentia que ela só queria talvez ser compreendida, respeitada em sua diferença, ah...talvez os humanos infectados existam mesmo, os humanos diferentes, os verdadeiros e puros. Taehyung naquele momento escolhia para si, sua humana favorita.
Não muito distante dali Jungkook suava frio, a aproximação necessária para que a dança desse seguimento o assustava, mas não era como se ele tivesse tempo para decifrar aquele fenômeno em si, Yiso sempre estava a encontrar um assunto para conversarem e isso era algo a se admirar, Jungkook gostava de pessoas falantes.
Falantes como Taehyung.
— Você é tão bonito Jeon. Aposto que sua mãe deve ser uma super modelo e seu pai um homem também de muita beleza, deve ser esse o segredo da sua família, o DNA. — A garota dizia enquanto se sentia cada vez mais feliz por estar dançando com aquele garoto tão bonito, queria tanto que ele fosse seu namorado.
— Óh! Eu não tenho uma mãe. — Jungkook respondeu confuso, sabia que existia essa terminação para fêmeas com filhotes, mas não conseguia se sentir bem escondendo que sua origem era de dois homens, por que isso tinha que ter relevância?
— Jungkook, meu Deus. — A garota tapou os lábios com umas das mãos em choque pela gafe cometida. — Eu imagino que tenha sido uma perda horrível pra você. Mas não se preocupe, vamos mudar de assunto,sim?! Você já beijou alguém?
A garota disse direta e sem rodeios, o sorriso mudando a cada segundo em que Jungkook parecia mais perdido nas palavras, tímido, e desconfortável.
— Não. Eu nunca beijei ninguém. — Ele respondeu enquanto virava o rosto em outra direção que não fosse a face da garota em seus braços, enquanto a música ressoava harmônica no grande salão.
— E se aparecesse alguém querendo te beijar, você deixaria? — Os olhos da garota duplicaram sua circunferência, tamanha a expectativa em suas palavras, um garoto tão lindo como aquele, bobinho e puro, era tudo o que seu coração pré-adolescente desejava.
— Hum...se fosse alguém que eu tivesse sentimentos sim, agora se fosse diferente disso eu não garanto, mas acredito que só farei isso, beijar, depois de conversar com meus pais, eles dizem que uma conversa é necessária para que esse passo seja dado e na hora certa eles estarão prontos a me ouvir e me guiar por essa fase.
O príncipe herdeiro disse poético e sonhador, como seria ter seu coração entregue nas mãos de alguém? Qual sensação esse ato lhe traria? O que era amar?
— Hum! Entendi, mas você não tem curiosidade? Não que essa conversa com seu pai e sua madrasta não seja importante, mas não sei se você sabe, é comum os filhos fazerem isso sem que seus pais saibam, dá uma outra sensação quando é escondido. Mas não ache que estou fazendo essa proposta pra você, definitivamente não, você sabe que sou uma moça de respeito. — A menina disse "tímida" enquanto se aproximava ainda mais do Jeon, com a intenção de sussurrar sua proposta enquanto descansava sua cabeça nos ombros do colega de classe. — O que quero dizer Jungkook, é que se algum dia você querer experimentar essa sensação, eu vou estar aqui.
E com um sorriso jocoso ela retornou para o ombro do Jeon, este que se movia como se estivesse no piloto automático, com uma busca incessante para saber o que havia acontecido ali, naquele momento. E seu transe só teve fim quando ao longe ele pôde sentir o calor daqueles olhos castanhos sobre si, procurando entender a proximidade excessiva da humana no príncipe herdeiro. Jungkook vislumbrou ali pela primeira vez o olhar impotente de alguém.
[...]
O baile havia terminado bem, no encerramento, Yiso se manteve a todo momento perto de Jungkook. Ambos foram apresentados a Amber, e os quatros pré-adolescentes aguardavam silenciosos, o momento em que seus responsáveis chegariam para que pudessem se despedir formalmente. Ali, cada um tinha um pensamento diverso, mas sorriam como para disfarçar o barulho mental que os acometia.
— Jungkookie. — Yiso disse enquanto tocava ansiosa as mãos do pequeno rapaz. — Meus pais já chegaram, foi um momento muito bom esse que tivemos juntos, obrigada por ter aceitado o meu convite. — Ele se curvou em agradecimento, logo estalando um beijo rápido nas bochechas do moreno, este que petrificou no lugar, totalmente inerte e sem possibilidade de reação.
Taehyung e Amber estavam assistindo toda a cena com interrogações em suas cabeças, e o castanho engoliu mais uma vez naquela noite um gosto amargo que surgiu em suas papilas, no fundo deveria estar feliz, Jungkook estava interagindo mais com as pessoas, estava liberando suas inseguranças. É, estava orgulhoso de seu amigo.
— Eles são namorados? — Amber cochichou para o amigo, este que a olhou com o rosto mistério e límpido, a possibilidade daquilo ser uma reflexão do futuro não era descartada, por isso ele tratou de se convencer do que seus olhos captavam, "a realidade mesma que ácida, era o melhor dos caminhos." Era o que seu pai lhe dizia afinal.
— Ainda não. — Respondeu sucinto, seguido de um sorriso puro, pura mistura de sentimentos e sensações mas que no fundo eram o que seu ser emanava, como energia, como matéria que se resumia em química interna, algo que não estava acostumado, e que amargava, mas era o que lhes surgia.
Namjoon estacionou a van em frente ao colégio, seu rosto protegido pela máscara, o fazia se sentir seguro, mesmo que a olho nu, nenhum daqueles saberiam de sua origem, ainda sim, usar a máscara era como um sinal claro de afastar o seu eu daquela realidade que um dia ele ousou se infiltrar.
Não mais.
— Namjoon-hyung chegou, eu preciso ir agora, até mais Amber, obrigada por aceitar ser meu par no baile. — Taehyung fez uma reverência respeitosa e em seu ato de levantar o rosto, foi prontamente abraçado por Amber, em um gesto de carinho e felicidade.
A noite havia sido bela para os humanos.
Foi o que Jungkook pensou quando uma esponja de féu descia por sua garganta enquanto via o Kim ser abraçado por Amber, algo se reverberou dentro si, não sabia dizer o que era e não teve tempo para refletir, logo Jimin e Eunwoo estavam o puxando pelos braços para que adentrasse o automóvel.
O castanho logo surgiu ao seu lado se sentando e sorrindo como antes, como se nada tivesse acontecido, como se estivessem em um passado não tão distante onde o coração não os torturava como naquele momento.
O barulho das crias era estrondoso, talvez o açúcar dos doces tivessem surtido efeito em seu sangue, lhes dando gás e animação para a noite, todos cantavam alegres e parabenizavam Eunwoo por ter ganho a competição da fantasia mais assustadora do baile, e Jungkook resolveu segui-los na comemoração, não tinha porque se preocupar, tinha?
[...]
O Trajeto até Busan, havia sido feito alegremente, uma a uma as crias foram deixadas em seus refúgios, exceto por Jimin e Taehyung que dormiriam no castelo com o pequeno Jeon. Não demoraram e logo, estavam estacionando na longa garagem do castelo, Namjoon ainda precisaria lidar com Gichan e Euisoo, se sentia ao menos protegido por ter a teoria do Coiote consigo, isso seria o suficiente para acalmar os príncipes.
— Podem ir na frente crias, os soldados estão nos corredores. Eu preciso arrumar umas coisas aqui na van. — O vampiro Sombra mentiu enquanto fingia procurar algo no porta-luvas do automóvel.
— Certo, hyung! — Jungkook desceu animado enquanto segurava nas mãos dos amigos e corriam em direção à entrada do castelo. Drácula, Zumbi e Coringa de mãos dadas correndo como o tempo, sorrindo eufóricos e despreocupados com o futuro. Assim era definitivamente melhor.
Namjoon puxou de seu bolso o número dado pela humana que o alimentou naquela noite. Seu corneum* estava próximo e o libido, junto à sede por sangue o fez ir em busca de sangue novo. Não havia problemas em se alimentar pelo sangue enviado por Daegu, mas como explicar para os príncipes que a adrenalina é necessidade tal qual a vitae?
Tratou de fechar os olhos e retirar como prece qualquer resquício de cheiro humano de suas roupas. Não era um tipo de justiceiro que odiava os humanos, mas também não simpatizava, tentava não trazer o passado à tona, era melhor para os dois lados. O que aconteceria se vingasse o ódio que se debruçou sobre seus antepassados ? Por hora continuaria a manter contato com as presas fáceis, humanos foram feitos para algo afinal.
Objetos.
[...]
— Ah! Finalmente em casa. — Taehyung disse enquanto se jogava todo esparramado na cama do Jeon mais novo. Estava tão cansado, mesmo que estivesse acostumado com a vida dupla, com o fato de ter que esconder a própria origem, ainda assim, era cansativo se renegar e não permitir que o seu eu verdadeiro gritasse em sua forma animal. Natural.
A besta.
— Yah! Você não está em casa seu folgado. — Jimin repreendeu o castanho, logo se juntando a ele no ato de se esparramar nos lençóis macios do futuro príncipe.
Autoridade.
— É incrível como vocês são espertinhos. — O moreno comentou enquanto ia em direção ao seu closet. Pôde ouvir algumas risadas e cochichos dos amigos, eram plenos fofoqueiros mesmos.
— Yah! Jungkookie, se apresse, Jimin vai contar como foi dançar com o namorado dele.— Taehyung gritou enquanto tentava fugir de alguns tapas que o loiro o desferia, com o intuito dele deixar de ser linguarudo, Taehyung não tinha jeito...
O moreno se apressou em vestir uma camisa qualquer e foi em direção aos amigos, todos bem amontoados em cima de sua cama.
— Não fiquem falando por aí que tenho um namorado, ouviu?! — Jimin disse enquanto ajeitava a musculatura para que sentassem com pernas de índio. — Ele não fez o pedido e nem eu, então por enquanto continuamos amigos. — O loiro sorriu ladino, o brilho no olhar do Park fez os outros dois mais novos se sentirem tão eufóricos quanto, uau! Como belo era o amor, podiam sentir como a sensação era nova e boa para seu hyung, como podia a junção dos sentidos se resumirem em química interna e corações descompassados?
— Olha! Não seja bobo Jiminie, daqui pro namoro é um piscar de olhos. Mas me diga, você contou a ele? — Taehyung questionou curioso, sabia que existiam alguns humanos abraçados por vampiros, mas ainda assim era um passo delicado, e mesmo sendo uma situação particular, o parlamento deveria analisar o caso, o vampiros ainda tinha medo da miscigenação.
Não confundir.
— Não e nem pretendo. Mesmo que eu tenha um sentimento enorme por ele, e que meu deposite confiança nele, não é conveniente mostrar esse lado, um lado que não é apenas meu, mas de todos aqui em Busan. É um segredo que precisa ser protegido Tae. — Jimin disse calmo e decidido, Taemin era a razão de seu suspirar, mas vinha da espécie dele também a cicatriz de séculos que seus antepassados carregaram, não existia nada acima do amor, mas ao lado dele estava a dignidade e o Park prezava por isso.
— Eu acho que nos Elisios deveriam nos falar mais sobre isso, o amor parece bom, mas também prega peças, imagine se um de nós se apaixona e conta o segredo? Não deixa de ser algo a se preocupar. — Taehyung divagou enquanto olhava para Jungkook como uma forma de provocação, esta que passou despercebida pelo moreno, não era sequer uma ideia a se cogitar, quem mais do que o príncipe herdeiro para saber que o segredo deveria ser protegido com o corpo e a alma?
— Vou falar com meus pais, eles podem sugerir ao diretor dos Elisios. Eu me preocupo com isso também, dá pra notar que o amor surge em lugares nunca antes imaginados, por pessoas que sequer um dia olhamos de forma autêntica, Taehy está certo, existem muitas armadilhas. — Jungkook sorriu compreensivo, e Taehyung se auto condenou por refletir suas frustrações nas palavras. De fato, estava se desconhecendo.
Novo.
— Mas vamos logo pra parte que vocês têm interesse, antes que eu desista de contar. O beijo. — Jimin pegou uma almofada nos braços e a agarrou como para descontar o surto de sentimentos que o atingia sempre que lembrava de seus momentos junto à Taemin.
Sentir.
— Conta. Conta. Conta. — Taehyung bateu palmas de animação, já havia escutado sobre beijos, na escola ensinavam que era assim que o príncipe acordava a princesa dorminhoca, aos poucos que foi crescendo, descobriu que essa não era uma tática correta na hora de se acordar alguém, bom nunca havia testado, mas foi o que ouviu sua mãe dizer.
— Bom. Vocês sabem que o beijo humano é diferente dos vampiros, quer dizer, beijamos mas não chamamos de beijo e sim de contato e bom, já tive meu primeiro contato com Taemin. — Jimin disse enquanto se jogava desfalecido sobre a cama, sendo acompanhado pelos outros dois, e com pés apoiados na parede, eles estavam prontos para mais detalhes daquele momento especial vivido por Jimin.
— E como foi? É bom? — Taehyung não se continha na hora de perguntar, já Jungkook ficava calado ouvindo tudo, sua timidez diante do tema não o permitia sequer abrir a boca para questionar algo. E estava tudo bem assim, Taehyung tinha as mesmas dúvidas que si, outras até nem cogitara mas que graças ao seu amigo agora estava sabendo.
Taehyung era o melhor.
— Foi calmo. Ele me disse que beijar era bom e que eu deveria experimentar. — Jimin balançava os pés em surto pelas lembranças, Taehyung ouvia tudo atento e Jungkook ria em como seus amigos eram loucos e engraçados na mesma medida. — Então eu aceitei, ele foi muito cuidadoso e o beijo foi simples, nem mexi a boca direito, eu descobri que os selinhos deles são a melhor coisa do mundo. Ele foi muito carinhoso, depois do nosso beijo ele me beijou no pescoço e eu gostei, na verdade me senti como geleia, mas era só eu rir e ele me acompanhava também.
"Beijo no pescoço depois do primeiro contato."
Jungkook anotava tudo mentalmente, ele beijaria o pescoço ou seria beijado, algum dia alguém o amaria assim como estava acontecendo com Jimin? E se ele nunca achasse um alguém? Estaria tudo bem ser assim?
— É claro que ele te acompanharia seu bobo, toda vez que você sorrir uma fada nasce de tão perfeito que é seu sorriso. Era meu sonho ser seu namorado hyung. — Taehyung falava desenfreado de tanto felicidade pelo Park, não conseguia guardar como Jungkook, o castanho era límpido como um riacho e o futuro príncipe era profundo e turvo como um lago frio, eram peças de um quebra-cabeça audacioso.
— Prometo te esperar Taetae.— Jimin comentou enquanto ria mais ainda da cara do castanho. Jungkook que ouvia tudo, não pôde controlar um comixãozinho que o cercou na fala de seu amigo, sabia como os dois eram sem freios e viviam dizendo que iam se casar, mesmo sabendo que o amor entre eles era nada mais do que fraternal. Algo em si se movimentou. Um dia Taehyung iria se casar, seria um passo importante para ele, Jungkook não se conteve na hora de deixar a imaginação voar, e só despertou quando sentiu cócegas pelo corpo.
— Parem! Parem! — O futuro príncipe exclamou em desespero e risos, seus amigos eram impossíveis quando se juntavam, o corpo fugia daqueles dedos ágeis e as bochechas doíam de tanto esforço, crias em desenvolvimento, tempo que corre sádico.
— É a minha sentença por você viajar na mente justo na parte em que eu falo sobre Taemin e eu.— Jimin suspirou ainda cansado de segurar o príncipe, o sorriso por ver a bagunça de sua vítima era insolúvel.
— Yah! Jungkookie, esperamos tanto por esse momento, Jimin é nossa fonte de estudo, porque se desprendeu daqui seu preguiçoso.— Taehyung continuava com as cócegas e alguns tapas no traseiro do futuro príncipe que só gargalhava sem forças pra lutar.
— Eu não tenho culpa, às vezes vocês falam uma palavra e só isso é o motivo da minha mente viajar e eu me desprender daqui, não é culpa minha. — O Jeon mais novo disse já completamente esgotado. Os amigos não estavam diferente, então o trio se deitou lado a lado, normalizando as respirações e aproveitando para relaxar do dia movimentado que tiveram.
Baile, ciúmes, amizades, distâncias, segredos, ciúmes, sonhos, contato e segredos. Tudo isso soava como um fardo pesado demais para as crias, mas o que poderiam fazer? Era a realidade, sabiam que ser vampiro era viver literalmente à flor da pele, com muitos controles em suas mãos, mas também a calmaria de que apesar de tudo, ainda seriam da natureza, ainda seriam capazes. Continuariam a existir.
— O que vamos fazer? Amanhã não tem aula, temos a madrugada toda. — Jimin questionou já mais recuperado. Seus amigos quando estavam juntos não paravam por nada, e se não fosse alguma sugestão de explorar o castelo por parte de Taehyung, então seria algo relacionado à natureza vinda de Jungkook, e eles os seguia nas aventuras, eram seus irmãos e os amava tanto, Jimin era feliz por tê-los.
— Eu...Eu tenho uma ideia mas vocês precisam me prometer que não vão concordar. — O futuro príncipe disse temeroso, nunca havia feito algo do tipo, se seus pais descobrissem seria uma cria de castigo até o próximo verão.
— Prometemos! — Os outros dois responderam mostrando as palmas da mão esquerda, enquanto por trás de suas costas os dedos de suas mãos direitas estavam cruzada como forma de quebra de promessa, nunca haviam presenciado Jungkook temeroso com uma ideia, então definitivamente era boa.
— Certo...eu descobri um riacho, não é longe daqui e parece que não é visitado por ninguém, andei acompanhando a rota dos guardas e nenhum passa por perto. Mesmo que o fluxo da segurança tenha aumentado, ainda assim ninguém conhece esse tipo de refúgio. Vamos lá essa madrugada tomar um banho enquanto vemos a Lua cheia?
— Sim. — Jimin e Taehyung gritaram animados enquanto já se levantavam apressados da cama, juntando seus pertences e tirando as fantasias para que pudessem se banhar naquela noite.
Enquanto isso Jungkook os olhava boquiaberto, mentirosos prometeram que não iam aceitar a proposta sem sentido.
— Yah! Vocês prometeram. — Jungkook gritou enquanto os seguia até o closet onde estavam a buscar as roupas finas e as sungas de banho.
— Mas cruzamos os dedos na costa. Jungkookie você tem noção de que você achou um refúgio, não seja maldoso, deixe-me ver Jungkookie. — Taehyung o segurou pelos ombros enquanto seus olhos brilhavam pidões, e o futuro príncipe nem resposta tinha, o que dizer diante daqueles olhos de amêndoas apaixonantes, o ar juvenil, o moreno sentia que se o amigo pedisse uma estrela-do-mar, ele nadaria oceanos e mares até achá-la e trazê-la para ele.
Entrega.
— Vamos. — Foi o que disse como palavra final. Jungkook se certificou que Namjoon e seus pais estavam ocupados, e junto com os amigos, de sua janela eles partiram rumo o jardim, o refúgio ficava no caminho da macieira do castelo.
A noite era escura, azul, brilhante e quente, em suas mãos lanternas e toalhas, eles ouviram os coiotes cantarem distante e as corujas nas copas das árvores tentavam ocultar o som daqueles animais. O céu banhado por estrelas brilhantes e graúdas, e ela. A lua, a deusa, cheia de si, movimentando todo o universo, usando de seu poder dado por Cosmos.
O caminho foi ficando cada vez mais estreito e distante do castelo, um muro antigo, e um portão de buganvílias era tudo o que precisavam para encontrar o refúgio, e Jungkook foi o primeiro a se precipitar por entre as folhagens, os outros dois o seguiram e ali seu olhos foram bebidos pela beleza.
Era como se a lua existisse apenas para se exibir ali, um riacho raso, musgos decorando sua borda e na cauda longa do riacho azul cristalino rochas imperfeitamente cortadas surgiam, dando forma a uma suave Cachoeira, dando uma trilha sonora para aquele momento, para aquela paisagem.
O som era de um remanso sem igual, o riacho corria preguiçoso, e a Lua brilhava cheia de si. Não se ouvia qualquer ruído, as crias não ousaram falar algo, talvez a entonação das vozes quebrasse aquele encanto, e no silêncio eles se aventuraram.
Tiraram suas roupas, restando apenas a peça de banho e a bermuda nos corpos em transição, sorrisos ansiosos, adrenalina no corpo vampiro, era a felicidade afinal.
Entraram no riacho cor azul, puro e límpido, e em pensamentos agradeciam a existência da irmã água e a sua beleza, água que corria no riacho, água que corria em seus corpos. Tudo era água ali.
Sorriram, gargalharam até às bochechas adormecerem, juraram guardar segredo sobre aquele lugar, era de fato o refúgio deles. De mais ninguém.
Deles.
— Na outra dimensão eu quero ser a Lua. Brilhante, grandona... — Taehyung dizia enquanto sentados à beira do riacho eles admiravam ela. Majestosa rainha da noite, mística e fria, o frio que aquece quem dela se embebeda, o mistério de quem dela procura decifrar, lua e luar.
— Eu e Jungkook então seremos estrelas no céu, pra ficarmos bem perto da sua beleza, assim como estamos nessa dimensão. — O Park disse risonho enquanto não conseguia desviar os olhos da grande pérola no céu, era como se estivesse hipnotizado, sem forças, sem arbítrio para exercer.
— Vocês não acham que somos lua também? — Jungkook divagou enquanto tentava entender porque as manchas da lua lembravam um coelho, porque Cosmos deixaria um desenho na pérola da noite também? Qual era o significado de tudo? — Somos luas porque somos corpos iluminados como ela, somos grandes e temos fases também, em alguns momentos somos crescentes, repletos de energia, de sermos os sujeitos ativos de nossa existência, em outros momentos somos cheios e sensíveis, especiais e íntimos do sentir, temos a fase de sermos minguantes, onde refletimos sobre nossas ações e então temos dias em quem somos novos, é nesse momento onde nos renovamos e de fato mudamos, onde escolhemos recomeçar novamente o ciclo, ansiosos pro que pode acontecer, para os próximos capítulos da nossa história. A Lua é vampira porque prefere a noite, porque foge do sol, porque tem uma marca como nós, porque cultiva a solidão como nós, porque ama a natureza como nós, somos ela e ela é nós.
O silêncio surgiu de novo. O que era tudo aquilo que emanava do futuro príncipe de Busan?
Taehyung abriu a boca para dizer algo, mas a garganta não se movimentou, não conseguiu achar maneira de se expressar, o silêncio da admiração foi o melhor caminho.
— Você está certo Jungkookie, somos Lua também. — E após Jimin se pronunciar, eles voltaram a admirar a deusa da noite, se em algum momento daquele longo dia, em seus corações surgiram dúvidas e conflitos, ali a luz do sol refletida na grande pérola, os acalmou. Eram personagens da vida real esperando a próxima história enquanto cantavam pedaços do luar.
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✨Hey my little pineapples 🍍✨
OIEEEE COMO ESTAMOS POR AQUII? Kkkk sério, cada capítulo é um tipo de química interna diferente que me ocorre, juro que na parte que o Kookie fez o comparativo com a deusa lua eu fiquei assim (😲) e vcs? Concordam com ele?
Quero deixar um aviso de que algumas festas importantes estão chegando, como por exemplo o ano novo do calendário deles que ocorre cerca de dois dias depois do dia das bruxas então acredito que daqui pra frente muitos elementos religiosos irão aparecer, mas não se preocupem que eu explicarei tudinho. Por ora gostaria de deixar avisado que cada parte do universo pra eles é um fragmento da deusa (energia suprema terra ) e do deus (energia suprema sol) então vocês verão muito esse termo deusa, porque é a inclinação que eles possuem e dão graças. Lindo né?!
E aí? O que acharam do capítulo? Namjoon indo se alimentar de humanos 🤭, Taehyung e Jungkook reagindo de formas diferentes e ficando sufocados com as descobertas🤯, o que vocês acham que vem por aí? E os novos personagens? Alguém quer deixar um recado pra alguns dos 3? 🤡
Taeshin e Hobi não apareceram nesse capítulo 🤔 mas pistas (infelizmente) não deixaram de serem postas, e confesso que escrever uma delas em especial doeu fundo em mim, mas né...não posso ainda contra a energia de Cosmos.
Mas isso não é motivo pra tristeza, como o príncipe Gichan (😍) disse, eles são fortes, descendem de vampiros que enfrentaram coisas grandiosas, eles também serão capazes. (Orgulhooo)
Gostaria de dizer que a ideia da tag no Twitter foi muito boa pq posso soltar spoilers (hihihi) e também acompanhar a reação de vcs. Queridas criaturas que compartilharam memes e afins na tag saibam que vcs me fizeram rir o dia todo 😂 e já sabem né?! Printou algum trecho, ou tem um meme que te represente no capítulo ou os personagens, compartilha na #Escarlatetk eu vou sempre tá de olho ^^
É issoooo...já estou ansiosa pra voltar e nos esperem pq eu juro que vai ser lindo 😍.
BEBA ÁGUA, se amem e se preservem viu?! 💛✨💛✨💛✨
✨✨Com brilhinhos de amor e magia, Noona✨✨